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Já lhes falei, noutra ocasião, sobre os dias que se sucedem rapidamente e que quando nos apercebemos pronto, já era: o tempo passou assim, num instante. Em um piscar de olhos nos observamos com as mesmas características dos vovôs, que encantaram a nossa infância.
Pois o que me inspirou a lhes falar sobre isso foi um passeio que fiz, outro dia, aos locais onde vivi a meninice. Não posso lhes garantir tivesse sido eu um cara assim tão feliz.
Mas também não afirmo que fui um sujeito obtentor só de maus êxitos. Não, minha infância não foi diversa da de muita gente, que nasceu e que ainda vive no interior.
O que resta, muita vez, é o arrependimento pelo tempo perdido nos auês, nas quizumbas e nas incompreensões. Elas poderiam ter sido trocadas por períodos de maior alegria e conforto.
Mas enfim, o importante mesmo é que chegamos, graças a Deus, a momentos em que, ao observarmos de longe, as atitudes belicosas, nos damos conta do quanto um dia se arrependerão, os beligerantes.
“Paz e amor” pediam todos os desejosos de mundos melhores, de vizinhanças amistosas. “Faça amor, não faça a guerra”, preconizava outro refrão apaziguador.
Sim, meu amigo, mas nem tudo é possível. Enquanto os milagres esboçam-se nas proximidades, não deixamos de relembrar os velhos tempos que não voltam mais.
Feliz de quem teve infância, que pôde correr pelas ruas, brincar de “pega-ladrão”, jogar bola, nadar no rio Piracicaba, pular do trampolim que havia por lá, e nadar às escondidas na piscina do colégio Piracicabano.
Foram felizes os caras da turma que, nos cruzamentos em que paravam os caminhões, carregados com cana de açúcar, puderam apoderar-se de muitas delas degustando-as em seguida.
Você já viu alguém descascando cana nos dentes? Pois nós fazíamos isso. Hoje em dia a história é bem diversa.
Foi muito feliz quem teve infância, quem pôde brincar.
Desculpa de analfabeto é a visão deficiente. Já lhes contei que durante o curso primário eu era um dos que mais apanhava na sala de aulas.
Naquele tempo eu não sabia porque a professora descarregava em mim as frustrações daquela sua ânsia de alfabetizar a molecada.
Eu me lembro que ao copiar errado uma frase escrita na lousa, recebi um croque tão forte no cocuruto que as lágrimas brotaram inesperadas dos meus olhos.
Depois do coque a professora disse em alto e bom som para que todos da classe ouvissem:
- Seu burro, vê se aprende pelo menos a escrever o seu nome!
Quando nós não recebíamos pancadas dadas com as mãos, suportávamos o espancamento feito com uma vara de bambu, daquelas que o vizinho usava pra pescar mandis e cascudos no rio Piracicaba.
Mas mesmo assim, apanhando muito, aprendemos a ler e a escrever. Por isso, salvo motivo de força maior, não tomamos os ônibus que conduzem aos lugares que não desejamos ir.
O analfabeto, além de botar a culpa na vista ruim, justifica sua deficiência com a alegação de que tinha de trabalhar quando criança e por isso, não pôde estudar.
O ignorante pensa de forma diferente do instruído. Suas conclusões são diversas uma vez que fundadas em preceitos equivocados.
As pessoas que não têm leitura ou não conseguem escrever, não podem ter juízos críticos. Elas precisam seguir alguns balizadores para tomar as decisões. E por isso mesmo tornam-se a alegria dos políticos enganadores que as manipulam ao bel prazer.
Sem os analfabetos o panorama político em muitas cidades mudaria radicalmente. Ou melhor, com a maioria da população alfabetizada a permanência de alguns políticos, por uma vintena de anos no cargo eletivo não seria assim tão fácil.
É por isso que a muitos interessa a desorganização do ensino público no Brasil. A fórmula é fácil: quanto mais gente sem saber das coisas, melhor para os espertos que permanecem por muito mais tempo usufruindo as alegrias das maracutaias.
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