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O prefeito mágico

por Fernando Zocca, em 04.05.15

 

Telégrafo.png

 

No final da década de 1960 havia uma agência dos correios na esquina das Ruas Alferes José Caetano e 13 de Maio.
Nela trabalhava um funcionário responsável pelo telégrafo. Atrás de um guichê ele ouvia as palavras das mensagens que o remetente desejava transmitir, e manipulando o equipamento, as transmitia até a agência da localidade onde morava o destinatário.
Por volta de 1837 as comunicações por esse meio só eram possíveis graças às conexões dos pontos distantes, por fios e cabos. Mas depois do aparecimento do telégrafo sem fios houve a abolição dessa forma inicial, digamos, mais concreta.
Numa ocasião eu estava passando defronte aquela agência quando uma senhora, já bem idosa, me abordou pedindo que eu escrevesse, numa folha, as palavras que ela ditaria.
A mulher queria comunicar-se com uma parente distante e tinha ido àquele local dos correios para tal fim.
Acontece que o funcionário mandou ela escrever a mensagem num papel, que ele então a transmitiria, usando o código morse, pelo telégrafo.
Mas como ela tinha dificuldades com as palavras escritas, pediu logo pra mim, o primeiro que passava na sua frente, que as escrevesse.
Então ela começou a falar e eu a garatujar: "Neném, para com essas atrapalhações, com esses enganos todos, com essas histórias de Mandraque. Que coisa mais feia, minha filha. Não presta enganar os outros desse jeito. Tem prefeito mágico que faz sumir o dinheiro da prefeitura. Mas você pensa que ninguém vai saber? É claro que vai, minha filha. Para de sacanagem. Você precisa arrumar um marido decente, que goste de você e que tenha coragem de trabalhar para te sustentar. Cria vergonha na cara, minha filha. Olha, o povo todo já sabe desse seu negócio de ser, de dia, Maria e, de noite João. Arruma um serviço decente, minha nega. Passou o tempo da vadiagem."
Depois de grafadas as palavras no papel entreguei a ela, que logo em seguida passou ao funcionário. Quando ele viu o tamanho do texto, ficou abismado. Disse que a transmissão custaria uma fortuna, porque o valor a ser cobrado baseava-se na quantidade das palavras da mensagem.
Bom, voltando o texto para mim eu comecei a compactá-lo. Risca ali, rabisca aqui e pronto; achando que agora tudo ficaria dentro das possibilidades, passei o comunicado ao funcionário.
Mesmo assim, dizendo que a tarifa seria bem alta, ele resumiu ainda mais a mensagem da velha senhora que ficou mais ou menos assim: "Vai trabalhar, minha filha. Esse negócio de cinema não combina muito com você".
Por ter saído do lugar, durante as tratativas entre a usuária e o encarregado, não fiquei sabendo se houve ou não a transmissão do conselho.

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publicado às 13:37

Orgulho e ostentação

por Fernando Zocca, em 08.04.15

 

Barjas Negri.jpg

 

Quantas dentaduras a secretaria municipal de saúde financiaria com R$ 6.375?
Pode o meu querido leitor ter a certeza de que não seriam poucas e nem poucos desdentados, desta cidade de Piracicaba, se sentiriam tão felizes com o cumprimento da mais sigela obrigação constitucional promovida pelo município.
Essa verba toda pode vir, em pouco tempo, dos bolsos do ex-prefeito de Piracicaba, sr. Barjas Negri (foto), que foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a pagar a importância de R$ 6.375, a título de multa por irregularidades licitatórias.
As inobservâncias da lei em 2009, quando Barjas Negri (PSDB) firmava o contrato, e seus aditamentos, com a empresa Nutriplus Alimentação e tecnologia Ltda, no valor de R$ 4,6 milhões, levaram o TCE a apontar os erros em março de 2014, e aplicar as penas cabíveis, reiteradas agora, com a confirmação da sentença condenatória.
As pesquisas deficientes dos preços, exigências indevidas de supostas irregularidades fiscais, cotação de preços das frutas não condizentes com as ofertas de abacaxi, maçã ou mamão, e notas de empenho, com números iguais/valores diferentes, foram alguns dos deslizes cometidos pelo prefeito, ainda nos editais da licitação.
Note que em fevereiro de 2015 a atual administração municipal homologou o contrato com a Nutriplus no valor de R$ 18,6 milhões.
Barjas Negri ocupou cargo relevante no Ministério da Saúde, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era presidente. Na ocasião um tremendo escândalo financeiro envolvendo o superfaturamento dos preços das ambulâncias desencadeou uma operação da Polícia Federal denominada "Sanguessugas".
Houve abertura de inquéritos, instalação de CPIs, mas ao contrário do que ocorre hoje, quando os crimes dos coarinhos brancos são investigados, e os culpados punidos, o então procurador da república Geraldo Brindeiro, opinou pelo arquivamento das investigações.
Esses jeitinhos, ocultações das falcatruas "debaixo dos tapetes", nos dão a certeza de que toda a fortuna, riqueza, ostentação, orgulho, saúde e felicidade de alguns senhores políticos, só são possíveis com a miséria e o sofrimento de milhões e milhões de outros irmãos brasileiros.

 

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publicado às 15:11

Salário Modesto

por Fernando Zocca, em 05.03.12

 

 

                 Van Grogue não era calçada portuguesa, aquela obra de arte feita para ser pisada, mas a população de Tupinambicas das Linhas cria que para ser feliz deveria melindrá-lo sempre.

        Essa mania, de calcar o bêbado, nascera com a vovó Bim Latem a chefe de gabinete do prefeito Jarbas, o caquético testudo, espalhando-se ao longo do tempo e pela cidade toda.

        Eu já lhes contei inúmeras passagens sobre a tal vovô Bim Latem. Ela era fã de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira; quando entrou para o funcionalismo público – onde trabalhou durante cinco anos e já está aposentada há cinquenta -, comprou com o primeiro salário que recebeu toda a discografia dos artistas.

        Por ter o Van Grogue uma desavença com Luisa Fernanda, Célio Justinho que envolveu também o prefeito Jarbas, o vereador Fuinho Bigodudo e o deputado Tendes Trame, a vovó Bim Latem desejou, com todas as suas forças morais, poderio econômico e tráfico de influência, que o tal pingueiro fosse morar numa barrica a ser instalada em qualquer rua da cidade.

        Numa das reuniões que aconteceram ao redor da piscina de Luisa Fernanda e Célio Justinho, onde também faziam churrasco e ensaiavam as apresentações da Banda Funileiros do Havaí, a vovó teria dito sobre o futuro do Van de Oliveira:

        - Vai morar na rua entre os cães; de lá “meterá o pau” em nós e em nossas obras administrativas. Quando ouvir um sino sentirá vontade de perambular pelas vias, becos e vielas.  Esse catinguento terá muita sorte se alguém se compadecer dele e o tirar da sarjeta.

        Apesar de todo esse sortilégio lançado contra Van de Oliveira, a justiça agiu antes, tendo descoberto falcatruas imensas nas licitações da prefeitura tupinambiquense.

        Jarbas, sua mulher, Fuinho Bigodudo e até mesmo Tendes Trame, tiveram de explicar como conseguiram tamanho acúmulo de bens móveis e imóveis, com os salários modestos que recebiam.

        Para muitos a carreira política desses senhores havia chegado ao fim.

 

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O Ensaio

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publicado às 15:25

A quantidade dos votos

por Fernando Zocca, em 14.10.10

 

 

 

                                O PSDB, nestes últimos oito anos, foi o responsável pelo recrudescimento e generalização do assédio moral em Piracicaba.

 

                   Não se sabe se por ignorância, ou má-fé mesmo, esse nefasto partido permitiu a multiplicação das querelas pessoais de um jeito tal que a cidade inteira viu-se, de certa forma, neurotizada.

 

                   Ninguém duvida que o “dividir para governar” seja um dos lemas preferidos desses homens toscos, insensíveis e cruéis dessa tal instituição em Piracicaba.

 

                   Na verdade o PSDB, aqui neste local, é basicamente composto por seguidores evangélicos e espíritas, produzindo infelicidades tremendas para muita gente.

  

                   É certeiro que a intranquilização, e o incentivo constante dos cidadãos ao confronto, tenham sido formas escolhidas como “punição” para todos aqueles dissidentes não satisfeitos com as humilhações, rebaixamentos e “desobediência” às sugestões apresentadas.

 

                   Esses senhores “dirigentes” partem, nos seus raciocínios, de premissas falsas, desqualificadoras, obtendo no final, resultados inesperados.

 

                   Eu me lembro que numa ocasião – se não me engano em 2000 -  quando fui candidato a vereador por essa sigla, de ter comparecido, a pedidos, à casa da professora Carolina Thame, mãe de Antônio Carlos Mendes Thame, que ficava à Rua Boa Morte, no centro de Piracicaba.

 

                   Na casa daquela professora, hoje falecida, havia uma espécie de QG do partido, onde se providenciava algumas soluções aos integrantes do grupo.

 

                   Naquele tempo eu jamais teria a noção de que um vizinho, réu numa ação judicial proposta por mim, obtivesse a simpatia, motivada por identidade religiosa, da direção toda do partido.

 

                 Pois foi no ambiente doméstico, travestido de escritório comercial, que usando meios indiretos e velados, dando mais valor para alguém alheio ao partido, me fizeram sentir ser o sujeito mais detestável do universo.

 

                   Então posso concluir que a covardia, seja também uma característica bem relevante desse partido tosco. É óbvio que com a temporada das eleições tenha havido certo comedimento nas ações insensatas desses senhores.

 

                   Olha, não posso mais duvidar que a quantidade dos votos por mim obtidos – 30 – tenha sido parte dos “castigos” impostos a mim pela cúpula da corja.

 

                   É preciso ter muito cuidado com esse senhor Antônio Carlos Mendes Thame.

 

                       

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publicado às 01:32

Muito milho pra poucos bicos

por Fernando Zocca, em 12.07.10

                           Tanto nas idas  quanto nas permanências e voltas, os loucos da cidade cercavam suas vítimas. Era uma regra.

 

                            Os dementes compunham a seita maligna do pavão-louco e não admitiam a estadia de qualquer pessoa  discordante da política corrupta do prefeito Jarbas, o caquético.

 

                            Como era do conhecimento geral, o prefeito, seus vereadores, o deputado estadual e federal, aproveitavam-se das licitações, para enriquecerem seus patrimônios particulares. Essa verdade era mansa e pacífica.

 

                            Tanto era assim que em Tupinambicas das Linhas uma única empreiteira ganhara mais de 45 concorrências públicas, em pagamento do capital que investira na campanha, que elegeu o prefeito Jarbas.

 

                            Praticamente não havia quem não recebesse um “presente” do prefeito ou dos seus correligionários. Essa atitude evitava as queixas, as reclamações e amenizava a derrota das demais empresas que se aventuravam a participar dos certames públicos.

 

                            Participar de uma licitação na prefeitura era o mesmo que jogar com as cartas marcadas. Se o partícipe não fosse da “panela” não teria a menor oportunidade.

  

                            Era assim que essa espécie de “casta” política governava a cidade por gestões seguidas, sem que a oposição, aliás, bem fraca, tivesse qualquer chance de ocupar o poder.

 

                            Na cidade a combinação entre as religiões pagãs e a política, formava a equação usada pela gente que ocupava os cargos eletivos, por mais de trinta anos seguidos.

 

                            Dessa maneira nem as denúncias de fraudes, contra o erário público, apesar de comprovadas, conseguiam sacar dos tronos intocáveis, os vendilhões da legalidade.

 

                            O chamado “progresso material” da urbe, na verdade, não passava de oportunidade aos responsáveis, tanto políticos, quanto técnicos, para acrescentar aos seus bens particulares, parte da riqueza que pertencia à cidade.

 

                            Então, obras voluptuosas tais como pontes desnecessárias, asfaltamento de ruas já calçadas e prédios destinados às repartições municipais, eram feitas assim como nos passes de mágica.

 

                            Em Tupinambicas das Linhas não se poderia dizer, com relação às verbas públicas, serem elas pouco milho para muito bico. Na verdade, o montante do dinheiro desviado era tanto, que se podia afirmar, sem medo de cometer engano, ser muito milho pra poucos bicos.

 

                            Se não fosse mesmo assim, então como explicar as reeleições seguidas, dos candidatos miseráveis, que durante suas vidas de pobres ingênuos, só conseguiram alcançar o maior destaque, quando se tornaram professores, de cursos preparatórios de vestibulares?

 

                            Esses políticos usavam a riqueza, desviada da população, na ativação e manutenção dos mecanismos repressores aos seus críticos. E a seita maligna do pavão louco, era um desses “aparelhos”, cujos membros cercavam tanto na ida, quanto na permanência e volta as suas vítimas.

 

                            Era bastante espinhoso suportar as atitudes insanas dos corruptos da cidade.

 

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publicado às 00:33

Valendo-se dos meios escusos

por Fernando Zocca, em 27.06.10

                          

Depois de um longo tempo em que deixaram José Serra sozinho, chegou enfim o momento no qual alguém deveria se apresentar para ocupar a vaga de vice.

 

                        Na minha opinião quem mais se identifica com o PSDB é o ex-deputado Roberto Jefferson do PTB. A bagagem política que o forma é bem característica da ideologia dessa coligação.

 

                        A experiência política do senador Álvaro Dias, convocado para o posto, está longe da apresentada no currículo do doutor Roberto.

 

                        Os eleitores do PSDB só têm a agradecer por tamanho acerto na escolha. Afinal, depois de um longo tempo com o PT em Brasília, nada como voltar ao corriqueiro.

 

                        Quem desejaria aquela espécie de “reinado” petista, semelhante ao do “imperador” Hugo Chaves na Venezuela?

 

                        Eu particularmente me abstenho de votar no PSDB. Sofri na pele, na carne, as consequências dessa política equivocada desenvolvida aqui em Piracicaba.

 

                        Valem-se dos meios escusos para conseguir os intentos. As safadezas são muitas, tantas que, em determinados momentos, dá vergonha dizer-se piracicabano. Talvez cometam tantos erros por ignorância.

 

                        Entretanto, com o devido respeito, a ignorância da lei não exime a culpa.

 

                        Quem não se lembra dos escândalos licitatórios? Quem não se recorda das induções aos erros, dos engodos, promovidos pela ânsia louca de permanecer no poder?

 

                        Vale tudo pra defender o uísque das crianças: até meter nas meias, cuecas, bolsas e bolsos as pacas e mais pacas de dinheiro destinado aos cidadãos.

 

                        Da mesma forma que o sujeito acena uma cenoura vistosa diante do burro, fazendo-o  puxar a carroça, não seria enganoso dizer que acenam, aos ingênuos, com concursos públicos e a satisfação das quimeras novelescas, mobilizando-os a os elevarem aos mais profícuos cargos provedores.

                         

                         

Aviso: o blog

http://laranjanews.blog.terra.com.br deixa de publicar momentaneamente os links de jornais, revistas, blogs e outros, na capa por motivos de ordem técnica.

 

Radioamador de Ribeirão Preto (SP) ajuda vítimas no Nordeste

 

Produtor colhe 'laranja' gigante após 10 anos

 

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publicado às 18:13

Gente Assassina

por Fernando Zocca, em 15.05.10

Assassinos espíritas do PSDB piracicabano providenciaram a impossibilidade do nosso acesso aos blogs http://laranjanews.blog.terra.com.br, http://monitornews.blog.terra.com.br e outros. São os loucos medíocres que não conseguem ouvir nada que não lhes seja favorável. Essas pessoas estão no poder há décadas e ali são mantidas por força da imprensa venal e das seitas amaldiçoadas.

A riqueza que essa gente analfabeta tem provém da usurpação dos cofres da cidade, dos cofres públicos. Esses malditos possuem a saúde e o bem estar graças aos roubos que praticam. São coronéis acostumados a usar a violência moral e física para manter o que possuem.
 
Piracicaba é um dos lugares mais atrasados do mundo. A consciência dessa deficiência faz com que haja a criação de fantasias tais como "cidade das escolas", "atenas paulista" e outras tolices.
 
Quando não conseguem impedir a manifestação cultural, que não lhes agrada, pela violência física tratam logo de calá-la usando recursos escusos, ocultistas, maquiavélicos.
 
O poder público é uma fonte inesgotável de recursos que mantém a vida viciosa desses incompetentes. Eles simplesmente destroem a todos os que ousam manifestar opiniões diversas das deles.  Essa gente, gente assassina, está cada vez mais rica e opulenta, enquanto que a grande maioria permanece na miséria.
 
Pobre Piracicaba que carrega a maldição dos pajés.

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publicado às 14:08

A encalhada

por Fernando Zocca, em 05.04.10

         Emília era corpulenta, lerda, portadora de um grau de deficiência que a destacava da multidão, onde, de vez em quando, se imiscuía.

         Era uma espécie de morta-viva, um zumbi carente, que desde a adolescência não conseguira ninguém que se dispusesse a amá-la. Mas por ser assim, uma lesada, na opinião dos vizinhos, recebera o carinho de alguns médicos que se esmeravam em nutri-la, com os psicotrópicos considerados indispensáveis.

         Então Emília tinha a firme convicção de que todos deveriam ser adeptos das tais pílulas mantenedoras, também da sobriedade do seu pai, um bêbado arrependido.

         E nas reuniões festivas do bairro, se alguém destoasse das atitudes, que ela achava serem as ideais, aplicava logo a tal matrona, a etiqueta de “louco” no fulano.

         Poderiam considerá-la lelé, mas a grandalhona não era besta a ponto de portar-se de forma que a demitissem do seu emprego público. Afinal a mamata era boa e, a presença diária na repartição, dispensável.

         Por ter exacerbada a sugestibilidade Emília era usada pelos políticos, velhas raposas, assaltantes dos galinheiros públicos, na difusão das opiniões negativas sobre os inconformados com as rapinas.

         O pai e a mãe da Emília passavam também seus dias sob os efeitos das tais pílulas mágicas. Os prescritores garantiam que elas substituíam as substâncias negadas pela natureza.

         Por estar bem fofa, possuir a tez alva, e ter o corpo coberto pelos tecidos adiposos, seu aspecto bovino era inconfundível. Mas os excessos materiais faziam dela uma filantropa exímia.

         Emilia tinha casa própria e vivia com os pais aposentados, credores de vencimentos respeitáveis. As despesas eram muito menores do que as receitas mensais no lar. Portanto com as sobras dos salários e cestas básicas excedentes, ela exercia uma espécie de poder, corrompendo algumas consciências, dirigindo opiniões.

         Detendo esses atributos todos, Emilia era muito requisitada pelos interessados na manutenção ou obtenção dos cargos públicos. E isso era muito gratificante para ela.

         Era tão satisfatório saber ser querida pelo deputado e prefeito decadentes, que ela não se importava de nunca ter sido beijada ou deseja por alguém.

   

Farmacêutica e cartomante burladas por casal "amigo"

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publicado às 13:54

Não é assim que a banda toca

por Fernando Zocca, em 21.01.10

 

              Quem não sabe ser o misticismo uma ferramenta eficaz dos detentores do poder? E quem negaria que a opressão, os abusos e a exploração material não ocorreriam lastreadas nas tais opiniões?
            A sufocação é atitude também daqueles que não se sentem a vontade com a livre manifestação do pensamento. São forças que se condenam a si mesmas, que se reprimem e, desejosas de imobilidade, precisam impedir tudo que lhes faça pensar no que não gostam.
            A manipulação política sufocadora não teria como efetivar suas intenções funestas se não se escorasse nos “terrenos férteis” onde se plantando, tudo dá.
            Nada contra o conjunto, os edifícios ideológicos, a maçaroca de confianças inventadas para conduzir os recalcitrantes, desde que não violem os meus direitos, inclusive de permanecer alheio a isso tudo.
            Eu não saio a combater essa ou aquela corrente creditícia mas não me nego o direito de defender-me, quando conduzidos por tais disposições, os magotes se avizinham da agressão física.
            Perde credibilidade sim, o governo político, inclusive o municipal, que se vale da estupidez espiritual para acicatar e defenestrar seus opositores. É covardia pura, testemunhada agora pelo mundo todo.
            Hoje em dia, nesses tempos de internet, quando a imprensa venal, a serviço do numerário dos guardadores das fortunas nas meias, nas bolsas, nas cuecas e nos paletós, treme nas bases, esse pessoal terá de repensar novas formas de opressão que os mantenham no poder.
            A internet veio proporcionar voz àqueles acuados pela opinião adrede formada por grupos antipatizantes, controladores da imprensa corrupta, presente em qualquer rincão desse território imenso.
            Imagine o que acontece nos sertões nordestinos, nas cidades do norte e nas povoações mais distantes, se no Estado de São Paulo, as manifestações das opiniões contrárias aos ordenamentos políticos do momento, suscitam calafrios e idéias de crimes contra a vida?
            Depois que inventaram as câmeras ocultas tornou-se mais difícil roubar o dinheiro público e justificar dizendo que tudo foi produto do mais legítimo trabalho. Quantos ladrões, ao longo do tempo, não atribuiram a miséria dos seus desafetos à preguiça e a vagabundagem?
 
            Mas não era mesmo comum ver muitos políticos, desses que estão há mais de vinte anos, agarrados às tetas do estado, vestindo aquele terno caro, fechando a porta do seu carro importado e, segurando na mão esquerda a milésima escritura do imóvel, recém-adquirido, dizer ao acompanhante que “fulano” é pobre porque é mandrião?
            Ainda bem que o Judiciário está atento a essas quadrilhas formadas por gente escolada, com formação universitária e que continua metendo a mão no que não lhes pertence.
            Está claro, muitíssimo claro que se a lei não for obedecida, as estruturas da República estarão ameaçadas. A impunidade só será diluída com o uso de alguma força, geralmente atributo do Exército Brasileiro.
            É o que temos dito.
 
Fernando Zocca.   
           
             

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publicado às 12:02

Diva e a Cortina

por Fernando Zocca, em 18.01.10

 

             - Diva, minha gatinha velha, como você está ressequida! Há muito tempo que não ouço falar da sua pessoa. Outro dia passeava tranquila pelo centro da cidade e a vi, assim, de relance, muito rapidamente. Nêga, sabe o que Aldo, aquele porquinho sujo, disse de você?
            Na esquina as duas mulheres já idosas, reunidas pelo acaso puderam, naquela manhã de segunda-feira, relembrar alguns bons momentos que viveram juntas. Diva, defronte à sua casa, varria a calçada enquanto que Alana passava com dois sacos plásticos, cheios de mantimentos, que comprara na venda do Pereirinha.
            - Não, eu não sei. O que aquele cafajeste falou de mim? – indagou Diva parando com a varrição.
            - Ele teve a cara de pau de ir à minha casa para dizer que você, num dia que estava muito apertada, não tendo tempo de correr para o banheiro, fez cocô na sala. E que limpou o bumbum na cortina. Ai, você acha que pode, falar uma coisa dessas colega? – Alana era muito sincera.
            - Hum querida, nem me abalo com isso. Vindo de quem veio, nem me ligo. Sei que aquela besta fazia até cirurgia pra tirar o apêndice, só pra não trabalhar naquele serviço chato dele. Ai, esse Aldo é dose. Todo mundo sabe disso, querida. E o que mais ele disse de mim? – o interesse da Diva inibiu, de certa forma o ânimo comunicativo da amiga. Mas não a impediu de prosseguir.
            - Contou que você está fazendo tratamento pra depressão. Que na verdade você não precisa disso. Mas que vai lá só pra ver aquele médico bonitão. Olha que absurdo, colega? – Alana não guardava segredos.
            - Mas não é mesmo, querida? – Diva queria saber mais. Muito mais.
            - Ele falou também que você sofria com uma tal alergia. E que bastou aquele povo todo, do bairro pobre, onde você mora, saber que você estava com isso, pra eles também começarem a sentir comichão querida. – Alana falava tudo o que sabia.
            - Ai, mas que absurdo, colega. Esse Aldo sofre das faculdades mentais, não é possível. Será que ele não tem interesse em se internar num Spa? – Diva gostava de saber o que falavam dela.
            - Ele me disse que até o dia em que ficar bem velhinho, chegará perto de um. Nem que seja pra olhar, de longe, a porta da frente. – Alana, por permanecer muito tempo em pé,  já mostrava sinais de cansaço. Ela sentia dores nas pernas.
            - Ai que horror, querida. É muito pobre isso. Mas você não quer entrar e tomar um café? – indagou Diva, ao perceber a impaciência da amiga, parada na sua frente.
            - Não, bem, não quero nada, não. Mas vou andando. Ainda tenho de fazer o almoço. E você não tem ido mais passear no centro?
            - Ah, olha, não quero nem saber. Enquanto esse prefeito não parar de maltratar os pobres eu não saio mais do meu bairro. E depois tem outra: aquela região está muito feia e suja. Não vale a pena. – arrematou Diva ao colocar, numa lata de lixo, os resíduos que varrera.
            - É isso ai, colega. Eu também não me abalo para sair da minha casa e passar vergonha de ver um lugar tão sujo e maltratado. – confirmou Alana.
            As duas velhas amigas se despediram. Uma foi preparar o almoço enquanto que a outra fez anotações do que ouvira. Ela as usaria depois para contar às outras vizinhas, as novidades soubera.
Fernando Zocca.  
 

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publicado às 17:21


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