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Ontem (22/06) precisei ir ao centro da cidade para tratar de um assunto que exigia providências inadiáveis.
Terminada a tarefa passei defronte ao local onde o pessoal da Turma do Sereno costuma se reunir e lá estava sentado, solitário, um conhecido que há muito tempo não via.
Quando me aproximei ele sacou do bolso uma fotografia mostrando-me e perguntando, logo em seguida, se eu sabia quem era.
A foto era um recorte de jornal e eu logo reconheci a pessoa retratada: era a sogra dele.
Então ele começou a falar: “Você se lembra dela? Essa é que era mulher de verdade. Trabalhou que nem uma égua velha aposentando-se em seguida após muito sofrimento.
Depois de deixar o serviço público ela passou a cuidar só da casa, mas os médicos recomendaram que ela se mexesse mais. Ficar sentada a maior parte do dia, mesmo que olhando o movimento da rua, não ajudaria na manutenção da saúde.
Seguindo os conselhos dos doutores ela passou então a frequentar bailes onde dançava por horas, durante dois ou três dias da semana.
Numa ocasião – se não me engano, num sábado – eu e minha mulher, resolvemos dormir na sua casa. Ela tinha ido ao baile e só chegou pela manhã.
Eu acordei logo que a velha entrou e testemunhei quando a sogrinha, se “desmontava”. Primeiro ela tirou a peruca, depois os óculos, os cílios, as lentes de contato, a dentadura, as unhas postiças, os aparelhinhos da surdez e, em seguida, a maquiagem.
Minha mulher já tinha preparado o café da manhã e quando a mãe sentou-se à mesa estava irreconhecível. Era uma outra pessoa, outra personagem.
Eu não me espantei quando ela segredou que depois de ter tirado a vesícula biliar, os ovários, a tireoide, e o rim direito, se preparava para uma lipoaspiração.
– É meu filho, depois dos 100 anos a gente vai tirando um pouquinho aqui, um pouquinho ali e vai vivendo, não é? – disse a sogra sorvendo o café quente de uma xícara grande.
Sem tecer considerações sobre a justeza da aposentadoria da mãe da minha mulher, que por ser funcionária, durante todo o tempo em que estivera na ativa, não tivera nenhum centavo descontado dos seus vencimentos, achei melhor abocanhar a bolacha que se me apresentava assim, na boa, sem muitas complicações”.
Imagina se eu me esqueceria de pessoa tão bondosa como a sogra deste meu conhecido. Isso seria mais absurdo do que não reconhecer, pelas cores, tato e sabor uma bela e grandiosa melancia.
Nesse mundão velho de meu Deus as aparências enganam e muito. Já não existe quase nada que não seja artificial.
Há quem diga que quando chega em casa, depois de uma jornada estafante de trabalho, retira a peruca, a prótese dentária, os cílios postiços, as unhas, as lentes de contato e o aparelhinho contra a surdez.
Os recursos existentes hoje, para mudar uma realidade desconfortável são inumeráveis. Dentre eles você encontra um arsenal medicamentoso que lhe garantiria até a paz de espírito.
Entretanto da mesma forma em que existe a adulteração de roupas, CDs, cigarros, calçados, peças de automóveis, alimentos, há também a falsificação dos produtos farmacêuticos, e o usuário da droga pode se complicar e muito.
Você consegue acreditar que alguém não possa alterar dados de um site qualquer, inserindo nele dados que lhe seriam em tese, favoráveis?
Eu já disse e torno a repetir: Nesse jogo de “pega pra capar” vale tudo: desde escutas clandestinas, cookies nos computadores, furtos de documentos e suborno. Acrescente-se a isso tudo o fato de que a eleição de prefeitos e vereadores está próxima.
Quem é que, em sã consciência, descuidaria da própria reeleição ou de seus correligionários?
Essas pessoas que estão há décadas na administração pública, deveriam aproveitar a fortuna conseguida, e conhecer outras localidades mais divertidas.
Se eu tivesse a metade dos haveres amealhados por esses políticos profissionais eu lhe garanto, meu amigo leitor, que não deixaria de visitar nem mesmo a Warner Bros Studio em Londres.
13/04/12
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