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As fotos e a madrasta

por Fernando Zocca, em 27.04.14

 

 

 

O raciocínio de que não se deve postar fotos na internet por existir a possibilidade da deturpação ou uso indevido, assemelha-se à ideia de que não se deve guardar dinheiro nos bancos pois pode ser roubado.

Tanto a deturpação, ou mau uso das fotos, quanto os roubos aos bancos, devem ser punidos. 

Não é a abstenção das publicações, ou o acúmulo do dinheiro em casa, que impedirão as ações criminosas.

Entretanto o assunto não pode deixar de ser discutido. Assim, da mesma forma - por exemplo - que os males causados pela repressão da atração sexual entre a madrasta e a enteada precisariam ser ventilados, essa questão da publicação de fotos, deve ter a atenção do usuário da internet. 

Note que os conflitos mal resolvidos entre a madrasta e a criança enteada, farão parte da personalidade da futura mamãe que, ao ter seus filhos, transmitirá a eles a educação com esse víeis forjado no ambiente bastante perturbado.

Nem duvide que a ruptura da troca de afeto positivo, entre ambas, gera situações em que as necessidades de carinho da criança originam pescoções e reprimendas da adulta.

O não "dar o amor" da madrasta à criança, por não ser ela sua filha, como já foi dito, causa um bloqueio - catexe - nesta personalidade que tenderá a se repetir na dos filhos da enteada. 

E bem duvidoso que a situação possa ser resolvida, mudada, com o uso de símbolos representativos daquela situação primeira. 

Não se obtém afeto de quem não o teve.

A instalação das hostilidades que podem ser de "pele", de "química", ou até mesmo de ordem econômica relativa a direitos hereditários, e o seu prosseguimento, ao longo dos anos, não teria melhor resolução do que, no meu entender, com a utilização da farmacologia psiquiátrica.

O mal que faz um adulto danificar moral, física e materialmente a criança, sob sua responsabilidade, é o mesmo que conduz à deturpação ou ao uso indevido das fotografias publicadas na internet. 

 

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publicado às 16:32

Os Bad Romances

por Fernando Zocca, em 30.07.12

 

 

Corno é corno e não tem conversa. As reações diante da consciência do fato é que variam muito.

 

Tem aquele que fica vermelho que nem um peru, entregando-se ao álcool e ao tabaco, procurando depois a separação na justiça; tem aquele que, bastante irado, busca armar ciladas para matar o  amante da traidora; tem aquele que dá uns sopapos na tal, diante de todo mundo, conseguindo com isso, nada mais do que um escândalo e muita briga na justiça; tem aquele que finge que não é com ele e tem também aqueles que substituem a vergonha e a humilhação públicas pela condição de homicida.

 

Sim, meu querido amigo leitor, há quem prefira trocar toda a sua raiva pela certeza de que a malvada morreu, do que recomeçar um outro bad romance objetivando sublimar a frustração maligna.

 

Um caso típico de cornitude você vê em Gabriela, novela exibida pela Globo, na qual o Coronel Jesuíno Mendonça (José wilker), é traído por sua legítima esposa a Sinhazinha Mendonça (Maitê Proença), que cansada da grosseria do marido, bota-lhe as galhadas homéricas com o dentista Osmundo Pimentel (Erik Marmo).

 

Nem todas as frustrações causadas por traições podem virar arte. E saiba que a legítima defesa da honra autorizaria atos extremos contra a vida. Pelo menos é o que prevê o atual Código Penal.

 

Não é à toa que os legisladores procuram agora, depois de tanto tempo da vigência do Código Penal, (ele é de 1940), adaptá-lo a nova realidade brasileira.

 

A Lei Maria da Penha é específica para a proteção da mulher que sofre agressões dentro do lar, praticadas por homens bêbados, doentes, e frustrados.

 

Os desentendimentos diários, a ausência de carinho e muita agressividade, componente também do machismo, levam a agressões contra a mulher que, às vezes, não tendo outra forma de se vingar do agressor, atraiçoa-o como castigo.

 

Vimos recentemente, pela televisão, o caso célebre do ator de "Crepúsculo’ Robert Pattinson, cuja mulher Kosten Setwart, foi flagrada aos beijos com o diretor Rupert Sanders.

 

Esse caso hollywoodiano ainda não terminou, e o traído, segundo os sites especializados, deseja agora ter uma conversa de homem para homem com o traidor, que teria lhe ferido a honra.

   

Já no Rio Grande do Sul uma série de cinco homicídios praticados por homens traídos, chama a atenção da sociedade sobre a gravidade das traições, das provocações e da violência. 

 

Com facadas violentíssimas ou tiros certeiros, os homens que não conseguem sublimar a frustração, o ódio e o desespero suscitados pela dissídia,  lavam com o sangue da vítima, a honra ultrajada.

 

As separações podem hoje ser feitas nos cartórios de notas, com  a simples presença dos interessados. Apesar de todas as vantagens de viver com alguém, há sempre quem diga que "antes só do que mal acompanhado", seja a melhor solução.

 

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publicado às 14:10

A Viagem

por Fernando Zocca, em 09.06.12

 

 

 

A menina aproximando--se lentamente do leito de morte, da velhinha querida e, vendo inserido, numa das narinas dela, aquele longo tubo fino de borracha, que saia de um orifício da parede, acima da cabeceira da cama, sentiu um forte desejo de saber o que era.

- Olha, não mexa nessa cânula, que é oxigênio, ouviu?  E não faça barulho se não você vai acordá-la. - decretou a enfermeira, que acabava de chegar, depois de saber que a paciente, sob seus cuidados, recebia a visita de uma criança.

A guria, com a experiência que lhe proporcionava os nove anos de vida, nada respondeu.

Quando ficou só, a neta percebeu que a avó abriu os olhos dirigindo-lhe em seguida, o olhar que expressava serenidade.

- Oi vó. - disse timidamente a garota, cujas mãos estavam geladas.

- Oi, bem. Você por aqui? Cadê sua mãe?

- Ela está lá na portaria do hospital, conversando com a mulher do escritório. A senhora melhorou?

- Estou bem. Eu me preparo agora para o fim da viagem, a grande viagem.

- Como assim vó? A senhora vai viajar?  Pra onde? - quis saber a jovem sentindo alguma alegria.

- A vida da gente é quase igual a uma viagem, às vezes, longa, outras vezes, bem curta. Sabe... Tem o ponto de partida, o transcurso e depois o fim, a chegada.

Sem poder compreender o que dizia a avó, a menina calou-se entristecida.

- Você sabia que quando nascemos todos os nossos entes queridos riem de satisfação, e só a gente chora?

Espantada, a jovenzinha fixou o olhar, na face tranquila da idosa.

- Olha meu bem... Viva a vida de um jeito que, quando você morrer, todos os que te amam chorem, e só você sorria. Entende?

Percebendo que a avó fechou novamente os olhos e, ouvindo a sororoca que principiava a menina com medo, deu um passo pra trás.

A mocinha sentiu e voltou-se assustada, quando alguém lhe tocou, levemente, o ombro direito.

- Vamos embora. Não podemos fazer mais nada. - disse-lhe a mãe, com a voz num tom baixo e bem triste.

Depois de fecharem, com muito cuidado, a porta do quarto, mãe e filha caminharam, devagar e juntas, pelos gélidos corredores vazios do hospital, em direção à saída ensolarada.

Ao trafegarem pelo pátio, passaram por um chafariz, ornado com dois peixes brancos de mármore, e donde jorrava também, para cima, alguns fiozinhos de água.

No tanque, a transparência da água deixava ver os três pequenos peixes vermelhos, que serpenteavam submersos.

 

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publicado às 20:11

No Lugar da Caveira

por Fernando Zocca, em 16.02.12


 

                   Você já imaginou que, com esse calor, há momentos em que nada mais causaria tanto prazer, do que o de beber aquela água de coco, numa praia bela?

       A gente sabe que pra frequentar praias, entrar no mar e ver-se com as ondas, para quem não está acostumado, pode ser muito, mas muito perigoso mesmo.

       Quantas pessoas, bastante jovens ainda, não tiveram a boa sorte ao tentar enfrentar o desconhecido, a força das águas, e sucumbiram num fim trágico?

       Pois todo cuidado é pouco. A gente sai alegre, por exemplo, numa excursão, viaja tranquilo, na esperança de se divertir e depois, voltar revigorado, mas o imprevisto pode acontecer.

       E não adianta tentar culpar esse ou aquele. Que tristeza maior ferroaria tanto o coração materno, do que a de saber que seu filho querido, não sobreviveu à força de uma corrente marítima?

       Mas, apesar de toda a angústia, de toda aflição e melancolia, a vida segue dando a certeza da imortalidade do espírito, da alma.

       A dor da mãe que perde um filho querido pode ser comparada à de Maria, ao ver seu filho crucificado no lugar da caveira.


 16/02/12

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publicado às 18:43

Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe

por Fernando Zocca, em 24.02.10

 

Por Fernando Zocca
                    
                      Por quais caminhos você andava em maio de 1997? Parece que foi ontem mesmo, não é? E tudo pode estar assim tão vivo, na memória, que a recordação assemelhar-se-ia a um vídeo possível de ser revisto a qualquer ocasião.
                   Em maio de 1997 ocorreram momentos de muita covardia, traição, engodos, disseminação de boatos destruidores, mentiras forjadas que objetivavam segregar, hospitalizar e destruir pessoas em nome do dinheiro e da posição social.
                   Com muita cerveja, os matadores se reuniam ao redor da piscina, onde se tramava o destino dos pobres. A destruição era a meta.  Havia a adesão de seitas, cujos fins eram os de exterminar, de envergonhar, de humilhar, em nome de não se sabe o que.
                   Políticos se envolveram prometendo o cumprimento da sentença de morte, em troca de mais uma temporada, com direito aos salários no final do mês.
                   Que vergonha! E dizem depois que essas associações têm escopo humanitário, fazem filantropia e promovem o crescimento dos seus adeptos.
                   Mas ninguém garante que não façam esses encantos todos sobre os cadáveres dos divergentes. Que falta de juízo! Quanta grosseria, ignorância, quanta impiedade!
                   Isso tudo leva a concluir que é verdadeira a assertiva de que a riqueza, de algumas pessoas, é feita com a destruição de outras, mais ingênuas. E que até o cobalto usariam no assassínio.
                   Os inocentes, crentes nas noções das tais seitas, são os primeiros, a serem danados, destruídos. A lengalenga os prepara para o desapossamento dos bens, da saúde, das amizades e da própria vida.
                   Mas há um tempo para tudo. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe. Como diria o nosso amigo Van Grogue: “A gente esperamos receber a bufunfa que nos pertence”. Até o químico bêbado, mais surdo, compreende isso.  

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publicado às 15:12

Bueiro engole menino de 11 anos

por Fernando Zocca, em 29.01.10

 

Carlos Gabriel Ferreira, 11,  brincava ontem (28) à tarde,  na chuva com os amigos quando se desequilibrou e caiu num bueiro do Parque Santo Antônio, zona sul da capital, sendo levado pela enxurrada. Os Bombeiros foram chamados e depois de quatro horas de buscas, o corpo do menino foi encontrado no córrego,  que passa na usina Piratininga, região do Campo Grande, distante 12 km do local,  informou o Bom Dia São Paulo de hoje.

Carlos Gabriel Ferreira morreu depois de cair num bueiro quando brincava com amigos

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publicado às 12:03

O cavalo e as chaves

por Fernando Zocca, em 21.09.09

 

Telma caminhou a manhã inteira pelas ruas, logo depois de chegar à rodoviária de São Paulo. Exausta pensou em entrar numa lanchonete onde pediria uma Coca.
 
Pisou com o pé direito na soleira do boteco, torcendo por não encontrar oposição. Ao sentar-se num daqueles bancos contíguos ao balcão, notou que espantara algumas moscas chegadas antes.
 
Quando fez o pedido, tocou levemente o bolso onde sabia estar o maço das notas. O envelope pardo envolvente do numerário fora dispensado logo depois dela ter deixado a casa da velha: "Ô mulher chata! Dormia com a boca aberta, escancarada mesmo, e roncava feio!" - pensou a adolescente colocando um canudinho verde e outro amarelo dentro da lata recém servida.
 
O rádio emitia uma canção suave: nela pedia-se um pouco mais de malandragem. "Será que ao detetizarem o ambiente não teriam respingado coisa ruim na latinha?" O pensamento fugaz não a impediu que percebesse a fome.
 
Quando ela fitava o recipiente dos salgadinhos, um motorista de táxi entrou no recinto fazendo estardalhaço:
 
- E aí Cláudio... Tudo certo por aqui? - perguntou o jactante ao balconista sorridente.
 
Como acontece nesses casos, a própria figura do freguês induz respostas esperadas, sem nem mesmo haver a expressão dos pedidos verbais corriqueiros: o dono do botequim colocou sobre o balcão um copo americano onde despejou a piribita. Em ato contínuo botou, ao lado da azuladinha, um maço de LM.
 
O motorista vangloriou-se:
 
- Rapaz... Ontem comi um filé de pescada que me deu gosto! - Seu interlocutor respondeu:
 
- Eu prefiro filé à parmeggiana.
 
Telma ao deglutir o derradeiro gole do refrigerante por pouco não engasgou. Suas cordas vocais constritas tornaram quase inaudível o pedido da conta.
 
Ao sair caminhando pela rua ensolarada teve a convicção de que não suportaria nem mais um minuto aquele sufoco. Suas forças esmaeciam.
 
O ruído causado pelos veículos, o cheiro do combustível queimado e a luminosidade levaram-na a buscar o ansiolitico na mochila.
 
Passou defronte uma loja. O pensamento de que deveria embarcar imediatamente para a Bahia assaltou-a. As pessoas aglomeradas ali, naquele horário, observavam uma dezena de televisores ligados simultaneamente.
 
Numa das telas planas da TV de 29" uma chamada para a próxima novela mostrava parte da trama envolvente. Seria a história do alquimista desejoso de livrar-se das amarras, a ele impostas, pelo prefeito da cidade. O mago planejava vencê-lo usando os poderes ocultos da alquimia.
 
O calor sufocante fazia exsudar as gotículas de suor na sua pele alva. Ao passar a mão pelo ventre percebeu ter engordado. Desanimada viu-se sem destino. Talvez uma favela pacífica.
 
Quando se pôs a caminhar novamente, um mendigo cercou-a no meio da calçada. A proximidade daquele ser conspurcado fez com que ela sentisse seu bafo hediondo.
 
O branco dos olhos do bêbado mostrava-se congestionado; manchas vermelhas enormes denunciavam a intoxicação danosa. Ao esquivar-se do pingueiro, Telma abaixou, sem querer a cabeça. No chão jaziam algumas chaves tetra.
 
A incidência direta da irradiação solar sobre seu cocuruto congestionou-o fazendo-a perder os sentidos. Quando desabou na calçada quente atraiu a atenção dos transeuntes. Nenhum deles, porém se dispôs a socorrê-la.
 
 
 

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publicado às 02:12


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