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Lapa

por Fernando Zocca, em 23.07.15

 

Rio de Janeiro 03 07 a 18 de 07 de 2015 048.JPG

 

Depois de mais ou menos uma semana no Rio de Janeiro, ter assistido missas, ido à Praça da República, à praia e passeado muito de teleférico, resolvemos chegar à Lapa.
Você sabe: é um local de boêmia, bares, rodas de samba e shows dos mais variados artistas. Naquele finalzinho de tarde o Fluminense jogaria e, portanto, ao entrar no boteco, aboletei-me num daqueles banquinhos, solicitando uma Antarctica tipo litrão.
O pessoal que não estava ligado na TV conversava animadamente ao redor. Notei que havia um sujeito boa pinta, bem vestido, que trazia nos dedos, nos pulsos e no pescoço ornamentos de ouro reluzentíssimos.
Ele era acompanhado por três mulheres lindíssimas, charmosas e chiques que o paparicavam sem cessar.
Num dado momento o tal empresário puxou conversa comigo. Então ele foi dizendo:
- Esse pessoal tem muita inveja de mim. Eles me odeiam. Odeiam o meu sucesso. Mas eles não sabem que vim de baixo. Sim, meu amigo, eu vim de muito baixo. Mais pra baixo de onde vim já era o Japão. Mas estou aqui, olha. Consegue ver aquela Maserati cinza ali perto do Quartel da PM? Então... É só minha. O IPVA está quitadíssimo, o tanque cheio. Cada gata dessa que me acompanha tem uma, se não igual, pelo menos parecida. É a vida, né? Fazer o quê?
Eu, boquiaberto, não conseguia mais me concentrar nos lances do Fluminense. Só ouvia. E lá vinha história:
- Então, mano... Eu fui catador de reciclável. Manja reciclável? Quando eu era menino, de calças curtas, minha mãe punha a gente pra catar lixo. Eu puxava carroça. Aliás, puxei muita, mas muita carroça mesmo. Eu só sofria quando tava muito pesado e tinha ladeira pra subir. A gente ajuntava tudo defronte o nosso barraco, na vilinha, e depois vendia. A gente tivemos sorte. Depois que fiquei taludinho, aparecerem uns caras propondo sacanagem em troca do dinheiro. Na dúvida eu contei pra minha mãe. Eu achei que ela ia dar piti, mas que nada. Ela incentivou. Mandou que eu me virasse. Eu me virei tanto que hoje tenho três apartamentos. Um em Copacabana e outros dois na Barra. Com os aluguéis dá pra pagar umas bramas.
Nessa altura do jogo eu já estava mais prá lá de Bagdá do que de Beirute: atordoadíssimo.
A noite desceu rápido. A temperatura baixou sensivelmente. Minha mochila, que não tinha quase nada além de algumas peças de roupa, pesava toneladas.
Com muito custo busquei, nos bolsos, a nota de R$ 10 com a qual pagaria o litrão.
- Deixa aí, mano. Você é dos nossos. Essa conta é minha - disse o homem de negócios.
Agradeci a gentileza e desejando que no segundo tempo do jogo, o Fluminense consolidasse a vitória, sai em busca da madrugada.

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publicado às 21:03

Quanto maior o coqueiro, maior o tombo

por Fernando Zocca, em 11.07.14

 

 

A derrota da seleção brasileira tem explicação sim. Não é porque o Neymar Jr., Filipão e todos os demais sejam incapazes de contar claramente os motivos do fiasco vergonhoso que as causas não existam.

A primeira delas é atribuída à extrema fragilidade física dos heróis brasileiros. Não é à toa que muitos narradores esportivos e comentaristas adjetivam o camisa 10 da seleção de "piscineiro". 

Piscineiro é a pessoa que cuida das piscinas. O sentido, entretanto, empregado para descrever o Neymar é o daquele que cai sem muito esforço do adversário. Basta uma reladinha de nada e pronto: lá vai o campeão pro chão. 

Tomar vários gols em 6 minutos pode representar também aquela disposição de espírito semelhante ao do trabalhador descontente que cruza os braços durante o trabalho, queixando-se do patrão e pedindo aumento de salário. 

Falta de exposição na mídia não teria sido  a causa preponderante. Afinal a quantidade de filmes publicitários, estrelados pelos expoentes do selecionado, não foi nunca vista em toda a história do futebol brasileiro.

Você vê como os jogadores se abraçam e se beijam quando estão juntos e exibidos, pela TV, ao mundo? São afagos sem os quais a realidade seria bem diferente.

O fracasso coletivo teria também o sentido de atribuir a culpa a alguém. Você sabe que em 1970 o desempenho da seleção brasileira foi usado politicamente para ajudar a sustentar a boa opinião sobre o governo militar.

O mesmo aconteceu na Argentina em 1978. A corrupção correu solta. O selecionado peruano perdeu de 6 a zero, possibilitando a classificação dos "hemanos", tirando assim a vez do Brasil. 

Os argentinos foram campeões alegrando o povo que passava agruras sob o regime criminoso dos generais. 

Todo mundo sabe que o grupamento da mídia composta pelos grandes veículos de comunicação, TVs, jornais, rádios, revistas e Internet tem tendências tucanas e aversão ferrenha ao PT. 

Você pode ter a mais absoluta certeza de que nunca um selecionado fracassado terá tanto respaldo quando esse comandado por Filipão. O PT não poderá explorar politicamente nada desse grupo de jogadores que não seja o fiasco vergonhoso. 

Os tucanos entretanto, apontarão o "naufrágio" à incúria daqueles diretamente ligados à seleção brasileira. 

Pode até ter havido involuntariedade nos primeiros erros que deram início à goleada histórica de 7 a 1. Mas como negar que depois de "aberta a porteira" o propósito de "afundar o barco" não teria sido consenso entre os jogadores?

Essa derrota ficará impressa nos anais do futebol mundial. Todos os jogadores, técnicos, patrocinadores, e torcedores frustrados guardarão "ad eternum" (para sempre) essa atuação vergonhosa, voluntária ou não.

A mídia não deixou de ganhar o seu rico dinheirinho com a exposição dos fatos relacionados. Mas você sabe: quanto maior as promessas maiores as frustrações. Quando maior o coqueiro, maior o tombo. Quando mais se infla o balão com  "entusiasmo" maior o estouro dolorido.

O Brasil pode conquistar o quarto lugar nesta copa do mundo. Afinal seria também a quarta eleição consecutiva de candidato petista ao governo federal.

E isso, você sabe, os tucanos não querem. 

 

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publicado às 14:29

Os louros das glórias

por Fernando Zocca, em 29.01.14

 

 

 

 

Torcemos para que a copa do mundo transcorra sem incidentes graves aqui no Brasil.

 

Afinal as atenções de parte das populações das Américas, da Europa, da Ásia e da Oceania, estarão voltadas para esse acontecimento tão esperado entre nós.

 

Forças especiais estão já treinadas e prontas para a repressão de todo e qualquer ato comprometedor da segurança das delegações e turistas estrangeiros que virão para cá.

 

A gente torce também para que a onda destruidora dos ataques aos caixas eletrônicos cesse ou diminua de vez.  Queremos ver - como nunca antes vimos em toda a história deste país - um Brasil seis vezes campeão mundial de futebol.

 

Problemas como a contaminação das águas por coliformes fecais, brometo de potássio no pão e transportes públicos ineficientes, nas grandes capitais, podem ser melhor superados com o entusiasmo que o sucesso da seleção brasileira tiver.

 

Nós brasileiros, temos essa cordialidade que nos diferencia daqueles outros povos mais propensos a resolver, todas as suas questões, com a violência explosiva. Ainda bem. 

 

Esse evento promovido pela FIFA gerará bilhões de dólares a seus organizadores e associados. Como sempre ocorre desde os primórdios da civilização, nos jogos internacionais, a equipe vencedora levará as glórias das vitórias ao seu povo, e os organizadores, além dos louros, se fortalecerão com os bilhões em lucros auferidos.

 

Cremos que com essa politica de erradicação da miséria, desenvolvida pelo governo federal, os ingressos aos jogos da copa sejam conseguidos facilmente pelo torcedor.

 

Rezamos também para que tudo se realize na mais perfeita ordem, e que não hajam prejudicados nesse acontecimento quadrienal da Federação Internacional de Futebol. 

 

Sabemos que nem todos veem com bons olhos essa movimentação toda.  Eu me lembro de que na copa de 1982 um colega advogado, muito querido na urbe, me confidenciou que desejava ver o Brasil derrotado. Incomodava-o o clima de histeria, de entusiasmo, que dominava a população.

 

Mas há também quem não chegue a tal ponto. Há os que simplesmente desligam-se das transmissões assim como fazem com as novelas, os noticiários e o BBB.

 

Creio que todas as tendências e gostos devem ser respeitados. Mesmo que o espocar dos fogos de artifício e o som das TVs do entorno indiquem os acontecimentos, a pessoa que não deseja participar deve ter assegurado o seu direito da se abster.

 

Cada um sabe o que lhe é mais aprazível. 

 

Cada um sabe de si. 

 

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publicado às 18:23

Frustração Coletiva

por Fernando Zocca, em 13.08.11

 

 

                    A fé, numa definição bem simples, seria a convicção da veracidade de alguma afirmação categórica.

                    Em julho de 1950 a crença de que o Brasil se sagraria campeão do IV Campeonato Mundial de Futebol, vinha impressa nos jornais, que no dia 15, antes do jogo final afirmavam: “Amanhã venceremos o Uruguai”, “À Vitória Brasil”, “Estes são os campeões do mundo”.

                    Um dos jogadores uruguaios passou a noite do dia 15 nos vestiários do Maracanã e, segundo Alcides Ghiggia, o carrasco que eliminou o Brasil, ele cantarolava, dentre outras coisas que: “... onde a Celeste joga todos abaixam a cabeça”.

                    No dia seguinte, 16 de julho, o Brasil diante de mais de 200.000 pessoas presentes no Maracanã, entrou em campo, jogou e perdeu com Barbosa, Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.

                    O Uruguai, bicampeão Mundial da Taça Jules Rimet, jogou e venceu com Maspoli, Matias Gonzalez, Tejera; Gambetta, Obdulio Varela, Andrade; Ghiggia, Julio Perez, Miguez, Schiaffino e Moran.

                   Essa frustração coletiva talvez tenha influenciado a crença de que o excesso de entusiasmo, autoconfiança e desconsideração pelo adversário, sejam tão, ou até mais prejudiciais, do que o pessimismo.

 

 Seleção brasileira de futebol, vice-campeã mundial em 1950

 

 

No jogo final contra o Uruguai o Brasil jogou e perdeu com Barbosa, Augusto, Juvenal; Bauer, Danilo, Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.

 

 Seleção uruguaia de futebol bicampeã do mundo em 1950, no Rio de Janeiro


 

O Uruguai jogou e venceu com Maspoli, Matias Gonzalez, Tejera; Gambetta, Obdulio Varela, Andrade; Ghiggia, Julio Perez, Miguez, Schiaffino e Moran.

 

 

 

Veja no vídeo abaixo uma entrevista com Alcides Ghiggia

 

 

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publicado às 15:32

O Jantar

por Fernando Zocca, em 27.04.11

 

 

 

 

                    Aquela conversa ali na mesa do restaurante já estava ficando sem graça. Nós chegáramos para jantar num clima tenso e quase não trocamos palavras.

                    Não sei o que perpassava pela cabeça do Oswaldo, mas desconfiava que só podia ser ciúmes. Aquele jeito de quem se mostra contrariado, eu já notava nele, desde o tempo em que dançava na boate.

                    Ele me conheceu durante as minhas apresentações públicas e sabia que as exposições criavam situações suscitantes de ciúmes, portando não podia reclamar. Ele estava sem razão.

                    Mas o clima ruim não passava. Parece que a lasanha não estava saborosa, o vinho não era tão gostoso e a água não tinha a temperatura agradável.

                    O burburinho no ambiente não incomodava, e não houve alteração, quando o Roberto se aproximou.

                    Ele vinha com aquele jeito despretensioso e, sem ser convidado, tomou o assento ao lado do amigo Oswaldo.

                    - Horrível! Horrível! Vocês não imaginam o que o filho do porteiro do prédio fez ontem. – disse o intruso quebrando o silêncio desagradável que pairava entre nós.

                    Notei que o Oswaldo contrariou-se com a presença inoportuna do colega, mas sem dizer nada que o refutasse, deixou que ele prosseguisse.

                    - O adolescente saiu de casa dizendo pra mãe que ia pro estádio ver o jogo do São Paulo. Mas quando chegou no boteco da esquina, parou pra tomar umas e outras com os amigos. Conversa vai, conversa vem, ele e um outro se embriagaram tanto que perderam a noção do tempo. Eles ficaram tão mal que o jogo terminou e nem do bar haviam saído. Então, o filho do porteiro, pra se vingar daquela companhia desagradável, disse que uma tia havia viajado e que estava com a chave da casa, onde poderiam comer alguma coisa e depois ir embora. E lá se foram os dois bêbados. Entraram, comeram, beberam e quando o convidado dormiu depois, de sentar-se no sofá, o filho do porteiro, juntou ali na sala, aos pés do adormecido, todos os objetos de valor da casa. Ele fez uma “montanha” com o DVD, câmera filmadora, máquina fotográfica, TV, micro-ondas, computador, notebook, roupas, bijuterias e outras coisas de valor. Em seguida arrombou a janela do quarto dos fundos. Saiu e trancou, por fora, a porta da rua, chamando a polícia, que ao chegar prendeu o dorminhoco por tentativa de furto. – concluiu Roberto suspirando, na maior serenidade.

                    Bom, eu quase “pirei na batatinha” e pude notar que o Oswaldo engasgou, no final da história, enquanto observava o amigo que se servia alegremente da lasanha.

                    Sem qualquer cerimônia, e no exato momento de pagar a conta, Roberto afirmou ter esquecido a carteira.

                    Olha, eu sei que o tumulto foi notado por muita gente, ali na porta do restaurante, quando em altos brados, tentei dizer ao Oswaldo, que desejava ir embora sozinha. Que não queria mais falar com ele. Eu iria de taxi, mas ele insistiu tanto, que acabamos indo no carro dele. O Roberto veio junto.

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publicado às 17:59

Por falar em futebol...

por Fernando Zocca, em 14.07.10

                           O Clube de Regatas Flamengo passa por momentos dificílimos, nesse período de 2010, quando vê um dos seus atletas mais destacados, envolvidos com a lei.

 

                            Na verdade essa história horrível, semelhante a um maremoto devastador, serviria para acordar as forças vitais da entidade que recrudescerão, sem dúvida, logo em seguida, mais fortes.

 

                             A propósito, dessa conjuntura toda, desse emaranhado de situações onde se misturam fatos delituosos, insucesso brasileiro na copa do mundo e, a perspectiva iminente da troca do representante maior da nação, Jorge Ben, que é um dos ícones da música popular brasileira, relançou junto com Mano Brown, o sucesso de 1976, "Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)".

 

                         Esta gravação, que é um  trabalho utilíssimo, não teria melhor momento para surgir do que agora.  Trata-se de um hino que realimenta a alma do torcedor campeão.

 

                          A produção é do Daniel Ganjaman e do Zegon (NASA); a co-produção de Gabriel Ben Menezes. Backing vocals: Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. Na percussão Pupillo, do Nação Zumbi. Veja o vídeo.

 

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publicado às 22:54

Argentinos nervosos fazem promessas

por Fernando Zocca, em 07.06.10

Parece que a aproximação do início da copa do mundo tem deixado os Argentinos bastante estressados.  Esse fato geraria promessas bizarras como a do diretor-técnico da seleção argentina, Carlos Bilardo, 64, que prometeu fazer sexo com o jogador que marcar o gol do título mundial.

 

No mesmo sentido Diego Maradona (o homem que fez gol de mão), atual técnico da Argentina, garantiu que desfilaria pelado em Buenos Aires, se  ganhar o título.

 

As declarações têm gerado repercussão na internet: "Como se não bastasse ter o Maradona pelado caso a Argentina ganhe o mundial, agora vem o Bilardo com essa história", escreveu o twiteiro mm_marcella. Já biii_rocha mandou: "Nooossa, superou o Maradona. Só resta saber se alguém vai querer fazer o gol, hein Bilardo!?". Lukas_Inacio, para ironizar Bilardo, lembrou uma música do grupo "As frenéticas", que fez sucesso no início dos anos 80: "Abra suas asas, solte suas feras". A usuária do Twitter myriamkazue acha que Bilardo  faria o maior sucesso na Parada Gay: "Depois da declaração de Carlos Bilardo, diretor técnico da Argentina, acho que deveria ter um carro só pra ele na Parada Gay, né não?"

 

Veja o vídeo:

 

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publicado às 15:27

A Herança

por Fernando Zocca, em 16.04.10

                                Minha tia Olanda Zocca nasceu no dia 19 de fevereiro de 1913, aqui em Piracicaba, tendo falecido aos 19 de setembro de 1996. Era irmã do meu pai Fúlvio e, do seu casamento com o açougueiro João De Lello teve dois filhos, Roque e Arthêmio De Lello.

                               Arthêmio quando moço trabalhou na rádio Difusora de Piracicaba fazendo reportagens de campo durante os jogos do XV de Novembro. Aliás, o Roque também passou uma temporada naquela rádio onde era discotecário.
                               Roque  inspirado nos arquivos da emissora formou imensa coleção de discos, daquelas orquestras do estilo de Glenn Miller, das décadas de quarenta e cinquenta.
                               Antes de ingressar na Difusora Arthêmio formou-se contabilista na escola técnica de contabilidade Cristóvão Colombo, ou Zanin, como era popularmente conhecida. Esse meu primo é um torcedor fanático do XV professando também sua paixão pelo Corinthians.
                               Meus primos, tia Olanda, a avó Amábile e o tio Bruno Zocca, residiram por muito tempo à Rua Ipiranga, esquina da Rua Governador Pedro de Toledo. Naquela casa havia um anexo cuja fachada ficava na Governador. Ali meu avô José Carlos Zocca, nascido aos18 de setembro de 1892, tinha um açougue.
                               José Carlos faleceu em Piracicaba, segundo informam, de um infarto no dia 26 de janeiro de 1943, quando na Europa acontecia a II Guerra Mundial. Por ter origem italiana igual a seu pai, João Ulisses Zocca, meu bisavô, deve ter passado por maus momentos durante os anos que antecederam a sua morte.
                               Quando Getúlio Vargas visivelmente favorável aos Nazistas, mostrava-se convicto dos seus propósitos e apoiava os alemães, a colônia italiana em Piracicaba não sofria qualquer tipo de assédio moral. É bom dizer que a Itália, naquele tempo, governada por Benito Mussolini, era aliada dos alemães.
                               Segundo me contou minha prima Maria Cleusa Adâmoli, José Carlos possuía um busto do Benito na sala, e colecionava cédulas italianas do período.
                               Mas quando Getúlio Vargas, depois de ganhar a usina de Volta Redonda dos norte-americanos aliando-se a eles, os simpatizantes do “Dulce” em Piracicaba passaram a ser vistos com mais reserva. Compulsando os jornais daqueles dias pode-se perceber claramente as alusões veladas feitas aos italianos e japoneses.
                               Imagine como era o dia-a-dia de um comerciante no centro da cidade, cujo pais de origem  representava o papel de vilão, num episódio conturbado na história da humanidade.
                               Pode até ser que a pressão social tivesse influído na morte de José Carlos. Ele faleceu deixando uma herança geradora de muitas encrencas durante muito tempo.
                               Não tenho certeza, mas presumo que na véspera do Natal de 1953, talvez na noite do dia 24, tenha havido uma discussão forte entre meu pai Fúlvio e seu irmão Bruno que era alcoólatra e vivia bêbado. Essa quizila teria motivado a mudança de Fúlvio, minha mãe Daisy e eu, com três anos de idade,  em meados de 1954, para  uma casa do espólio, situada à Rua Benjamim Constant.  A ocupação do imóvel tinha a anuência da viúva Amábile, mas não a dos demais herdeiros.
 
Leia O Castelo dos Espíritos

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publicado às 12:47


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