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Há alguns anos passados, numa certa ocasião, fomos convidados por alguns colegas, a permanecer uns dias num rancho de pescarias na beira do rio.
Passadas várias horas depois da nossa chegada, numa tarde, apareceu repentinamente um vendedor puxando um carrinho de mão - uma espécie de carroça - sobre a qual havia mandiocas, laranjas e uma porca.
Na verdade o bicho era uma pequena leitoa que, agitada entre as mercadorias do ambulante, dava sinais de que a qualquer momento escapuliria do seu proprietário perdendo-se no emaranhado confuso da vizinhança.
- O senhor não me faria a gentileza de guardar, por um tempinho, essa minha porca enquanto vou ali atender uma freguesa que comprou de mim essas duas dúzias de laranjas e os dois quilos de mandioca? – perguntou-me o carroceiro velho.
Observando que a bicha não parava quieta, não tinha sossego, concordamos com seu dono trazendo o animal para dentro da casa; logo percebemos que o tal mamífero buscava alimento.
Colocamos então numa vasilha um pouco de café com leite além duns pedaços de pão, servindo desta maneira, a porquinha esfaimada.
O atirar-se com sofreguidão sobre os alimentos e a ingestão atabalhoada nos fez pensar que há muito o pequeno animal não comia.
- Nossa! Ocê viu como ela se "pincho" em cima das coisa? - perguntou Sinhá Chica, a velhinha aposentada presente no local.
De fato a volúpia, a pressa, com que o bichinho botou para dentro o alimento talvez tivessem sido as causas do imediato regurgitamento seguido duma evacuação profusa e mal cheirosa de fezes.
Diante de tanta sujeira, maus odores, e o voejar pertubador das moscas, não tivemos outra ideia do que a de lavar a pequena porca no chuveiro.
Com a mangueirinha e esguichos fortes de água morna os restos de vômito e cocô foram, aos poucos, sendo diluídos.
Limpa dos dejetos, outra melhor sugestão, de que devíamos devolvê-la rapidamente ao seu dono, não nos ocorreu naquele momento.
Depois de uma ou duas horas o carroceiro, ofegante, com a língua grande e grossa pra fora, apareceu.
Nem bem perguntou por seu animal e a porquinha pulou dentro da carriola.
E lá se foram o dono e seu bicho rua abaixo.
Passados alguns dias qual não foi a nossa surpresa ao ver que depois de liberta, completamente asseada, a suína hiperativa voltou à mesma sujidade com que certamente estava habituada e sem a qual nunca se sentiria tão bem.
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