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Espancando o Judas

por Fernando Zocca, em 07.10.14

 

 

 

 

 

 

 

Escolhido o "Judas", pelos políticos locais, pretendem vencer as eleições, os candidatos que mais nele baterem ou destruí-lo.

Os pretendentes aos cargos públicos que garantem a danação dos adversários dos seus eleitores assemelham-se a Pilatos e a Herodes que, para agradar os seguidores de Anás e Caifás, determinam a crucificação do Cristo. 

Nessa briga insana pelo poder vale tudo: o alarmismo médico ganha volume e até os carrapatos, que por serem estrela, recebem destaque negativo.

Geralmente caem nas próprias armadilhas aqueles que as armam contra os que não simpatizam. 

Estranham os comentários indignados contra os que votaram no Collor ou no PT dizendo terem eles cometidos atos contrários às leis e que por isso não mereciam ser eleitos. 

É preciso dizer que tanto o ex-presidente Fernando Collor quanto os integrantes do PT que "derraparam" saindo fora dos ditames das leis, cumprem ou cumpriram suas penas. 

É estranho, esquisito mesmo, manter a noção do castigo eterno. Se o sujeito cumpriu com as determinações do judiciário, não há que se questionar sobre seus delitos passados. 

Se Marina Silva vem, em adesão a qualquer das partes disputantes da presidência, com a intenção de, para agradar setores descontentes, prometendo castigo, pode ter a certeza de que ela não obterá sucesso. 

Os eleitores não precisam de "Cristos". Precisam do amparo, orientação e favorecimento dos governos, para que suas atividades e suas vidas sejam mais plenas.

Tenho percebido (e quem não vê?) as ações sociais do governo federal. 

Tanto nos setores da educação com a criação de programas custeadores dos cursos universitários, instalação de faculdades, como os da saúde com o mais médicos e da segurança, o minha casa minha vida e as bolsa família e escola, tem produzido mudanças sensíveis na sociedade brasileira. 

Tudo bem que os setores empresariais sintam-se enciumados ou preteridos na apresentação de soluções para os problemas brasileiros. Mas o PT é mais povo, mais gente humilde.

Não pode sentir, pensar e dirigir ações às pessoas mais pobres aqueles que nunca foram pobres, nunca viveram como eles, não sentiram o que eles sentem. 

Por isso, um Aécio Neves, por mais bem intencionado que seja, jamais terá um tirocínio direcionado acertadamente ao eleitor mais pobre.

Patrões e empregados são diferentes, pensam diferentemente, sentem e agem de forma diversa.

Lula foi empregado e sabe como é ser pobre. Por isso a sua política é coerente com os mais humildes. Foi Lula quem indicou a Dilma para a presidência. No governo dela quem fez mal feitos, foi julgado, condenado e preso.

Não é porque alguns petistas praticaram delitos que todos os demais não são honestos.   

 

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publicado às 17:54

O besouro

por Fernando Zocca, em 28.10.09

 

- Pery Kitto era ladrãozinho safado desde o tempo em que, quando criança, jogava futebol de mesa na casa da tia. A marmota improvisava os botões dos times colando figurinhas dos jogadores no que ele chamava de “celulose” dos relógios de pulso. - A afirmação gravíssima saiu dos lábios do já atordoado Ado Henrique, logo pela manhã no bar do Bafão.
 
            O barman se acostumara com o jeitão de macho rústico do forasteiro, chegado à Tupinambicas das Linhas há uns trinta dias, que justificava a agressividade gratuita com o bordão “aqui o sistema é bruto”.
 
            - O senhor tem mesmo certeza de que pode beber? Não vai lhe fazer mal tanta pinga já cedo? – Na verdade Bafão preocupava-se mais com a integridade do seu mobiliário, que estaria sujeito a danos sérios, em decorrência de um possível descontrole do bebedor, do que propriamente com a saúde do cachaceiro. 
 
            - Bah, que dúvida! Sou curtido na pinga tche!  Mas como lhe dizia esse tal de Pery Kitto antes de começar os jogos falava que valia o “leva-leva” pra tocar os botões. Mas quando chegava a vez do adversário ele trocava tudo, garantindo que a regra era a de três toques. Você acredita seu Bafão, que numa tarde quando Pery Kitto, com o time do “Curintcha”, perdia o jogo pro primo dele, teve a coragem de soltar o gás dentro da cozinha? O cara era safado, meu! Sabe o gás? Esse de botijão? Então meu, o cara empestou o ambiente só pra melar a vitória do melhor. Mas pode uma coisa dessas, mano?
 
            - É verdade tudo isso? – Bafão simulava interesse. Seu objetivo era mesmo o “carvão” do freguês.
 
            - É sim, seu Bafão! Com certeza! O Pery Kitto odeia porco. Nem toque no assunto de torresmo que ele enlouquece. E feijoada então? Sabe dessas que vai pé de porco, orelha e joelho? Então, o cara se enfurece. Nem toque no assunto!
 
            - Não tenho visto o Pery Kitto. Ele sumiu, dizem que está doente. Será que é verdade? – indagou o barman ligando o rádio.
 
            - Está com o pé esquerdo inchado, mas muito cuidado com esse tal de Pery Kitto. Ele é mais falso do que dólar com esfinge de galo.
 
            - Olha, essa aqui é a segunda cerveja que tomo hoje. E já acabou. Aproveita e me dá outra super gelada. – Ado Henrique queria se esbaldar na gandaia a partir daquele momento.
 
            Quando servia o cliente, Bafão percebeu que Van Grogue entrou em silêncio. Ele não foi visto por Ado Henrique.
 
            - Assombração, de onde vieste? O que desejas aqui na terra do testudo? – murmurou Van Grogue num tom baixo e grave. E depois:
 
            - Olha o gambá! O gambá vai te cercar... Vai te comer os cornos...
 
            - Engraçado, seu Bafão, mas bah! De repente me veio a idéia daquele tal de Grogue. Por onde andaria o fulano? – indagou Ado Henrique sentindo os pêlos dos seus braços eriçarem.
 
            - Ah, aquele tem uma chácara lá no bairro Floresta. Trabalha no Detran; ganha quatro mil e quatrocentos reais por mês; quase não aparece por aqui. Ele possui um fusca e a namorada dele chama-se Terezinha. Sabe seu Ado, o Grogue foi muito mal tratado aqui em Tupinambicas das Linhas. O Jarbas e a chefe de gabinete dele, a tal de vovó Bim Latem, lançaram a seita maligna do pavão-louco contra o miserável. Envenenaram a caixa d´água da casa do infeliz e quase mataram todo mundo. O Grogue não pode nem ouvir falar em Jarbas que vomita – informou o prestativo Bafão, passando o guardanapo branco sobre uma mesa. 
 
            - Vade Retro satanás! – murmurava Van Grogue oculto atrás de um armário postado na parede oposta a do balcão – Ô carniça, besouro cascudo de cocô de vaca, você não tem outra camisa a não ser essa cor de rosa?
 
            - Seu Bafão! Que esquisito! Sinto a presença do Van Grogue. Mas não o vejo. Estou enlouquecendo?
 
            - É, o senhor não está muito bem, não. Acho melhor procurar ajuda. Conhece o doutor Silly Kone?
 
            - Hum... Silly Kone? Quem é? – o tom de voz do Ado Henrique denunciava dor, inquietação e sofrimento.
 
            - É gente fina. Dizem que os choques que ele aplica não passam dos 120 volts. Dão umas entortadas no cara, mas tudo fica bem depois. O senhor não quer experimentar? – havia certa ironia no falar do Bafão. - Olha, não quero me gabar, mas acho que um ou dois poderiam resolver o seu problema.
 
            - Vamos deixar quieto esse assunto – afirmou Ado Henrique pagando a despesa e saindo sem perceber a presença do Grogue.
 
            Depois que se viram a sós Van perguntou:
 
            - Já imaginou se eu trabalhasse mesmo no Detran de Tupinambicas das Linhas e recebesse R$ 4.400 por mês?
 
            - Seria o esplendor. Quem gosta de besouro é entomologista – arrematou Bafão, abrindo a primeira garrafa de cerveja.
 
 
 
Fernando Zocca.    
               
              
 

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publicado às 15:37


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