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Matraqueando mais do que repique de tamborim, Van de Oliveira Grogue entrou no bar do Bafão, naquela noite de domingo, e com o indicador da mão esquerda ereto, apontando pra cima, foi logo pedindo:
- Seu Bafão garanta já a sua noite de insônia e me conceda o mais precioso combustível sem o qual o nosso particular show da folie à deux não prospera.
Bafão que já estava nervoso com a papelada das contas mensais que se acumulavam dentro de uma caixa, num dos cantos do balcão, esfregou nervosamente o guardanapo no tampo da mesa em que o pinguço se sentaria e respondeu:
- Vossa pessoa veio pra beber ou pra conversar?
- Delícia de ambiente, todo bem decorado. O senhor caprichou hein bebê? Esta tudo muito bem. Só o seu sotaque está um tanto quanto que destoante.
- Que mané sotaque, meu? Sempre falei desse jeito e ninguém, até aqui, pôs reparo. Não é a partir de agora que isso será um problema – respondeu Bafão sem se preocupar com o fato de que poderia desagradar o freguês.
Saindo em direção ao freezer onde estocava a cerveja, Bafão percebeu que seu nervosismo, naquele momento, poderia embaraçar o relacionamento comerciante-freguesia prejudicando-o.
Mais pessoas chegavam conversando; paravam defronte ao balcão e assim que percebiam a atenção do proprietário do boteco, faziam os seus pedidos. Alguns se acomodavam às mesas, outros permaneciam em pé dispostos à bebericação.
Grogue murmurou, depois de obter seu litrão, colocado na mesa por um prestativo, mas estressado sofredor de halitose, também conhecido como Bafão:
- Tem certos momentos na vida que a pessoa passa a sofrer de ridiculite aguda. Essa inflamação no senso de ridículo demonstrando aquele estado de “sem noção”.
- Não me enche o saco Grogue.
O zunzunzum no ambiente estava denso; o ruído de copos e garrafas entremeava o som das vozes dos que conversavam. De repente, um cachorro preto, peludo, também conhecido como “o doidinho ululante da vizinhança” invadiu o boteco latindo a torto e a direito.
Correndo atrás do cão Delsinho Espiroqueta esgoelava o nome do bicho:
- Vem Magna, vem! Ai, minha Nossa Senhora!
Apesar do embaraço provocado pelos sapatos, bem maiores do que os pés do aflito perseguidor, ele ainda conseguiu alcançar o impulsivo cachorro, pondo-o no colo.
Zé Laburka que a tudo observava da sua janela estrategicamente semi-aberta numa parede lateral da sua casa de esquina murmurava com voz grave:
- Eu falei pra ele não usar minhas roupas e nem meus sapatos. Olha que coisa feia. Sapatos, calça e camisa bem maiores do que ele. Que vexame.
Sem conseguir dominar o cão latidor Delsinho soltou-o no meio da rua. Pra agonia dos transeuntes “o doidinho da vizinhança” viu-se, mais uma vez livre, bem leve e solto, pra atormentar as pessoas.
E mais uma vez fracassam as tentativas de promoção dos engodos, realizadas pelos ilustríssimos senhores professores doutores que laboram sobre premissas falsas. Já seriam 924?
O conceito de loucura mudou muito, meu nobre. As baterias psiquiátricas devem voltar-se para os que assassinam, agridem, furtam, roubam e causam sofrimento ao próximo. E não para a pobre ovelha que escoiceia defendendo-se.
E se ela, pobrezinha, já não sente dores de cabeça, por que haveria de procurar os analgésicos? Será que deveria submeter-se aos caprichos alheios, para garantir a “coerência” das premissas sobre as quais laboram os ilustres senhores professores e doutores?
Mas, ora veja!
Cadê o tratamento corretivo para os que lesam os cofres públicos? Cadê a sanificação do homem que, ao exercer um cargo público, retira o que não lhe pertence, deixando os verdadeiros destinatários das riquezas na miséria?
O poder alicerçado nesses conceitos dúbios, defendidos por gente sedenta de controle, de manipulação, chega agora ao fim. Com a graça de Deus.
Você tem ideia, a mínima que seja, de quantas injustiças foram cometidas por atitudes fundadas nessas concepções errôneas?
Você tem o menor conhecimento de quantas oportunidades foram perdidas, ao longo do tempo, por causa da loucura desses senhores professores doutores, que às ocultas, pelas costas, espalhavam o preconceito, o medo, a rejeição?
Não meu amigo, você não tem a noção do que fez. Você não pode imaginar o transtorno que causou. Não caberia na cabeça mesquinha o tamanho dos prejuízos materiais que essas teorias trouxeram.
Se fosse comigo, eu fechava a arapuca e abriria uma quitanda.
Muitas pessoas têm dificuldades para, mudando o comportamento, tornarem-se mais amistosas, mansas, pacíficas e socializadas.
Uma das causas impeditivas do amestramento eficaz seria a crença equivocada de que os bons são ingênuos, tolos e passíveis de serem enganados. Daí o exercício da crueldade.
A hereditariedade influi muito na conduta do indivíduo insistente na pratica dos malefícios a enteados, irmãos, mãe e vizinhos. O sujeito inquieto, querelante, espelha-se na figura do pai que também agia sem compaixão nenhuma com os filhos, a mulher e os vizinhos.
Para se tornar um líder respeitável no quarteirão a pessoa deve demonstrar sensibilidade e muito tato no trato com as pessoas, a começar consigo mesma.
O líder do quarteirão deve conhecer o alfabeto, interpretar corretamente as escrituras sagradas, permanecer atento às notícias dos jornais e estar sóbrio a maior parte do tempo, a fim de que suas percepções sejam reais.
O indivíduo que deseja ser influente num quarteirão deve conhecer as leis, evitar os motins de rua, os crimes, não usar drogas e respeitar a mãe viúva.
Não é o tempo de permanência num determinado local da cidade que habilita o indivíduo a ser o digamos... ”Xerife” do trecho. É preciso muito mais do que isso. É necessário, além das qualidades elencadas acima, ter alguma inteligência e bons propósitos.
Sem essas características o tal pretenso líder permanecerá lá no fundo do quintal onde só há choro e ranger dos dentes.
28/09/11
Se as autoridades civis e religiosas não interferirem em alguns casos de violência contra crianças, praticadas por familiares, certamente muitas delas não chegarão à idade adulta gozando da plena saúde física e mental.
Podemos entender que a não intervenção dos padrinhos, tios, e avós, tanto dos enteados quanto dos padrastos, tenha como fundamento, o desejo de que os problemas surgidos sejam resolvidos por eles mesmos.
Os conflitos entre um padrasto adulto e um enteado, com aproximadamente 10 anos, portador de certa deficiência, podem não terminar bem para o menor se o padrasto tiver um nível nulo de escolaridade, fizer uso abusivo do álcool e acreditar que tudo o que está amassado deve ser consertado à marteladas.
Os modos grosseiros do padrasto insensível sujeitam o enteado desprotegido, aos terríveis sofrimentos desnecessários. A desculpa de que esse crime de maus tratos é um carma a ser experienciado pela vítima indefesa, serve para manter as testemunhas responsáveis a certa distância.
O analfabetismo cerra as luzes morais e religiosas que poderiam amenizar a situação. Tomado pela circunstância na qual o próprio agressor sofreu também na sua infância, a violência do pai bêbado, usa ele agora o mesmo método aprendido.
Alguém poderia alegar que um pai alcoólatra batendo na própria filha adolescente, tentando conter nela os impulsos da idade, seria até mais trágico do que o padrasto desejoso de controlar o enteado com a violência moral e pancadas.
Em ambos os casos as autoridades e os responsáveis mais próximos deveriam intervir. Tanto na situação horrenda em que o pai espanca a filha e a esposa, quanto na do padrasto que subjuga o enteado.
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