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Matraqueando mais do que repique de tamborim, Van de Oliveira Grogue entrou no bar do Bafão, naquela noite de domingo, e com o indicador da mão esquerda ereto, apontando pra cima, foi logo pedindo:
- Seu Bafão garanta já a sua noite de insônia e me conceda o mais precioso combustível sem o qual o nosso particular show da folie à deux não prospera.
Bafão que já estava nervoso com a papelada das contas mensais que se acumulavam dentro de uma caixa, num dos cantos do balcão, esfregou nervosamente o guardanapo no tampo da mesa em que o pinguço se sentaria e respondeu:
- Vossa pessoa veio pra beber ou pra conversar?
- Delícia de ambiente, todo bem decorado. O senhor caprichou hein bebê? Esta tudo muito bem. Só o seu sotaque está um tanto quanto que destoante.
- Que mané sotaque, meu? Sempre falei desse jeito e ninguém, até aqui, pôs reparo. Não é a partir de agora que isso será um problema – respondeu Bafão sem se preocupar com o fato de que poderia desagradar o freguês.
Saindo em direção ao freezer onde estocava a cerveja, Bafão percebeu que seu nervosismo, naquele momento, poderia embaraçar o relacionamento comerciante-freguesia prejudicando-o.
Mais pessoas chegavam conversando; paravam defronte ao balcão e assim que percebiam a atenção do proprietário do boteco, faziam os seus pedidos. Alguns se acomodavam às mesas, outros permaneciam em pé dispostos à bebericação.
Grogue murmurou, depois de obter seu litrão, colocado na mesa por um prestativo, mas estressado sofredor de halitose, também conhecido como Bafão:
- Tem certos momentos na vida que a pessoa passa a sofrer de ridiculite aguda. Essa inflamação no senso de ridículo demonstrando aquele estado de “sem noção”.
- Não me enche o saco Grogue.
O zunzunzum no ambiente estava denso; o ruído de copos e garrafas entremeava o som das vozes dos que conversavam. De repente, um cachorro preto, peludo, também conhecido como “o doidinho ululante da vizinhança” invadiu o boteco latindo a torto e a direito.
Correndo atrás do cão Delsinho Espiroqueta esgoelava o nome do bicho:
- Vem Magna, vem! Ai, minha Nossa Senhora!
Apesar do embaraço provocado pelos sapatos, bem maiores do que os pés do aflito perseguidor, ele ainda conseguiu alcançar o impulsivo cachorro, pondo-o no colo.
Zé Laburka que a tudo observava da sua janela estrategicamente semi-aberta numa parede lateral da sua casa de esquina murmurava com voz grave:
- Eu falei pra ele não usar minhas roupas e nem meus sapatos. Olha que coisa feia. Sapatos, calça e camisa bem maiores do que ele. Que vexame.
Sem conseguir dominar o cão latidor Delsinho soltou-o no meio da rua. Pra agonia dos transeuntes “o doidinho da vizinhança” viu-se, mais uma vez livre, bem leve e solto, pra atormentar as pessoas.
Henriqueta Fossa e Elisa Buffa conversavam na esquina:
- E aí, amiga? Sarou da ressaca? - perguntou Elisa.
- "Mardita" pinga aquela que me deram... Me fez um "mar" terrível - respondeu Henriqueta.
- Toma um chá de boldo, comadre. Você vai ver tudo melhora - consolou Elisa. E depois concluindo:
- A senhora já passou dos 82 anos. Não seria bom parar com a talzinha?
- Que nada filha... O que é que a gente vai fazer numa quiçaça dessas? Se não tem o boteco, o que a gente faz?
- Mas dona Henriqueta... E o crochê, minha nega? - provocou Elisa.
- E lá eu sou velhota de crochê? Ora faça-me o favor dona Elisa. E me dê licença que meu feijão está no fogo; parece que a panela tá bufando.
- Vai dona Henriqueta... Vai... Vai tomar... Lá na sua cozinha, conta do seu feijão.
Depois do almoço, lá pelas três horas da tarde, Henriqueta saiu de casa e foi direto ao armazém da esquina onde pretendia comprar o leite e o pão para o café da tarde.
Como não gostava de caminhar pela calçada, a velhota, alta, magra, desengonçada, que falava grosso devido a um problema na garganta, iniciou o percurso pelo meio da rua.
Enquanto caminhava um automóvel vendendo pamonha anunciava pelo alto-falante:
- Olha a pamonha, senhora dona de casa. É o legítimo creme do leite. É a pamonha de Tupinambicas das Linhas. Venha conferir minha senhora...
Henriqueta sentiu-se incomodada. Teria sido aquela funesta Elisa Fossa, a vizinha maledicente a responsável por essa gandaia toda no quarteirão? Quem é que aguentava tanta judiação?
Não teve tempo de concluir o seu raciocínio porque já tinha chegado ao armazém.
Havia um pessoal aglomerado, esperando numa fila, a vez de pagar o que comprara, no caixa.
Sentindo-se insegura Henriqueta imaginou que se estivesse na sua cidade natal, Salvador, na Bahia, estaria bem menos nervosa.
- Seu Messias, eu quero 24 pães. Me põe em dois sacos, faz o favor. E me dê também um litro de leite de caixinha. De saquinho já ando cheia.
Messias conhecia bem a figura. Olhou-a por cima dos aros dos óculos e disse:
- Ô Almeida: atende a dona Henriqueta. Que ela tem pressa.
Almeida, atrapalhado com as suas 1001 ocupações no armazém, deixou o que fazia e atendeu a freguesa dando a ela o que pedira.
Saindo com os embrulhos Henriqueta sentenciou:
- Põe tudo na minha conta, seu Messias, lindinho da vovó, que no final do mês a gente pagamos.
Messias tirou a caneta que estava equilibrada na orelha direita e anotando a despesa numa folha de papel, passou a receber o dinheiro dos demais que estavam na fila.
Na volta, caminhando pelo meio da rua Henriqueta sentiu-se obrigada a usar a calçada porque um caminhão vendendo gás de cozinha passava anunciando, tendo ao fundo a sinfonia Für Elise, do compositor alemão Beethoven, a mercadoria pelo alto-falante:
- É o gás, meu amigo, minha amiga e senhora dona de casa. Aproveite a promoção. Leve agora o seu gás e ganhe um brinde lindo.
Chateada Henriqueta chegou a sua casa. Quando se preparava para tomar o café alguém tocando, com insistência a campainha foi logo lá de fora gritando:
- Como é sua velha safada!!! Quando vai pagar os 182 reais que me deve?
Era Elisa Buffa que, acarinhando a barbicha branca de um bode velho, parada defronte ao seu portão, incomodava-a mais outra vez.
Quase todos sabem que a vida sedentária, isto é, aquela em que a pessoa fica muito tempo sentada ou parada, não faz bem para a saúde.
As consequências para aqueles que não se mexem são bastante desagradáveis. Uma delas é a obesidade. Depois disso, a pressão alta, o diabetes, os riscos maiores de infartos e os derrames cerebrais estarão sempre presentes.
Sabedor disso eu vou, pelos menos quatro vezes por semana, até a área de lazer do Piracicamirim, onde corro durante uma hora.
Não é uma corrida desabalada vista comumente nos campos de futebol. Os entendidos no assunto denominam o estilo de "trote"; seu ritmo é mais rápido do que o passo comum e mais lento comparado com o chamado galope.
Depois do exercício geralmente eu me sento num daqueles bancos até baixar a temperatura e o ritmo cardíaco voltar ao normal.
Numa destas ocasiões sentou-se ao meu lado um cidadão magro, de estatura mediana; ele tinha os cabelos já embranquecidos, usava óculos de grau, vestia camisa de mangas longas donde tirou um maço de cigarros, sacou um deles e acendeu-o com o isqueiro, que buscou no bolso da calça social cinza.
Depois da baforada, que soltou sobre a minha cabeça suada, ele me perguntou:
- Vejo sempre você correndo por aqui. Como faz isso?
Eu lhe expliquei que antes de correr é preciso reaprender a caminhar. Para os que estão acostumados a locomover-se sentados, nos sofás dos carros, é bom começar fazendo trajetos curtos. Depois então é que se iniciam as corridas.
- Você é de Piracicaba? - ele me perguntou.
- Sou sim - respondi-lhe - moro aqui há mais de 60 anos.
- Eu também sou nascido e criado nesta terra. Sou funcionário afastado da prefeitura por causa do nervo ciático - contou ele soltando outra baforada para o meu lado, - mas no meu tempo de moleque não tinha esse tipo de diversão, essas áreas de lazer. A gente ia quase sempre para os ranchos de pescaria.
Eu então me lembrei de que há muito e muito tempo frequentava, de vez em quando, o rancho de pescaria de uns amigos.
- Quando criança - continuou o funcionário - depois que meu pai se desentendeu com os irmãos dele a gente foi morar numa casa bem simples que estava desocupada. Meu pai colocou forro, soalho e fez outras reformas. Os parentes dele diziam que ele era o Batman, sabe o Batman, o cavaleiro das trevas? Falavam assim porque, segundo eles, meu pai, quando brigava, batia muito. Ele era o Batman e eu o Robin. Sabe aqueles dos gibis?
- É claro que sei. Eu colecionava gibis e trocava os repetidos, antes do início das sessões da tarde, nos cinemas naquela época.
- Então, numa ocasião - continuou o meu mais recente confidente - um dos meus tios me convidou para passear de caminhão. Ele me disse que eu deveria ir na carroceria, que era de madeira. Eu tinha, acho que uns 10 ou 11 anos. Logo que subi na carroceria onde ia de pé e sozinho, vi um pano acetinado preto, jogado num dos cantos. Era uma espécie de capa. Sabe aquela do Robin?
- Sim sei.
- Então... Coloquei ela na costa e amarrei as duas pontas no pescoço. Ela tremulava com o movimento do caminhão. Ficava até bacana. Quando passamos perto da Rua do Porto, onde havia um grupo de pessoas, algumas delas gritaram "ei, mascarado!!!"; isso me deixou bem, mas bem chateado mesmo.
Eu percebi, naquele momento que o cigarro do meu interlocutor já havia chegado ao limite, quando então ele acendeu outro e continuou:
- Depois que a gente mudou para aquela casa que foi reformada por meu pai, logo em seguida uma outra família veio morar na vizinhança. O casal tinha quatro filhos. Três meninas e um menino. Eram todos ainda muito crianças. Mas fizemos amizade e eu ia mais na casa deles do que eles vinham na minha. Numa tarde, não sei porque (acho que por excitação, sabe... Tesão mesmo?) eu convidei uma delas pra brincar de médico. Ela ficou na dúvida. Então eu expliquei que ela seria a paciente e eu o doutor que a examinaria. Ela teria que tirar a roupa; só assim a brincadeira daria certo. A menina ao invés de me dar uma resposta foi consultar a irmã mais nova. Esta, por sua vez, resolveu perguntar para a mais velha. Se ela permitisse, ai sim, então a gente brincaria.
Eu estapeava os mosquitos quando então o funcionário afastado, por causa do ciático inflamado, continuou:
- A irmã mais velha, olhando-me de cima pra baixo, bem desconfiada e com certa zanga, chamou todo mundo e atraindo-nos para defronte a escada que ficava bem na frente do quarto de dormir dos pais dela, sentar-se num dos degraus e, com ar sério de autoridade, ouvir minhas explicações, sobre a brincadeira, disse que não permitiria que isso acontecesse. Mas de jeito nenhum. Eu fiquei muito chocado, contrariado, com cara de tacho. Bom, passou bastante tempo, até que recebi na minha casa a visita do meu coleguinha, irmão das meninas. Ele me convidava pra ir ao rancho de pescarias junto com o pai dele. A gente tinha que sair bem cedo. E foi isso mesmo o que aconteceu. Não me lembro se fomos de ônibus. Mas acho que percorremos uma parte de ônibus e outra, nós fizemos a pé. Quando chegamos lá e quando o paizão abriu a porta do digamos, barraco, o odor era muito desagradável. Ele então abriu as janelas e o clima melhorou. Bom, quando a noitinha vinha chegando ele resolveu fazer a janta. Para isso deveria lavar alguns objetos. Sabe aquela tralha de cozinha? Ele pegou uma frigideira, que continha resíduos de óleo e peixes, chamando-me até a escada que ficava na margem do rio, e sentando-se num dos degraus, pôs-se a, ostensivamente, esfregar limão no recipiente. Logo depois pegando areia do barranco passou a arear a frigideira. Sabe, foi a ênfase que ele pôs nos gestos que me deixou com a pulga atrás da orelha. Quando a noite chegou, o paizão chamou-nos, eu e o filho dele, pra frente da porta que dava pro terreiro pelo qual se devia passar pra chegar às margens do rio. Havia ali um bambuzal. Ele pegou uma vara grande, fina, bem comprida, e a sacudindo com força, fez com que os morcegos, que voavam por ali, se chocassem contra ela. Um dos morcegos, filhotinho ainda, caiu aos nossos pés. Ele então pegou, pela ponta da asa, o bichinho morto e mostrando-nos disse: "Está vendo como é?" Você sabe, eu sou bem retardado, demoro muito para entender as coisas, pra ligar lé com lé, cré com cré. Entende? Eu não imaginava o que o pai fera estava querendo dizer com aquilo tudo. Naquela noite, depois de tomar um café super forte, acho que coado na cueca do meu coleguinha, não dormi até o dia seguinte. Não sei, não tenho certeza, mas acho que foi naquela madrugada que começaram as minhas dores de cabeça e a insônia crônicas.
- Mas agora você conseguiu sarar da insônia? Está curado disso? - perguntei me preparando para voltar para casa.
- É claro que hoje eu durmo normalmente. Não sofro mais por causa disso. Agora o que me incomoda é esse nervo ciático que não me dá trégua.
- Um dia, quem sabe, quando você sarar, poderá andar bem e até correr assim com eu faço hoje - disse-lhe.
- É verdade amigo. Tenho que parar como cigarro e a pinga. Não parece, mas é a "marvada" que me atrapalha - revelou ele.
Cansado mas satisfeito, levantei-me e despedindo-me do meu mais novo colega, contador de histórias, fui direto para casa, onde um banho bem quentinho me aguardava.
Você já foi confundido com alguém enquanto caminhava pela rua?
Às vezes, isso acontece.
É muito comum uma pessoa, ao ver outra, de certa distância, achar que seja sua conhecida e esboçar o cumprimento que se transforma em frustração, depois que chega perto.
Pode ser que o confundido esteja procurando algo que lhe subtraíram como, por exemplo, uma bicicleta ou fios de cobre.
Já imaginou o cidadão conquistar um emprego dependendo do bem, que lhe é furtado, logo depois da assinatura do contrato?
A situação é semelhante ao do Estado que, para produzir alimentos, ou assentar seus cidadãos, precisa do território ocupado por estrangeiros.
Ou do grupo de herdeiros que, ansiando pela venda dos imóveis do espólio, frustram-se ao ver um deles ocupado por quem não poderia fazê-lo.
Ou do "atordoado" fisgado pela beleza da moça previamente industriada - pela "pedagogia" de um deputadozinho e sua quadrilha - a lhe dar o maior "toco", jamais visto em toda a história do imbecil.
Mas há os encontros em que o reconhecimento é imediato; rendem bons papos como naquele em que se soube do suposto bloqueio da sexualidade da moça, originado nas consequências da separação dos pais - causada pelo adultério da mãe - que poderia diluir-se com a vivificação da situação existente nos conflitos precedentes da ruptura do casal.
Mas não é que a mãe zelosa, justificando sua aversão ao marido, não deixaria de permitir que a filha compartilhasse, por alguns momentos, a cama, com alguém considerado agressivo, objetivando exemplificar o que o pai dela fazia à esposa tão sofredora?
Mas vá saber o meu querido leitor, se a intenção do quadrilheiro bicudo federal não seria a de confrontar, para fins "terapêuticos" e "pedagógicos", um suposto pedófilo e uma vítima dessa afecção?
Pra manter um mandato regiamente pago pelo povo, durante tanto tempo, vale tudo, até vender a mãe.
Dizem as más línguas, que político "turco", para ganhar a eleição vende sim, a própria progenitora. Mas que não a entrega por ser a promessa descumprida a verdadeira questão de honra pro bom homem do povo.
Se as autoridades civis e religiosas não interferirem em alguns casos de violência contra crianças, praticadas por familiares, certamente muitas delas não chegarão à idade adulta gozando da plena saúde física e mental.
Podemos entender que a não intervenção dos padrinhos, tios, e avós, tanto dos enteados quanto dos padrastos, tenha como fundamento, o desejo de que os problemas surgidos sejam resolvidos por eles mesmos.
Os conflitos entre um padrasto adulto e um enteado, com aproximadamente 10 anos, portador de certa deficiência, podem não terminar bem para o menor se o padrasto tiver um nível nulo de escolaridade, fizer uso abusivo do álcool e acreditar que tudo o que está amassado deve ser consertado à marteladas.
Os modos grosseiros do padrasto insensível sujeitam o enteado desprotegido, aos terríveis sofrimentos desnecessários. A desculpa de que esse crime de maus tratos é um carma a ser experienciado pela vítima indefesa, serve para manter as testemunhas responsáveis a certa distância.
O analfabetismo cerra as luzes morais e religiosas que poderiam amenizar a situação. Tomado pela circunstância na qual o próprio agressor sofreu também na sua infância, a violência do pai bêbado, usa ele agora o mesmo método aprendido.
Alguém poderia alegar que um pai alcoólatra batendo na própria filha adolescente, tentando conter nela os impulsos da idade, seria até mais trágico do que o padrasto desejoso de controlar o enteado com a violência moral e pancadas.
Em ambos os casos as autoridades e os responsáveis mais próximos deveriam intervir. Tanto na situação horrenda em que o pai espanca a filha e a esposa, quanto na do padrasto que subjuga o enteado.
Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, (foto) vestindo uma camisa verde, calça e botas pretas, dizendo que daria uma palestra, entrou hoje, por volta das 08h00min, na Escola Municipal Tasso da Silveira, situada à Rua Bernardino Gomes de Matos, bairro Realengo, zona Oeste do Rio de Janeiro, e disparou mais de uma centena de tiros, matando nove meninas e um menino.
A escola passa por um período de comemoração dos seus 40 anos de existência, atendendo deficientes auditivos e visuais, na faixa etária entre os nove e 14 anos.
Wellington, que foi aluno da escola, portava dois revólveres calibre 38 e um cinturão carregado com munição sobressalente.
Logo depois do início do tiroteio dois meninos e uma professora conseguiram correr para a rua onde comunicaram a ocorrência ao 3º Sargento Alves, da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que fazia um patrulhamento de transito com sua equipe, no quarteirão próximo.
Os policiais entraram na escola e, no segundo andar, na troca de tiros com Wellington, conseguiram alvejá-lo na perna. Caído na escada o agressor que, deixou uma carta de suicídio, matou-se com um tiro na cabeça.
Além das 10 crianças mortas outras 18 pessoas ficaram feridas. Segundo algumas fontes Wellington era filho adotivo, portador de AIDS, perdera a mãe recentemente e morava sozinho.
O governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio Eduardo Paes, numa entrevista coletiva à imprensa, na quadra de esportes da escola, garantiram que a entidade não será fechada.
O líder comunitário e a rabiola presa
Quando um líder comunitário tem entre os seus credores um deputado federal, dificilmente poderá repercutir opinião diferente deste, mesmo que totalmente equivocada.
Dentre as confusões que fazem sobre o que seja ou não roubo, esquecem-se de classificar os de maior ou menor potencialidade danosa ao bem comum.
Apesar de o delito estar presente tanto no furto de um panetone, quanto num fardo de dinheiro público, este último produz muito mais malefícios do que o primeiro.
Quando falamos em panetones não podemos deixar de lembrar os roubos ocorridos no Distrito Federal, em que estiveram envolvidos, dentre outros, o ex-governador José Roberto Arruda, então filiado ao DEM.
Para quem ainda não sabe, DEM é a sigla do partido dos democratas, aqui no Brasil, aliado ao PSDB que por meio de José Serra, disputa a presidência da república.
O PSDB tem afinidades com o partido Republicano dos Estados Unidos e no tempo de FHC, Bill Clinton então presidente daquele país, comprometeu todo mundo a sua volta, quando veio a público o escândalo com a estagiária Mônica Lewinsky.
Poderíamos dizer, sem medo de nos enganarmos, que não haveria crime sem lei anterior que o definisse?
Então, como é que podem estes senhores, afirmar serem delitos, a publicação das fotos de um contador meliante, sua concubina bancária e filha desocupada, flagrados no exato momento em que agrediam, com socos e pontapés, a um pacato cidadão, no corredor de uma lan house?
Como é que podem afirmar ser delito o uso de fotografias, vídeos e textos publicados na internet, se não existe lei anterior que defina tais atos como crime?
Durante a caminhada não é incomum suportarmos reveses desconcertantes. Mas ao invés de nos encharcamos com as lamentações murmurantes, o mais salutar é sair à luz, buscando melhores circunstâncias.
A procura por soluções denotaria o reconhecimento de que as nossas atitudes não são as mais corretas e que, portanto, precisamos mudar o modo de reagir aos problemas diários.
As transformações ocorrem com tamanha velocidade, nesse princípio de século 21, que urge revermos os velhos costumes atadores a situações estagnadas, improdutivas.
Quem falaria em Internet há alguns anos passados? Quem diria ser possível, às mulheres, concorrer nas eleições, para a presidência da República? Não chamariam “louco” o cara que ousasse dizer ser real a possibilidade de um negro tornar-se presidente dos Estados Unidos?
No entanto isso tudo está ocorrendo. Os hábitos antigos, costumes do século precedente, não teriam tanto peso na solução dos problemas atuais.
Então ao contrário de permanecermos imóveis, improdutivos, descontentes, irados e sem bom senso, seria benigno que nos dedicássemos a aprender a fazer algo útil aos nossos semelhantes mais próximos.
O nhenhenhém não dá camisa a ninguém. Só o gogó não resolve a problemática familiar angustiante. Carecemos de ações, de obras em prol do próximo.
É chegada a hora de arrumar um bom serviço e trabalhar. A criançada agradece.
Cindy Crau, quando criança, em Tupinambicas das Linhas sofrera abuso sexual praticado por um motorista de caminhão basculante. O sujeito era completamente calvo e tinha um bigode basto e peludo. Ele andava com a camisa aberta no peito e fora da calça.
O degenerado bebia pinga no bar da esquina, onde também fazia jogo do bicho. Zé de Quincas gostava daquele ambiente, pois se via livre das amarras e opressões que sofria no seu trabalho e lar.
Zé padecia com a insônia, abusava do álcool e fumo. Vivia sem barbear-se e levara um duro golpe da vida quando a mulher danou-o, corneando-o com um colega seu.
A raiva que o dominava transformou-o num misógino obcecado. Mas a libido que o perturbava, esvaia-se de vez em quando, nas safadezas contra crianças inocentes.
Era muito chato e não gostava de andar a pé pelas ruas. Por isso comprara um Monza velho, esburacado pela ferrugem e, com o IPVA atrasado.
Ele conhecia o Gera que não era outro senão aquele do qual já lhes contei inúmeras passagens e historietas.
Eu soube, por meio do Gera, que o Zé de Quincas possuíra muito dinheiro, quando fora casado com sua primeira esposa. Eles tiveram um filho, mas a mulher cansou de apanhar, por isso buscou em outros braços os carinhos que o Zé não lhe dava.
Ao separarem-se, Zé de Quincas desejou ficar com o filho, que naquela altura do campeonato apresentava já sinais de esquisitice preferindo usar roupas de meninas. Os trejeitos delicados indicavam que ele se sentia melhor vestido como mulherzinha do que igual aos garotos.
Ao ver aquilo, Zé teve a certeza absoluta que teria um viegas pra conferir. O fiofó dos escolhos, produto daquela união, com certeza não lhe daria as alegrias que teriam os pais dos outros moleques da vizinhança.
Os cabelos curtos, voz de contralto e a crença de que não poderia mesmo contar com aquele seu rebento, levaram o Zé de Quincas a arrepender-se de todos os males que causara durante toda sua vida malévola.
Mas a criança sabia que a exibição da sua imagem diariamente seria uma forma de dizer: “Olha aí, estão vendo? Vocês me encheram o saco, mas agora estou aqui fazendo e acontecendo, enquanto que vocês, os zombadores, continuam nessas vidinhas de murmuradores covardes”.
A Cindy Crau uma das inúmeras vítimas do Zé de Quincas tremia ao ver aquela figura sinistra ali na sua frente. Ela tinha sincopes e chiliques só de ouvir falar o nome do tarado.
Publicado originalmente em 03/03/2004 no usinadeletras.com. br
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Boquiabertos os moleques punham-se quietos, temerosos dos seres demonizados por Augusto. Esse era o governo do supermacho que quando ficasse velho, seria tratado do mesmo jeito usado para controlar aquelas crianças.
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