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O Berimbau e o Piano

por Fernando Zocca, em 30.05.16

 

 

 

Ficamos felizes quando ganhamos presentes bons, úteis; mais alegres ainda se, ao recebermos os agrados, somos crianças.

Cremos que em qualquer idade, tanto na infância quanto na velhice, os presentes podem significar o grau de importância atribuída ao presenteado, por aqueles presenteadores.

Quando ainda pequenos o quanto não nos pode agradar os brinquedos recebidos de um conhecido, mesmo sabendo que eles não são novos?

A troca da posse, a mudança do domínio sobre os objetos infantis, ou mesmo das coisas desejáveis pelo adulto presenteado, indica a diminuição de certo valor do rol dos bens de quem presenteia, em troca da satisfação e prazer do favorecido.

O objeto presente, ou a coisa com que se presenteia, precisa ser próprio do presenteador; se assim não for haveria a caracterização daquela prática condenável de “fazer gentileza com chapéu alheio.”

Mas o objeto presente, isto é, a coisa com que se agrada a alguém, não é a mesma (embora até possa ser) do que o estar presente, por exemplo, numa sala de aulas ou sessão camarária.

Nem sempre presentear significa o desejo sincero de alegrar ou felicitar o presenteado; tanto é assim que o tal “presente de grego” não é salutar aos considerados amigos.

E aos que consideram que “ninguém dá ponto sem nó”, a função do presente seria a da obtenção da satisfação posterior.

Então, desta forma, não seria nada esquisito que, numa determinada época do ano, alguém presenteando seus concidadãos com um pé de sapato, do tênis caro, ou mesmo com a metade duma nota de dinheiro, prometesse doar a outra parte, logo depois de eleito.

Revestidos de retribuições são os presentes que se obtém na forma de vitórias nas licitações públicas de determinadas cidades, estados ou país.

Já imaginaram o que seria de certos candidatos sem as empreiteiras que lhes financiassem as campanhas?

Nem sempre a troca de presentes está restrita às datas importantes, como por exemplo, no Natal. Neste sentido o entendimento de presentear deve ser o de troca de favores; ou seja: “Você me dá a grana pra financiar a campanha e eu te dou o direito (por passes de mágica nas licitações), de fazer as obras públicas com os superfaturamentos rendosos, é claro”.

Mas presentes bons mesmo são aqueles que suprem necessidades, carências, precisões.

De nada serviria a alguém receber algo que já tivesse. Então, camisas para os descamisados, sapatos para os pés descalços, casas para os desabrigados, empregos para os desempregados, e amores para os mal amados, não seriam presentes desnecessários.

Se o berimbau e o piano têm cordas ou fios não são as crianças que o sabem. Melhor presente seria informar sobre o desconforto que as traquinagens infantis causariam aos adultos do que levá-las ao cometimento dos atos condenáveis pela família e a sociedade.

Mas político não é professor, compreende? Se para este o objetivo é conduzir seus alunos aos bons caminhos e ideais, para aquele a preferência seria a de salvar-se da penúria, mesmo que com isso causasse o arruinamento das instituições da sua cidade, do seu estado ou país.

Infeliz o político que ao enganar, mentir, subtrair para si, ou para alguém, as coisas públicas, pensa que faz igual aos jogadores de futebol, que com aqueles seus dribles fabulosos, enganam os adversários, levando o seu time à vitória.

 

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publicado às 11:34


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