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O dentista e o dono do circo

por Fernando Zocca, em 03.08.15

 

Gato preto.jpg

 

Nestes últimos dias tivemos algumas notícias destacadas relacionadas aos animais.
A primeira delas nos dá conta de um dentista que, no Zimbábue, matou um leão estimadíssimo do povo e das autoridades do lugar.
Da informação consta que ele teria pago alguns milhares de dólares na aquisição do suposto direito de matar a fera.
Há contradições quanto a legitimidade ou não do ato maligno do dentista; a princípio, porém, ele agiu de forma errada tendo posto fim à vida de um animal conhecido, tratado e estimado por seus próximos.
Buscando defender-se o odontologista garantiu que sua vítima não era o tal festejado leão, mas sim um parente dele.
Entretanto, ocorrência passada na vida do saca-molas, como por exemplo, o fato de já ter sido condenado, pela morte de um urso, surgiu reforçando a tese da sua culpabilidade.
É claro que diante dos fatos, das provas e da legislação vigente deve o caçador responder por seus atos.
Outra notícia relacionada aos felinos nos informa sobre o recentemente falecido dono de circo Orlando Orfei, que na década de 1970, permitia a entrada das crianças às sessões, recebendo como pagamento gatos vivos.
Segundo os comentários Orfei, assim como os imperadores romanos, que lançavam no coliseu, às feras os cristãos, jogava aos leões os gatos vivos.
A crueldade contra os animais expressa bem a natureza do coração do maldoso.
Se o sujeito faz isso com cães, gatos, leões ou qualquer outro bicho indefeso, o que não faria com mendigos, crianças, adolescentes vulneráveis ou pessoas idosas?
Diz um velho ditado "É melhor prevenir do que remediar". Por que esperar a gravidez da enteada adolescente, o estupro continuado do menino deficiente ou o assassinato do tio gay, se os fatos do dia a dia evidenciam a iminência das ocorrências?

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publicado às 15:17

O Santo Cristo

por Fernando Zocca, em 21.07.15

 

 

 

Rio de Janeiro 03 07 a 18 de 07 de 2015 036.JPG

 

Nestes 16 dias que estivemos na cidade do Rio de Janeiro, tivemos a oportunidade de assistir celebrações religiosas em Igrejas distintas de lugares diversos.
Numa delas foi na do Santo Cristo (foto). Na peregrinação em que "As raposas tem suas tocas e as aves do céu seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça", não é incomum encontrar pessoas com a sorte semelhante.
Depois de uma missa sentei-me num dos bancos da praça onde antes ali havia um cidadão já acomodado.
Os diálogos, que nestes casos, começam sobre o tempo e a temperatura, naquele momento principiaram com o lamento choroso de quem dizia ter perdido todos os seus bens em decorrência de alguns atos escusos praticados por seus familiares.
Subnutrido, mal vestido, sem banho há dias, o homem explicava que a confiança que depositara em seus irmãos, numa questão de herança, valeu-lhe a perda da parte que lhe cabia, restando-lhe somente o sofrimento.
Suas lágrimas embargavam-lhe as palavras e sua questão principal era saber o que teria feito - e em qual momento da sua vida - de tão ofensivo assim à irmandade.
Expliquei-lhe que independente dele haver ou não feito algo que ofendesse profundamente os irmãos, o caráter deles seria o determinante das condutas justas ou injustas, relacionadas às questões de herança.
Desta forma, expliquei, se tivessem eles mais crueldade nos corações, do que compaixão, certamente que não seria este ou aquele erro, este ou aquele acerto, os determinantes das atitudes corretas relacionadas aos bens da herança.
O homem seguiu dizendo que com alguns documentos seus e seu nome, abriram contas bancárias, fizeram aquisições no comércio e depois, sem pagar, sumiram deixando-lhe somente a reputação de estelionatário.
Ele dizia-se temeroso quanto ao futuro. Sem ter para onde ir, o que comer, o que fazer, e a quem recorrer, indagava-me se podia ajudá-lo.
Sem dúvida nenhuma este - dentre outros milhares - era mais um caso para a assistência social do município, para as caridosas almas cristãs e o predomínio do reino dos céus.

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publicado às 12:48

Inquietação

por Fernando Zocca, em 20.07.15

 

 

 

Rio de Janeiro 03 07 a 18 de 07 de 2015 065.JPG

 

Estivemos durante alguns dias, deste julho de 2015, na cidade do Rio de Janeiro.
A proposta visava mais arrefecer certos ânimos dificultosos de adaptação às novas ordenações psicossociais que presenciavam, reagindo insistentemente com crises de ódio e comportamento psicótico.
Quando saimos da cidade natal sabiamos o que enfrentaríamos. Mas a esperança de que haveria o providencial amornamento dos ânimos agressivos, davam-nos a força para prosseguir no conseguimento da tão esperada acomodação.
Na busca da paz muitos produzem mais do que podem, fazendo coleta em benefício dos necessitados da paróquia, assistindo as missas, participando das reuniões semanais das conferências e até retirando-se do "teatro das operações" para o bem da calmaria.
Um dos pontos turísticos que visitamos na sede das Olimpíadas de 2016 foi a Praça da República.
O local é imenso, todo arborizado; há lagos, ilhas. Soltos pelos campos há patos, cutias (Dasyprocta agouti), gatos, galos e pavões. As vias, por onde circulam as pessoas, dispõem de bancos de ambos os lados.
Há gente que se utiliza da Praça da República unicamente para "cortar o caminho" entre os seus destinos. Mas há quem se valha das vias do parque para a prática da caminhada, dos exercícios físicos em grupo ou corrida.
Apesar de estar sempre muito bem limpo e organizado, o local não tem um chuveirão, no qual o corredor ou caminhante possam higienizar-se depois das atividades físicas.
Observa-se também a ausência de sanitários. A vigilância é intensa, havendo a locomoção constante dos responsáveis, em veículos especiais silenciosos.
São muitos os frequentadores habituais da Praça da República. Não duvide, meu querido leitor que, dentre eles haja quem pense, diga e viva a tese de que "por você, seu sorriso, seu carinho e a sua compreensão, sou até capaz de morar na rua".

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publicado às 21:14

Neto

por Fernando Zocca, em 17.06.15

 

Como você pode saber quem é seu avô, se não conhece nem o seu pai?
A pluralidade dos parceiros sexuais realmente gera esse tipo de dúvida.
A não ser por uma pesquisa bem feita do DNA, o cidadão não teria nem mesmo a vaga noção de quem seriam os seus verdadeiros ascendentes.
Isso implica em direito à pensão alimentícia e à herança. Você sabe: a mãe é sempre certa, mas o pai... Bem, dependendo do estilo de vida da progenitora ele pode ficar desconhecido para todo o sempre.
Filhos diversos, de pais dessemelhantes, porém da mesma mãe, seriam irmãos unilaterais.
E quando o sujeito não tem muita certeza sobre suas raízes pode ter atitudes vacilantes. Por exemplo: o camarada tem "alma de poeta" e se mete nos negócios que envolvem muitas pessoas.
Não é raro, em certas localidades, atribuir o adjetivo "poeta" ao sujeito folgado, sem muita disposição para o rame-rame do dia a dia.
Então lá se vai o romântico enamorado delirante a constituir empresa comercial em cujo futuro terá a delapidação do patrimônio da familia.
Nessa aventura romântica/comercial o camaradinha pode perder a familia, ter os filhos dispersos, acumular dívidas impagáveis e ter de se retirar para a periferia da cidade.
Nessas ocasiões nem mesmo as lembranças daqueles velhos saraus onde flautas, bandolins, banjos, pandeiros e saxofones vibravam, metódica e chorosamente, ao entardecer de certos dias da semana, poriam fim à melancolia grudenta.
Na lembrança do passado distante haveria a certeza de que o desconforto dos periquitos aprisionados nas gaiolas douradas, não convenceria os vetustos senhores que papagaios gostam mesmo de, ao entardecer, dormir tranquilamente.
Na mente adoentada surgiria, em consequência, uma espécie de "saudade" dolorida que desaguaria na adulação da base territorial.
Lisonjas conpensatórias reiteradas, e cansativas, comporiam então as ladainhas do arruinado poeta/comerciante das famosas e eficientes máquinas de escrever.
E se a sorte não lhe foi tão bondosa no curso da vida, tão sofrida, por quê não embarreirar o caminho dos pósteros?
Como pode, meu amigo, o neto saber quem é o seu avô, se não conhece o próprio pai?

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publicado às 12:40

Quer aparecer

por Fernando Zocca, em 30.12.14

 

 

O que seriam das TVs, das câmeras filmadoras, fotográficas, dos filmes e das apresentações teatrais se prevalecesse a noção de que o exibir-se é condenável?
Não podemos deixar de crer que reprovam as manifestações pessoais, ao público - o querer aparecer - todos aqueles que julgam não ter predicados para fazer o mesmo.
Há indivíduos portadores de personalidades psicóticas que não admitem ser olhados por julgarem ter algo físico causador da zombaria. 
Na maior parte das vezes, porém, a base do desejo de viver às ocultas, pode estar na autoestima debilitadíssima. 
Então, ao contrário do que fazem as pessoas do mundo inteiro, postando na Internet selfies e filmes com imagens próprias, os que se menosprezam, procuram hostilizar moral e fisicamente aqueles que assim agem ao seu redor.
O que se vê é a negação da tecnologia ou a sua incapacidade para utilizá-la em proveito próprio. Na verdade é a negação de si mesmo e tentativa de sufocação dos que não são reputados semelhantes. 
Desconsiderando as possíveis descompensações orgânicas, razões prováveis de tanta insensatez, conclui-se que a deficiência, no aproveitamento dos benefícios trazidos pela tecnologia, só pode ter origem na falha da educação fundamental. 
Agora adicione-se à essa formula o uso imoderado do álcool, tabaco, e drogas ilícitas. 
O resultado é a exacerbação dos núcleos retardatários agressivos, impermeáveis às tentativas de socialização.
Das hostilidades morais, partem então, os criminosos, para a intimidação, o constrangimento; não raras vezes eles - os criminosos - obtém o beneplácito de algumas "autoridades" do legislativo/executivo, mal informadas ou desejosas de retaliação. 
O absurdo nisso tudo é fazer os incomodados retirarem-se quando os incômodos são a expressão das violações das leis. 
O inacreditável nisso tudo é o temor de frequentar as cerimônias religiosas da paróquia, das reuniões dos grupos filantrópicos e praticar as ações a eles relacionadas. 
Quando isso ocorre, meu amigo, inexiste nada mais educativo do que a aplicação das penas impostas pelas leis. 
É o que temos dito.
Faz tempo.

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publicado às 00:30

Com o devido respeito

por Fernando Zocca, em 28.03.14

 

É interessante esse fenômeno de você mesmo aumentar os seus próprios salários para alguém pagar. 

Imagine o meu querido leitor, uma empresa com 30 funcionários que decidam majorar os seus ganhos mensais pagos pelos donos da empresa. 

Se não houver a concordância dos dirigentes do empreendimento, dificilmente a pretensão se realiza.

No caso do aumento dos próprios vencimentos, efetivado pelos senhores vereadores de Piracicaba, a anuência certamente positivou-se, em decorrência da existência de fundos.

Não há dúvida de que o numerário, vindo anualmente lá do executivo e que, por não ter uso é comumente devolvido, nos finais dos anos legislativos, reforçará os ganhos mensais dos nobres senhores representantes dos seus eleitores. 

A sobra do numerário que poderia financiar o transporte público gratuito para a população, ao invés disso, servirá para o engrandecimento pessoal dos eleitos. 

Esse aumento dos próprios salários causou estranheza, em parte do eleitorado, durante a sessão que votou o tal benefício.

Houve protestos veementes vindos da plateia que acompanhava a reunião. No plenário somente um vereador votou contra a proposta de enriquecimento. 

Pessoas mais exaltadas, talvez com maior instabilidade emocional, puseram-se em bate-bocas homéricos, que nenhum proveito trouxeram para o decoro da casa.

Vai longe o tempo em que o cidadão se candidatava por ideal. Ou seja, o sujeito se apresentava para o exercício da legislatura em troca do que não era salário.

O glamour do cargo, o destaque oferecido por ele na sociedade, motivava o cidadão comum a candidatar-se. Nos dias atuais, torna-se cada vez mais torpe a prática do tal papel. 

Parece-nos que a função hoje se tornou muito mal vista, porém suficientemente remunerada. 

Mas, mal vista ou não, gratuita ou remunerada, a atribuição do vereador é a de servir ao povo. E este servir, além das moções e sessões de prestigiamento, é feito de elaborar normas que, em tese, facilitariam a vida do cidadão pagador de impostos.

Bem diferente do que produz - por exemplo - um operário da fábrica de televisores, que num ano é o corresponsável por cinco ou 10 mil aparelhos, ganhando em troca, no máximo R$ 5 mil mensais, um vereador poderá elaborar dois ou três projetos denominadores de bairros ou ruas e receber por isso salários que passam dos R$ 10 mil por mês. 

E perceba meu querido leitor, que a fonte deste dinheiro é o cidadão que paga o IPTU, as taxas de poder de polícia, de iluminação e de ISSQN.

Bom, eu não sei onde está a sensatez popular de aceitar o aumento das suas próprias obrigações em troca de, com o devido respeito, coisa nenhuma.   

 

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publicado às 19:47

Cãozinho estropiado

por Fernando Zocca, em 18.03.14

 

 

O pau que nasce torto e que, teoricamente morreria torto, se fosse um cãozinho, deveria aprender a conviver com os seus semelhantes, para não destoar assim tão ostensiva e agressivamente dos outros.

Pedagogias existem, tanto para os cãezinhos comuns, quanto para os assimétricos.

Cabe aos papais e às mamães o direcionamento dos seus filhotes a fim de que, adestrados, possam conviver no quarteirão sem ladrarem ou atacarem os vizinhos. 

O problema, entretanto parece não ter solução se, a mamãe cachorrinha também possui disparidade na consolidação do chassis.

Eu quero deixar expresso que não tenho nenhum tipo de preconceito contra os cachorrinhos estropiados. Só não concordo com o fato de serem, as suas deficiências, usadas como desculpa a todos os danos e dissabores que causam aos outros.

As alegações de que cachorrinhos assim não fazem mal a ninguém podem facilmente ser contestadas com a presença dos interessados no local, a fim de comprovarem o desassossego e os danos por eles produzidos. 

A cegueira dos parentes próximos para as crueldades dos cãezinhos tortos pode ser confortável. Afinal a negativa da existência dos problemas não deixa de ser uma espécie de defesa da própria paz.

Ou seja, é mais fácil dizer "eu não tenho nada com isso" do que estar presente, todos os dias, para afagar os bichinhos depois de servi-los com a ração e ossos.

As escolas especiais de adestramento exigem certa disciplina dos cachorrinhos morfologicamente prejudicados. Mas compete às mamães cachorrinhas a insistência do comparecimento e da permanência deles nas instituições veterinárias.

Engana-se, e muito, quem acha que cãezinhos tronchos, que latem, não mordem. 

Na opinião de muita gente eles são os piores: latem e mordem. Os desajeitados têm a característica de acreditar que, por apresentarem esta ou aquela forma, os olhares a eles dirigidos o são para a chacota. 

E quem meu amigo leitor, quem se disporia a dizer que, apesar deles serem feios, pobres e desengonçados, ainda assim possuem algo de venerável?

Eu, por estar escolado no assunto, - já levei mordidas que me doem até hoje - não me atrevo nem a chegar perto.

Você tem dó, compaixão? 

Adote. Leva um deles pra casa. 

 

 

 

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publicado às 19:04

Cunhados

por Fernando Zocca, em 10.02.14

 

 

 

O profeta João Batista foi decapitado, a mando de Herodes, porque o denunciava por relacionar-se ilegitimamente com a sua cunhada, a bela Herodíades. 

 

Herodíades era casada com Filipe, irmão de Herodes, e tinha uma filha lindíssima, certamente desejada pelo tio.

 

Então Herodes pediu para a sobrinha que, numa festa concorridíssima, dançasse para ele; em troca lhe daria qualquer coisa que ela quisesse, inclusive até metade do seu reino.

 

Então a menina, diante da centena de convidados, dançou. 

 

Em seguida a moça aproximou-se da mãe (Herodíades) e perguntou o que ela deveria pedir em troca, ao rei.

 

Herodíades, que também estava chateada com as acusações verdadeiras de João Batista, mandou que a menina pedisse ao tio a cabeça do profeta, já preso.

 

Realmente, Herodes mandou um guarda à prisão e este consumou o crime.

 

Relacionamentos entre cunhados não são infrequentes. Na história recente da política brasileira, houve o caso de um ex-presidente que se engraçou pros lados da lindíssima esposa do seu irmão.

 

Irritadíssimo com os avanços, o marido foi a público e denunciou os esquemas financeiros fraudulentos que, comprovados, resultaram no impeachment do mandatário presidencial.

 

A mãe do presidente deposto, em decorrência da repercussão dos fatos na sociedade brasileira, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), vindo a falecer um ano depois da instalação da doença.

 

O próprio irmão do deposto, marido da mulher cobiçada, também sofreu um ictus, falecendo em pouco tempo.

 

Não se enganaria quem dissesse que o causador de todos esses transtornos foi o ciúme.

 

Esse assunto, ciúme, vem sendo um dos temas centrais da novela Em Família do dramaturgo Manoel Carlos.

 

Então você pode perceber como Helena (Bruna Marquezine) transtorma a cabeça do Laerte (Guilherme Leican), provocando nele a ebulição do ciúme. 

 

Laerte não se controla, e isso serve de reforço para Helena, que vê nos problemas criados pelo ciumento - brigas e ataques de fúria - uma fonte de prazer.

 

Assim como na vida real e na dramaturgia, esse tipo de interação, de ação e reação, pode acabar mal. Os dois lados envolvidos carecem de moderação: a manipuladora precisa conter-se, torturando menos o cara que a ama. E ele deve no mínimo, ao ser provocado, não dar tanta relevância às insinuações.

 

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publicado às 18:39

São Paulo e os trens

por Fernando Zocca, em 16.10.13

 



Em julho de 1983 a Revolução Constitucionalista, que levou São Paulo a bater-se contra o Brasil, completava 51 anos.


A geração nascida em 1951 surgia à luz depois de passados 19 anos do fim daquele embate, no qual o Estado Paulista, sofreu a mais vergonhosa derrota militar de toda sua história.

 
Mas, - perguntaria meu nobilíssimo leitor - a causa dessa revolta frustrada teria sido uma ocupação irregular das terras alheias como aconteceu em 1948, quando Israel apropriou-se, com o apoio do governo norte-americano, da parte do território palestino?


Não. A causa da insurreição paulista deu-se pela preterição do candidato do Estado de São Paulo à ocupação da presidência da República. 


Todos nós sabemos, ou quase todos, que a República foi proclamada no dia 15 de Novembro de 1889. Desta data até 1930 o cargo de presidente era ocupado alternativamente por políticos paulistas, representantes dos latifundiários produtores de café, e dos mineiros, representantes dos fazendeiros, produtores de leite.


Esse "esquemão" conhecido como política do "café com leite" que continha fraudes eleitorais grosseiras, foi interrompido a "Manu militari" por Getúlio Vargas em 1930, quando a vez de ocupar a presidência e gozar de todos os seus privilégios, era dos paulistas.

 
A indignação da classe dirigente frustrada, por meio das rádios, dos jornais e outras formas usuais de comunicação, fez a opinião pública acreditar, que o Estado de São Paulo se bateria por uma causa nacional justa que seria a obtenção da Constituição da República.


Fazia parte do arsenal dos paulistas um trem considerado imbatível, pois podia transitar por quase todo o estado, armado com canhões, transportando carros, caminhões e tropas.


Acontece que, em sendo a teoria na prática, outra coisa bem diversa, deu-se muito mal o Estado de São Paulo, no confronto com o Exército Brasileiro, formado por contingente maior e mais bem equipado.


Parece que o trem, que outrora fora esperança de vitória dos políticos paulistas, volta agora para demonstrar que os fatos não são como aparentam ser e que há algo de bem podre na suposta solidez do governo PSDB do Estado de São Paulo.


Desde 1932 o Brasil não elege um candidato paulista a presidente da República.

 
Diante dos fatos, e ao que tudo indica se depender dos senhores Antônio Carlos Mendes Thame, Barjas Negri, Geraldo Alckmin e muitos assemelhados, o Estado de São Paulo passará outros 82 anos sem ter um filho seu eleito presidente da República.

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publicado às 18:32

O Médico e a Secretária

por Fernando Zocca, em 03.09.13

 

 

 

A vida imita a arte; quase todos sabemos disso. Mas não é errôneo dizer também que a arte imita a vida.


Podemos então concluir que as situações cômicas ou dramáticas assistidas nas obras da teledramaturgia seriam fundamentalmente, espelhadas nas experiências vividas ou testemunhadas dos seus autores.


Por exemplo: o triangulo amoroso entre o médico César Khoury (Antônio Fagundes), a secretária Aline Noronha (Vanessa Giácomo) e Pillar Khoury (Suzana Vieira) na novela Amor à Vida, do Walcir Carrasco, é tão comum que não poderia causar estranheza, mesmo que uma das pontas da tal figura geométrica tenha sido loura, de olhos azuis, recém-casada e que logo depois da patuscada pediu demissão, formando-se em pedagogia.


Quando a “queda” ocorre, geralmente a mulher arrependida procura induzir irmãs ou cunhadas a tal prática com a intenção de ter a quem se referir quando o assunto doloroso lhe tocar.


A cumplicidade pode também amenizar aquele sentimento de unicidade, de ser a única a ter feito o tal ato reprovável na família.


A quem teria praticado o tal deslize não deixa de ser bastante dolorosas as referências ao fato. Daí as atitudes repressivas e cerceadoras daquele que, por meio da arte, expressa os tais momentos antes prazerosos.


Olha, digo-lhe que a pressão para o silenciamento é tão forte e intenso que os angustiados tentam até derrubar-lhe a casa.


Neste momento penso que seja preferível ao equivocado, que aquele que o faz lembrar-se dos seus erros, erre também. O consolo é que ele - artista - falará de si quando referir-se ao prevaricador.


A opressão, muita vez é fundamentada no argumento de que as expressões artísticas serviriam para a disseminação de comportamentos reprováveis é muito mais forte e usual do que a compreensão do chamado livre arbítrio.


Queremos entender o livre arbítrio como a capacidade do discernimento que teria a pessoa comum do povo de escolher entre duas alternativas sendo uma delas boa e a outra muito má.


Por exemplo: quando alguém sugere a outrem que coloque sua mão no fogo ou que salte de um muro onde vive arvorado, acredita-se que ninguém em sã consciência faria isso, pela capacidade que teria de escolher entre o que lhe faria bem e mal.


Nesse sentido seria insano impedir alguém de falar ou criar, argumentando que tal obra levaria pessoas a cometer atos contrários ao senso comum.


Mas você, meu amigo leitor sabe como é: para os que devem e temem, qualquer argumento é válido para embasar comportamentos repressivos.


Quando a personalidade é desse jeitão esquisito, vale até oprimir, com gases mortais, todos aqueles a quem antipatiza.


É claro que toda forma de violência e opressão devem ser condenadas. Assim tanto o ditador que mata seu povo usando gases tóxicos, quanto o vizinho maluco que, a pretexto de defender suas “virgens”, pratica agressão com tinta spray, ou tenta derrubar-lhe a morada, devem ser punidos exemplarmente para que a paz e o progresso subsistam.

  

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publicado às 10:49


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