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Dentes na boca de pobre 

por Fernando Zocca, em 24.01.15

 

 

 

O povo desdentado de Piracicaba agradeceria muitíssimo se o atendimento odontológico municipal (CRAB), situado na Rua Gonçalves Dias, nº 70, funcionasse corretamente. 

Os certificadores de que tudo vai bem, não podem, entretanto, negar que a demanda seja bem superior que a capacidade do atendimento. 

Aliás a deficiência pública, nesta área da saúde, reflete o amadorismo político, atualmente vigente em Piracicaba, desde há muitos e muitos anos. 

O cidadão sem dentes, que se candidata à uma dentadura municipal, precisa seguir certos trâmites burocráticos, eficientíssimos na desesperança que provocam.

A ausência da capacitação, nesta área odontológica da cidade, talvez precise de tantas idas e vindas dos candidatos, como forma de barreira de contenção, das verdadeiras procissões sucessivas dos carentes.

A dinâmica que o eleitor sem dentes de Piracicaba deve seguir é essa: 1. Precisa ir ao posto  de saúde municipal do seu bairro; 2. Lá o funcionário  o encaminhará ao CRAB do Piracicamirim; 3. No CRAB o pobre desdentado piracicabano pode ser informado que deve voltar ao posto do seu bairro, onde lhe informarão quem é o dentista - se está de férias ou não -  que pode atendê-lo.

Percebe-se que os casos em andamento obtêm, depois da espera demorada, a atenção dos encarregados. 

Entretanto novos candidatos, a essa dádiva miraculosa municipal, só poderão ser aceitos quando dentistas responsáveis voltarem das férias, ou quando houver, depois de meses e meses de mastigação ineficiente, o prêmio duma vaga nova, ofertado pela abertura dessa espécie de vestibular, onde só passa quem está bem trumbicado.

Não dá pra deixar de concluir que há muita gente precisando de tratamento dentário e pouca em condições de oferecê-lo. 

Então meu astuto e inteligente leitor perguntaria: "Mas por que não contratam mais dentistas, instalam outros consultórios?" Ora, porque teoricamente, a administração municipal teria de aportar mais verbas neste setor. Além disso, a prefeitura deveria criar mais cargos e isso, depende da Câmara Municipal.  

É como despir um santo pra vestir outro. E as pontes, o asfalto, o luxo dos prédios públicos que todo mundo vê? Como ficaria a imagem da administração se essas coisas, visíveis ao eleitor, tivessem sua seiva minguada em benefício das dentaduras ocultas?

É claro que mais vale, aos políticos profissionais, os salários e seus acessórios, garantidos pela satisfação popular, nascida nas visões do asfalto recapeado, do que nos sorrisos proporcionados pelas dentaduras municipais.

Ou seja: asfaltar ruas provoca mais ideia de competência do que botar dente na boca de pobre. 

É urgente a instalação de novos gabinetes dentários e a contratação de mais dentistas compromissados com o atendimento eficiente da população carente desta cidade. 

 

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publicado às 12:28

O Senhor das Ondas Sonoras

por Fernando Zocca, em 13.12.14

 

É muito comum haver, nas pequenas cidades do interior, aquele vovozinho dedicado ao trato das coisas antigas.
Então, não é raro ver o velho cidadão, apaixonado por carros antigos, que costuma restaurar, gastando com mecânicos e funileiros, ser também diretor, presidente ou chefe de seção de asilos para idosos.
Por ser muito popular o cidadão prestante, geralmente se elege uma, duas ou até mais vezes para os cargos nas assembléias legislativas municipais e estaduais.
Depois de eleito, no exercício pleno da deputação, é frequente o recebimento da concessão de rádios, jornais e TVs, usados na manutenção do cargo por muitos anos, e a amealhação da riqueza pessoal.
Não deixa então, de ser a coisa mais comum do mundo, o uso dos programas radiofônicos, com o pretexto de defender, e valorizar o local que lhe mantém o sustento.
Acontece que quando o velho deputado deve escolher entre a prática da justiça ou da injustiça, porém com a manutenção do seu eleitorado, ele, invariavelmente escolhe a segunda opção.
Então as localidades afastadas, onde o cidadão comum não tem acesso à comunicação social, tornam-se os palcos das mais vergonhosas ações de opressão, desmandos, perseguições, crimes e covardia.
Mas nem só com a violência física consegue manter a sua liderança o bom velhinho já bem distante das tribunas.
Não haveria arma mais poderosa do que aquela do "amor inventado", do qual faz - o senhor das ondas sonoras - emergir, ao seu bel prazer, o ciúme e o ódio.
Mas quando lhe frustram os intentos, o que mais haveria de fazer o velho coronel, despossuído dos poderes outrora garantidores de toda pompa, honra e glória, ainda que forjadas?
Deve o velho político cuidar bem de todos, sem exceção, sob pena de, ao lhe secarem os poderes do Gigante Amaral, do Lothar ou até mesmo do Fantasma, ver-se, na aproximação do inverno da vida, mais desnecessário do que geladeira no polo norte.

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publicado às 20:25

Capa

por Fernando Zocca, em 20.09.13

 

Quando Jesus nasceu um cometa cruzou o céu. Esses dois fenômenos indicavam que as profecias, sobre um novo tempo, feitas séculos antes, se iniciava.


É muito comum, diante das ocorrências significativas da vida das pessoas, surgirem momentos de dúvidas e indecisões quando ao futuro.


Então o nascimento de uma criança, o casamento, a separação, a morte, são mudanças na vida que trazem consigo muita indefinição sobre "como será o amanhã".


Para a solução desses problemas havia, naquele tempo, os oráculos, que eram respostas dadas pelas divindades aos que as consultavam.


Hoje quase todas as dúvidas são resolvidas pela sociologia, psicologia, medicina, psicanálise, jornalismo, direito e todos os demais ramos da ciência e da tecnologia.


Mas os oráculos são ainda importantes e muito usados em todas as partes do mundo. O horóscopo diário, lido nos jornais, a consulta ao tarô, aos búzios são as formas que se utiliza para decifrar o passado, o presente e também o futuro.


Mas há ainda outra maneira, além destas elencadas acima, de obter respostas, de "projetar" o vindouro, ou "planejar" o vir a ser de uma pessoa. Trata-se da capa do jornal, de grande circulação, publicado no dia do nascimento dela.


É um tipo de script, de um "estava escrito" muito usado por políticos, por gente desejosa de manipular, controlar e decidir sobre o futuro das outras. Os inescrupulosos se valem dos acervos, dos arquivos das grandes instituições governamentais que lhes permitem acesso.


O assunto é levado tão a sério que a moça recém-casada pode decidir não ter filhos porque no dia em que ela nasceu a capa de um jornal influente trazia a matéria sobre a mãe generosa que perdeu seu filho querido.


Um professor universitário pode tornar-se político profissional, manipulando a elaboração das leis reguladoras do uso do gás combustível, simplesmente porque na capa do jornal do dia em que ele veio ao mundo, havia notícias sobre o tal assunto.


A vovózinha pode ser afeita aos jogos de azar e até casar-se com pessoa dada a esse hábito, se na capa daquele jornal conceituado, havia um texto enorme sobre a prática do jogo do bicho.


A moça bonita pode sentir impulsos indicativos de que deve mesmo trabalhar na televisão, pois na capa do jornal, daquele dia em que ela veio à luz, havia notícia sobre o nascimento de cinco tigres no circo famoso.


O muleque acreditaria que cometeria suicídio, se no dia em que nasceu, havia na capa do jornal, a reportagem de uma criança morta em decorrência dos ferimentos na cabeça, provocados por autolesões.


Esse assunto capa é bem sério e pode se tornar terrível se houver quem, confundindo (dolosa ou culposamente), o substantivo com o verbo, buscar insistentemente alijar a pobre criança indefesa do seu órgão reprodutor.  

 

 

  

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publicado às 14:39

O Gato e o Rato

por Fernando Zocca, em 03.06.12

 

A política em Piracicaba é esquisitíssima: há décadas sustenta um lonGATO e agora, nas vésperas das eleições municipais, surge o tal de ferRATO.

E os eleitores, mais por serem obrigados a votar, do que por idealismo, sempre dão a essa gente, o direito de usar e gozar as delícias pagas com o dinheiro do povo.

Será a continuidade das festas do gato e do rato. Eles com certeza armarão as maiores estripulias, tão alegres e felizes, quanto os desenhos animados que retratam os dois bichinhos.

O tráfico de influência aqui nesta urbe é tão vergonhoso que praticamente não existe oposição ao executivo.

O legislativo piracicabano dança vergonhosa e servilmente conforme as músicas tolas, executadas por Barjas Negri (PSDB), e seus apaniguados.

Perceba que Barjas Negri foi ministro da saúde durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Esse fato ao invés de favorecer o desenvolvimento da prestação de serviços relacionados à saúde, muito ao contrário, emperrou e arruinou todo o sistema.

Não se sabe bem ao certo qual razão haveria pra tanto retrocesso. Talvez o fato de ter havido o envolvimento do senhor prefeito no escândalo nacional conhecido como o caso das sanguessugas, tenha mesmo contribuído para a deterioração do atendimento ao público nos postos de saúde da cidade.

Se fosse só esse o problema até que seria suportável. Mas veja que as escolas municipais, creches e o saneamento básico são preteridos em favor das obras ostensivas de concreto armado.  

 

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publicado às 00:46

Afeto de Consultório

por Fernando Zocca, em 14.02.10

 

             Os retardados mentais tentaram, por muito tempo e de todas as formas, inibir as mais lídimas manifestações do pensamento. Por fracassarem fragorosamente, agora se rendem, dando a mão à palmatória; aprendendo o comportamento usual no mundo civilizado,  seguem com os arremedos.
            Tenho dito, não é de hoje, que a mediocridade, a miséria espiritual, a pobreza moral e o caradurismo imperam em alguns trechos do universo de forma mais relevante, do que em outros lugares. Quando surge nova forma de fazer as coisas, as múmias revoltadas tentam sufocar aquilo tudo que lhes revela a posição estúpida que ocupam.
            É assim mesmo. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. As nulidades, os zeros, os dependentes, os cabeças de burro, e as múmias podres de certas regiões do planeta se juntam todas e quando não conseguem esvaziar os cofres onde são guardados os dinheiros públicos, iniciam campanha visando detonar o divergente.
            A imprensa de Piracicaba costumava massacrar antes do advento da Internet. Usava e abusava da posse de maquinário, da produção industrial de aleivosias, sendo responsável por essa degeneração política que ai está, entranhada nos ubres públicos há dezenas de anos.
            Se não houvesse alguém para apontar o caminho, não tenham a menor dúvida, nós ainda estaríamos no tempo da máquina de escrever. Seria interessantíssimo para a classe política caipira a ausência da ventilação dos assuntos que circulam pelos tribunais.
            Corrupção? Ambulâncias? Condenações pelos Tribunais de Contas do Estado? Quem publica isso? Qual jornal tem o poder de contrariar a opinião que interessa a essas pessoas assentadas nas poltronas públicas?
            Então quando aparece um blog ou vários blogs mostrando as feridas, os podres, o mau cheiro, e a podridão que ensandece uma cidade inteira, logo surgem os insanos tentando sufocar pela mentira, pela idiotice, pelos boatos, pela intriga e até mesmo pela violência física, a manifestação legítima de um cidadão comum, que não se rendeu à infâmia.
            Com o surgimento da internet o fuá que a imprensa venal fazia acabou. As injustiças são agora mostradas. A verdade surge, sem depender da boa vontade desse ou daquele grupo ou os cambau que o valha.
            O conceito de louco mudou faz tempo. Louco é aquele bêbado que numa esquina, joga tijolos contra o pacato cidadão. Louco é o contabilista adoentado, surdo feito uma porta, que ao lado da sua concubina bancária e da filha candidata à meliante da periferia,  agridem com tapas e socos a pessoa que socorre os pobres da comunidade.
            Louco é o prefeito que se mete com ambulâncias, fazendo sua cidade aparecer vergonhosamente na grande imprensa nacional e até internacional. Chega de cometer crimes e jogar a culpa em quem não tem nada com isso.
            É chegada a hora de cessarem as manipulações torpes com as quais se busca lançar vizinhos contra vizinhos.
            Quem precisa de tratamento psiquiátrico não está aqui não, amigo. Se quiserem alguém para bode expiatório procurem onde pode haver. Aqui não. Quem sabe na Prefeitura ou na Câmara Municipal encontrem quem precise de tanto afeto de consultório.

A dona do boteco vomita no banheiro, depois de uma noite de porre no bar que era dos seus avós.

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publicado às 21:49


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