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É certo que o empoderamento das pessoas mais humildes seja necessário para o progresso de um bairro, de uma cidade, do estado e do país.
Entretanto é preciso saber se o tal empoderado se comportará de forma construtiva com os benefícios que lhe foram acrescentados.
Por exemplo: a comunidade pode tirar da rua uma catadora de lixo, favorecendo-lhe o estabelecer-se como prestadora de serviços.
Então, para quem puxava carroça, a nova atividade de manicure e pedicure significa substancial mudança, tanto funcional, quanto financeira na vida da empoderada.
Contudo faz-se necessário observar se nesse seu novo emprego ela age corretamente, conforme os usos, costumes e as regras norteadoras da profissão.
Como as pessoas são conhecidas pelo que fazem e falam, logo todos da comunidade saberão se a promovida tem ou não suficiente treinamento para continuar a fazer o que faz.
Se a manicure - por exemplo - atropela a regra de esterilizar o equipamento usado no ofício, provocando com isso, danos físicos àqueles do seu entorno, então o puxar carroça pelas ruas da cidade pode ser menos doloroso e muito mais útil.
A pessoa precisa, no mínimo, ter a noção do que o que faz é certo ou errado. Se a tal, além de infeccionar os dedos das clientes, achar que a culpa é delas mesmo - das tomadoras dos serviços - então, meu amigo, é preciso seríssima revisão no script da personalidade da figura.
A comunidade empodera alguém para receber de volta algo mais positivo. De que vale empregar tanto tempo e dinheiro num projeto que se mostra inócuo para a sociedade?
Você elege um vereador, mas durante a gestão inteira dele, percebe que o camarada não disse uma única palavra nas sessões; o sujeito não fez discurso nenhum, não participou dos debates, não requereu apartes, não manifestou-se nas questões polêmicas e muito menos esteve presente quando necessário.
De que vale esse mandato? O que ganhou a cidade com as ações do eleito?
Ou seja, a sociedade é mais útil para ele, do que ele, para a sociedade.
Considero o sistema educacional mais eficiente aquele em que, quando um aluno não se dava bem nas provas, deveria refazer o estudo das matérias que não aprendeu.
A reprovação nos exames indicava que o discente não estava apto a seguir adiante. Para exercer qualquer profissão é preciso saber pra que serve isso ou aquilo, distinguir uma coisa de outra, entre ronco e sororoca, por exemplo.
O governo federal, por meio do Ministério da Educação, resolveu suprimir o crédito educacional, conhecido como FIES, aos alunos que frequentarão aulas das faculdades que aumentaram os seus custos acima de 4,5%.
Essa decisão, baseada mais na certeza das consequências maléficas do endividamento federal (ou na impossibilidade de fazê-lo) e seus desdobramentos políticos desfavoráveis, do que no receio do uso antigovernamental dos descontentamentos que provocará, deixará de injetar milhões de reais nas universidades particulares.
As faculdades são preparadoras do pessoal técnico que funciona nas áreas vitais da sociedade brasileira, especialmente no judiciário.
Longe de negar eficiência das ações dos profissionais, neste importantíssimo setor estrutural do Estado brasileiro, não podemos entretanto, de não ver o cenário congestivo em que se encontram os cartórios de todas as comarcas onde o judiciário tem base.
Se a Constituição Federal garante o ensino a todos, e se todo cidadão tem o direito de submeter suas questões ao judiciário, as ações administrativas garantidoras de que tudo isso se realize, estão bem longe da competência.
Mesmo o peticionamento eletrônico que surgiu como supressor dos deslocamentos, do uso do papel e também promissor de mais e mais capacidade operacional, teria proporcionado mais e melhor celeridade nas prestações jurisdicionais.
Na mesma direção, a simplificação das leis, dos ritos processuais, e demais facilitadores, do acesso do cidadão comum às cortes, teriam criado situações em que a justiça, em sendo aplicada plenamente, produzisse seus efeitos, como o da paz, por exemplo.
E não é incomum a ausência até da leitura das peças processuais por quem deveria fazê-lo. Então, sentenças sem base, ou fundadas em patranhas notórias, evidentes, ausência da perícia, por quem deveria fazê-la, levam rapidamente aos arquivos, montanhas de processos julgados às pressas.
No presente momento somos da opinião de que o judiciário não deve limitar a aplicação das penas das leis ou suprimí-las, por impossibilidades da execução.
Cabe aos executivos estaduais a construção dos presídios, casas de correção. Antes deles seria ideal a presença de mais escolas, e também da melhoria das situações profissionais do pessoal relacionado a elas
Entretanto, meu amigo, a máxima: "Educar as crianças para não punir os homens" não tem encontrado tanta valoração nos dias atuais, mais por desinteresse político do que incapacidade econômica.
É muito comum haver, nas pequenas cidades do interior, aquele vovozinho dedicado ao trato das coisas antigas.
Então, não é raro ver o velho cidadão, apaixonado por carros antigos, que costuma restaurar, gastando com mecânicos e funileiros, ser também diretor, presidente ou chefe de seção de asilos para idosos.
Por ser muito popular o cidadão prestante, geralmente se elege uma, duas ou até mais vezes para os cargos nas assembléias legislativas municipais e estaduais.
Depois de eleito, no exercício pleno da deputação, é frequente o recebimento da concessão de rádios, jornais e TVs, usados na manutenção do cargo por muitos anos, e a amealhação da riqueza pessoal.
Não deixa então, de ser a coisa mais comum do mundo, o uso dos programas radiofônicos, com o pretexto de defender, e valorizar o local que lhe mantém o sustento.
Acontece que quando o velho deputado deve escolher entre a prática da justiça ou da injustiça, porém com a manutenção do seu eleitorado, ele, invariavelmente escolhe a segunda opção.
Então as localidades afastadas, onde o cidadão comum não tem acesso à comunicação social, tornam-se os palcos das mais vergonhosas ações de opressão, desmandos, perseguições, crimes e covardia.
Mas nem só com a violência física consegue manter a sua liderança o bom velhinho já bem distante das tribunas.
Não haveria arma mais poderosa do que aquela do "amor inventado", do qual faz - o senhor das ondas sonoras - emergir, ao seu bel prazer, o ciúme e o ódio.
Mas quando lhe frustram os intentos, o que mais haveria de fazer o velho coronel, despossuído dos poderes outrora garantidores de toda pompa, honra e glória, ainda que forjadas?
Deve o velho político cuidar bem de todos, sem exceção, sob pena de, ao lhe secarem os poderes do Gigante Amaral, do Lothar ou até mesmo do Fantasma, ver-se, na aproximação do inverno da vida, mais desnecessário do que geladeira no polo norte.
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