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"fortuna magna magna domino est servitus" (Uma grande riqueza é para quem a possui um pesado cativeiro), dizia o escritor latino da Roma antiga Publilio Siro (85 a.C. 43 a.C.).
Quando você lê, ouve e se inteira sobre os caras que acumularam grande fortuna, pode imaginar que a vida deles não seria só "um mar de rosas", como aparentaria.
A existência do sujeito, detentor de muita grana, costuma ser pior até do que aquela do pobre saudável e feliz.
É que quando a pessoa ajunta muita verba, as preocupações em mantê-la podem ser tão intensas que limitam, ou tornam desprazerosas, as suas ações futuras.
Ele então fica praticamente temeroso de se mexer, a mercê dos fatores alheios a sua vontade.
Imagine como ficam as emoções do sujeito dono de, por exemplo, uma empreiteira, que digamos, devido a um "equívoco do destino", amealhou bilhões e bilhões de dólares provenientes das ações fraudulentas com o governo federal.
O cara pode consumir vinhos e champanhes caríssimos, caviar, passear de iates, comprar carros importados exclusivos, residir nas mansões adquiridas em cidades distintas, comprar aviões onde, durante os voos, toca piano, faz amor e come espaguete, sem se preocupar com as investigações da polícia?
O sujeito que ajunta muito cobre pode ser dono de milhares de cabeças de gado, possuir canaviais imensos, usinas de açúcar, indústrias de equipamento pesado e fábricas do que ele achar que deve ser fabricado, assim, despreocupadamente, sem receio de que, um dia, toda aquela grana possa ser "repatriada"?
Como o camarada que acumulou o suficiente para a vida nababesca, durante uma ou duas décadas, formando nesse período uma família com vários filhos, parentela enorme, amigos e popularidade, reagiria ao saber que seus esquemas fraudulentos foram todos desvendados?
Já pensou no vexame, na vergonha, que a descoberta pública do que aparentava ser não era?
Há quem considere ser o esclarecimento dos fatos o elemento de maior importância, para a saúde do malfeitor, do que os esforços usados por ele, para manter as aparências de legitimidade.
É que as forças empregadas em negar a existência das irregularidades, podem tirar o sono do cara, mexer negativamente com a libido, desequilibrar o metabolismo, danando-o para sempre.
Tudo pode aos que estão no poder. Mas será que os prazeres obtidos compensariam as penas posteriores?
O bom senso nos assopra que, em não havendo a impunidade, os bônus dos crimes não seriam mais vantajosos do que os seus ônus.
O sujeito era frentista e gostava também de bombas. E tanto era assim que, para fazer bonito para a galera reunida, se propôs a um desafio: seguraria um petardo na mão para provar que era valente.
Depois da explosão ele percebeu que era sim um valente. Sem, no entanto, os quatro dedos da mão direita.
Àqueles que diziam ser ele um burro, respondia que não esperava por uma detonação tão forte.
"É que podemos ser surpreendidos quando não divisamos as consequências do ato", explicava ele, uma semana depois, com o toco enfaixado.
De certa forma concordo com o valente acidentado. Por exemplo: a gente tem experiência de que o ufanismo no futebol não pode resultar em sucesso.
Mesmo assim a gente, pra fazer bonito, canta a vitória, antes do tempo, do mesmo jeito que o granjeiro conta com o ovo na cloaca da galinha, antes da postura.
Assim, da mesma forma, seria o desmerecedor, o desrespeitador e o caluniador, atrasando a vida dos invejados, achando-se eles todos imunes ao próprio veneno.
Em defesa dos "simplinhos" surgem os complicadinhos que fazem tudo, menos levá-los para casa, dando-lhes os ensinamentos de civilidade.
Seria difícil orientar os refratários a comportarem-se bem na vizinhança? Seria fácil se a morfologia cerebral dos histéricos fosse semelhante à da maioria das pessoas.
A percepção, os conceitos e o raciocínio do excepcional são peculiares e não interessa aos parentes, à escola, à igreja ou às autoridades botar a mão em cumbuca tão enraizada, em coisa tão complicada.
É mais fácil sair de perto.
Mas como os ventos que ventam cá, ventam também lá, o melhor a fazer seria mostrar as barbaridades que fazem. Com alguma sorte desmascaram-se algumas calúnias.
Não seriam as características próprias dos deficientes infratores capazes de embasarem absolvições no judiciário. Mas isso não é o que temos visto atualmente em alguns casos.
Não desejo mencionar a corrupção ou o tráfico de influência nas dependências da linda Temis. Entretanto, por não haver a crença nas bruxas, não significa isso que elas não existam.
A quem interessa tanta aporrinhação? Certamente aos poderes constituídos hoje, por homens há uma vintena, ou mais de anos, incrustados nos tecidos públicos. Eles se negam a largar as mamatas das sinecuras.
Não duvide que quando o sujeito lê a Bíblia na Câmara Municipal o faz pensando na destruição daqueles todos que pensam diferente deles.
Bagunça pode existir em qualquer lugar da cidade. Mas quando essa complacência se acerca da instituição, ocorrem prisões, expulsões do recinto e a defecação de regras homéricas aparecidas assim, num piscar de olhos, da noite para o dia.
Em clima de copa do mundo seria imprudente crer que o sucesso do time deva-se mais àqueles que estão fora do campo do que aos verdadeiros atores do circo.
É lógico que a sinergia entre o selecionado e a torcida faz maior sucesso do que qualquer outra fórmula. Mas é indispensável que os arruaceiros, débeis de entendimento, possam impunemente, emporcalhar ou obscurecer a alegria do povo.
Ao contrário do que aconteceu ao frentista cuja bomba explodiu na sua mão, esperamos que as explosões no futebol sejam só de alegria e júbilo.
Esse mensalão que rola hoje é semelhante ao do PSDB do Sérgio Motta e Fernando Henrique Cardoso. A diferença entre eles consiste no fato de que o daquele, houve a alcaguetagem de um frustrado.
Quem não se recorda do zunzum que havia na imprensa, no período em que o PSDB estava na presidência da República? O que se comentava era que o então Ministro das Comunicações Sérgio Motta obtinha o apoio de parlamentares, da mesma forma que esse suposto jeito julgado hoje.
Entretanto no esquema do PSDB não havia um Roberto Jefferson que, contrariado, deu com a língua nos dentes.
No maracutaia das ambulâncias, do qual participou a empresa Planan, os Vedoin, e Barjas Negri, não sobrou nada que pudesse embasar recriminações oficiais.
Na mutreta do atual prefeito de Piracicaba, quem poderia comprometê-lo seriamente era o seu ex-chefe de gabinete, o senhor Abel Pereira. Abel, como todos sabem, era dono da empreiteira CICAT que em troca do financiamento das campanhas do Barjas, recebeu a vitória em mais de 30 licitações.
Portanto, entre as embrulhadas que hoje aparecem com destaque na TV, e aquelas havidas no período peessedebista, a diferença consiste única e exclusivamente na delação.
A trapalhada é a mesma.
Não que eu considere equivocados os acontecimentos presenciados hoje no Supremo Tribunal Federal. De forma nenhuma. Entretanto, em que pese o tempo decorrido, os deslizes praticados pelo PSDB deveriam vir à lume e explicados à população.
De uma coisa você pode ter a certeza, meu querido leitor: a técnica das manobras do PSDB em cometer os descalabros sem ser pego, supera em muito, qualquer outra.
A linha Lilás do Metro de São Paulo é um exemplo do que se comenta. Nesse caso, sabia-se, com antecedência de meses, qual seria a empreiteira vencedora das licitações.
Com relação às contas apresentadas pela administração do senhor Barjas Negri, os tribunais as têm reprovado invariavelmente. As causas disso tudo, não deixariam de ser a inobservância da aplicação das verbas na educação, saúde e segurança municipais.
A prioridade do PSDB em Piracicaba, como todo mundo sabe, é a construção de obras voluptuosas.
Assim, pontes, viadutos, passarela e tudo o mais que significa o uso de cimento, ferro, areia, cal, tijolos e licitações têm a atenção da prefeitura.
Veja: não é de hoje que as reclamações do mau atendimento nos setores da saúde, educação, transporte público e segurança do município são tão evidentes.
E pelo que se pode perceber, continuarão do mesmo jeito.
As eleições municipais estão aí e é chegada a hora de você escolher pra quem vai dar as tetas públicas durante os próximos quatro anos.
São 48 salários (mais os esquemas de corrupção), verbas de gabinete, motoristas particulares, e mordomias, jamais imaginadas pelo eleitor.
A mamata é tão boa que tem gente que se especializou no ramo. Tem vereador, deputado federal, estadual e prefeito que não consegue pensar em outra forma de subsistência que não seja essa do cargo eletivo.
E o pior não é isso. O pior é que quando os caras estão há tanto tempo usufruindo dessas riquezas, eles se desconectam da realidade do eleitor que os mantém.
Os sujeitos, saciadíssimos e enfadados, tornam-se arrogantes, insensíveis e maldosos.
Quando atingem esse estágio de cronificação, eles não pensam em mais nada que não possa lhes assegurar a continuidade do fluxo das riquezas vindas do povo.
Aqui em Piracicaba você tem exemplos notórios: veja esse senhor João Manoel dos Santos. Há quanto tempo ele viceja na câmara municipal? E José Aparecido Longatto?
Na câmara dos deputados federais Antônio Carlos Mendes Thame envelheceu consumindo a seiva oriunda do labor popular.
Barjas Negri, apesar de envolvido no esquema vergonhoso conhecido como o escândalo das sanguessugas (Planam, Cicat, Abel Pereira, ambulâncias), foi eleito e reeleito prefeito de Piracicaba.
Esse fato é o mesmo que dizer “as investigações sobre corrupção aqui em Piracicaba não dão em nada. E besta é aquele que não aproveita pra levar o seu enquanto pode”.
Campinas, Limeira e centenas de outras cidades pelo Brasil todo, tiveram seus políticos investigados.
Por que não os de Piracicaba?
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