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É muito comum haver, nas pequenas cidades do interior, aquele vovozinho dedicado ao trato das coisas antigas.
Então, não é raro ver o velho cidadão, apaixonado por carros antigos, que costuma restaurar, gastando com mecânicos e funileiros, ser também diretor, presidente ou chefe de seção de asilos para idosos.
Por ser muito popular o cidadão prestante, geralmente se elege uma, duas ou até mais vezes para os cargos nas assembléias legislativas municipais e estaduais.
Depois de eleito, no exercício pleno da deputação, é frequente o recebimento da concessão de rádios, jornais e TVs, usados na manutenção do cargo por muitos anos, e a amealhação da riqueza pessoal.
Não deixa então, de ser a coisa mais comum do mundo, o uso dos programas radiofônicos, com o pretexto de defender, e valorizar o local que lhe mantém o sustento.
Acontece que quando o velho deputado deve escolher entre a prática da justiça ou da injustiça, porém com a manutenção do seu eleitorado, ele, invariavelmente escolhe a segunda opção.
Então as localidades afastadas, onde o cidadão comum não tem acesso à comunicação social, tornam-se os palcos das mais vergonhosas ações de opressão, desmandos, perseguições, crimes e covardia.
Mas nem só com a violência física consegue manter a sua liderança o bom velhinho já bem distante das tribunas.
Não haveria arma mais poderosa do que aquela do "amor inventado", do qual faz - o senhor das ondas sonoras - emergir, ao seu bel prazer, o ciúme e o ódio.
Mas quando lhe frustram os intentos, o que mais haveria de fazer o velho coronel, despossuído dos poderes outrora garantidores de toda pompa, honra e glória, ainda que forjadas?
Deve o velho político cuidar bem de todos, sem exceção, sob pena de, ao lhe secarem os poderes do Gigante Amaral, do Lothar ou até mesmo do Fantasma, ver-se, na aproximação do inverno da vida, mais desnecessário do que geladeira no polo norte.
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