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O historiador e poeta italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) afirmava em O Príncipe, sua obra mais famosa, sobre a política do seu tempo, que "os fins justificam os meios".
Essa tese é observada quase que diariamente em algumas condutas dos cidadãos comuns. Os resultados podem tanto trazer consequências graves como nenhuma.
Entretanto quando quem a usa ocupa o poder, administrando o bem público, os desdobramentos podem afetar milhares de pessoas.
A câmara de vereadores de Piracicaba, "tratorando" a decisão do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que reprovava as contas de 2011, do então prefeito Barjas Negri, aprovou-as na quinta-feira (23/04), por 19 votos.
Ou seja, a casa de leis piracicabana ratificou as falhas cometidas por Barjas Negri, que destinou somente 24,32%, da arrecadação dos impostos, ao ensino.
Desta forma Barjas Negri, e a câmara de vereadores, transgrediram a Constituição Federal, que determina ser o percentual de 25% da arrecadação, o mínimo necessário, a ser empregado no ensino municipal.
Por mais honrosos que fossem os fins que levaram o então prefeito a redirecionar os 0,68% faltantes, os meios para atingí-los, não foram nada legais.
Da mesma forma que não é legítimo o ato da pessoa que, com fome, ao invés de comprar o seu alimento, furta-o. O fim - saciação - não justifica o meio - furto - de consegui-la.
Entretanto, reforçando ainda a atitude da casa, o vereador José Aparecido Longatto disse, numa reportagem do Jornal de Piracicaba sobre o assunto, referindo-se às sucessivas reeleições do PSDB ao executivo, que a avaliação de uma administração "é feita nas urnas".
A administração tucana atual contratou um escritório de advocacia por cerca de R$ 300 mil, com o objetivo de defender as atitudes questionadas de Barjas Negri pelo TCE.
A previsão de que as contas seriam aprovadas, por ter o PSDB maioria na câmara, nos dá a certeza de que os R$ 300 mil poderiam ser melhor utilizados em obras públicas do que somente nas particulares de alguns poucos.
Na idade média os políticos podiam tudo. Hoje em dia as leis limitaram as ações deles. Eles não podem fazer o que querem, o que bem entendem. A não ser que seja um grande príncipe, é claro.
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