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É interessante esse fenômeno de você mesmo aumentar os seus próprios salários para alguém pagar.
Imagine o meu querido leitor, uma empresa com 30 funcionários que decidam majorar os seus ganhos mensais pagos pelos donos da empresa.
Se não houver a concordância dos dirigentes do empreendimento, dificilmente a pretensão se realiza.
No caso do aumento dos próprios vencimentos, efetivado pelos senhores vereadores de Piracicaba, a anuência certamente positivou-se, em decorrência da existência de fundos.
Não há dúvida de que o numerário, vindo anualmente lá do executivo e que, por não ter uso é comumente devolvido, nos finais dos anos legislativos, reforçará os ganhos mensais dos nobres senhores representantes dos seus eleitores.
A sobra do numerário que poderia financiar o transporte público gratuito para a população, ao invés disso, servirá para o engrandecimento pessoal dos eleitos.
Esse aumento dos próprios salários causou estranheza, em parte do eleitorado, durante a sessão que votou o tal benefício.
Houve protestos veementes vindos da plateia que acompanhava a reunião. No plenário somente um vereador votou contra a proposta de enriquecimento.
Pessoas mais exaltadas, talvez com maior instabilidade emocional, puseram-se em bate-bocas homéricos, que nenhum proveito trouxeram para o decoro da casa.
Vai longe o tempo em que o cidadão se candidatava por ideal. Ou seja, o sujeito se apresentava para o exercício da legislatura em troca do que não era salário.
O glamour do cargo, o destaque oferecido por ele na sociedade, motivava o cidadão comum a candidatar-se. Nos dias atuais, torna-se cada vez mais torpe a prática do tal papel.
Parece-nos que a função hoje se tornou muito mal vista, porém suficientemente remunerada.
Mas, mal vista ou não, gratuita ou remunerada, a atribuição do vereador é a de servir ao povo. E este servir, além das moções e sessões de prestigiamento, é feito de elaborar normas que, em tese, facilitariam a vida do cidadão pagador de impostos.
Bem diferente do que produz - por exemplo - um operário da fábrica de televisores, que num ano é o corresponsável por cinco ou 10 mil aparelhos, ganhando em troca, no máximo R$ 5 mil mensais, um vereador poderá elaborar dois ou três projetos denominadores de bairros ou ruas e receber por isso salários que passam dos R$ 10 mil por mês.
E perceba meu querido leitor, que a fonte deste dinheiro é o cidadão que paga o IPTU, as taxas de poder de polícia, de iluminação e de ISSQN.
Bom, eu não sei onde está a sensatez popular de aceitar o aumento das suas próprias obrigações em troca de, com o devido respeito, coisa nenhuma.
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