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O Mau-olhado

por Fernando Zocca, em 24.11.12
A fotógrafa. Foto: Vika Sokolova/Facebook

 

Você já passou por aquela situação em que um sujeito te encara de forma ostensiva, com a cara bem feia, tentando te intimidar?


Tirando as audiências no Fórum onde os adversários se encontram e é bem comum essa ocorrência, não lhe pareceria estranho, bem estranho mesmo, isso acontecer em lugares onde deveria imperar a solidariedade, a congregação e a louvação?


Em tese sim. Mas o que você pode dizer para o retardado mental que leva tudo ao pé da letra?

Dizem que pra você saber o que sente uma pessoa deve calçar os sapatos dela. Isto é uma forma metafórica de induzir à empatia, ou seja, sentir ou ver, ou pensar como o seu semelhante pensaria, veria ou sentiria.


Mas como eu disse, tem demente mental que leva a coisa tão a sério, tão ao pé da letra, que ele calça mesmo os sapatos das outras pessoas.


Ai você pergunta: como é que pode uma besta dessa ter o emprego público que tem? Com esse nível mental o cara deveria ser o zelador da escola e não o diretor.


Com um chefe desses você já pode imaginar o nível de ensino e aprendizagem das crianças sob sua tutela.


Com gente assim uma guerra nunca acaba. Ou demora pra terminar. Já imaginou a perda de tempo e o desgaste que isso provoca?


E é exatamente neste ponto em que entra a responsabilidade daquele senhor político que, entendendo tudo errado, laborando sobre premissas falsas, ou conceitos desatualizados, coloca o tal no cargo relevante onde tem, sob sua responsabilidade, um mundaréu de gente.


Para os maus-olhados usavam um galhinho de arruda sobre a orelha. Podia ser a direita ou a esquerda. Dependia do lado onde a criatura "zoiúda" estava.


Eu me lembro que quando criança havia um comerciante que usava um lápis sobre a orelha direita. Quando lhe perguntavam do porque daquilo ele respondia que em não tendo o tal galhinho de arruda, usava o lápis com o qual marcava os débitos dos fregueses no livrão preto.


Uma cidade só melhora com o progresso cultural e intelectual dos seus cidadãos.

 

Com um nível medíocre desse a situação só é bem boa para a política obscurantista com a qual somente alguns "poucos e bons" teriam direito de usufruir da divisão do bolo.

 

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publicado às 12:12

O Auto da Comadre Cida

por Fernando Zocca, em 23.07.12

 

Minha amiga Cida, naqueles idos de 1962, ali em Tupinambicas das Linhas, era ainda uma adolescente. Apesar de ter os pais supersticiosos, ela não chegou a se tornar igual a eles. Seu objetivo, logo que se conheceu por gente, foi o de estudar e tornar-se uma grande doutora.


Ela tinha alguns conceitos que se não fossem científicos, seriam bem inusitados. Um deles considerava que: “O barulho é sinal da desorganização, doença. A saúde reflete-se na paz e harmonia existentes entre os órgãos”.


Quando ouvi aquele enunciado, lembrei-me de imediato, duma colega nossa, a não menos conhecida Rosalena, a pingueira dos infernos, que vivia cantando loas sobre sua capacidade indutora dos suicídios de parentes desafortunados. O último deles pendura-se numa das treliças sustentantes daquelas telhas quentes de amianto.


Pude então confirmar que o desequilíbrio emocional produzia barulhos horríveis. Talvez Rosalena, a danada, assim o fizesse colimando espantar, da sua consciência, os fatos criminosos que jamais desapareceriam.


Um cunhado daquela mocréia, verdadeira tribufu, ocupava o cargo de influência relevante no Ajuntamento Comercial da cidade; era seu presidente. E como eles todos se engajaram, naquele ano, na campanha que visava eleger o Rei Momo prefeito de Tupinambicas das Linhas, não havia nada mais lógico do que espalhar, entre os comerciantes da localidade, maus conceitos e enganos sobre seus desafetos e adversos.


O presidente do Ajuntamento Comercial chegava às raias do êxtase quando sabia que o adversário perseguido, adquiria equipamentos obsoletos, no comércio local, pagando preços dos de última geração. Aqueles engodos todos eram combustíveis pra muito escárnio e apoucamento.


Quando estava louca, possessa, ou tomada pelo demônio, Rosalena, que se formara saca-molas, andava pela casa, cuspia, e ameaçava as demais pessoas da família, com a morte. Numa ocasião, demonstrando forças incríveis, atirou o sofá, que era pesadão, na janela do apartamento, quebrando seus vidros.


Meio macho, a mulher só sentia-se bem jogando a charqueada, que nada mais era do aquele jogo, cujo objetivo principal é o de deixar os adversários sem dinheiro.


Por ser Tupinambicas das Linhas notoriamente conhecida como a área em que existiam muito mais loucos, por metro quadrado, do que todas as demais regiões do Estado de S. Paulo juntas, não me impressionei muito com aqueles eventos todos. Consolei-me.


A mãe de Rosalene foi uma velhota pimpona, daquele tempo ainda em que, para transporte, utilizavam-se os animais de tração. Naquela época o uso das carroças e bondes, era bem mais moderno, confortável e chique do que as caminhadas a pé.


Dos inconvenientes consistia o fato de que os animais faziam cocô nas ruas e, depois que aquele esterco todo secava, sob a impulsão dos ventos, liberavam partículas voadoras que assentariam dentro das casas dos habitantes, impregnando-lhes as roupas, alimentos e os pulmões.


Esse fenômeno explicou-me a causa da aversão que a velhota, e algumas coetâneas suas, tinham pelos ventos.


Quando Rosalene estava sob os efeitos do álcool não adiantava desejar explicar-lhe que leitão não era um leite grande. E também não adiantava demove-la de sugestionar as pessoas com base no número dos dentes que elas ainda tinham na boca.


Depois que ouvi Rosalene dizer, pra mais duma centena de pessoas, que o cemitério era o único lugar onde havia melhor qualidade de vida ali em Tupinambicas das Linhas, achei que ela estava exagerando e que passava dos limites.


Pude perceber que a largada já não estava bem da cabeça quando repetia, diante das cobranças que lhe faziam, as frases “nem ligue” e “deixe quieto”.


Tive certeza que ela enlouquecera quando soube ter mandado matar o próprio marido. Ela contratara dois pistoleiros que, numa emboscada, atiraram no sujeito; não o mataram por um triz.


Descontente com o fracasso, a maníaca mandou que atirassem nele uma granada. Deveriam atingi-lo quando fosse buscar o filho do casal ali na escolinha.


As ocorrências não pararam por aí. Os rebus foram estonteantes. Porém isso meu amigo, minha amiga e senhoras dona de casa, já são temas pra outras novas e belas histórias.


 

Adquira e leia o Tamanduá-de-Colete.

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publicado às 15:24

Os Alfabeticamente Prejudicados

por Fernando Zocca, em 22.06.12

 

 

Qual tipo de personalidade você acha que teria a pessoa que, vendo-se completamente sem razão, procura ignorar ou deturpar as regras do jogo, com o fim de manter as situações injustas?


Com certeza não seria das mais equilibradas. O mandonismo teria como base o execrável machismo que, no princípio, manifesta-se na opressão da mulher, dos enteados, da mãe e também dos filhos.


Aliado a essa ideologia do macho, estaria o analfabetismo mantenedor das suas vítimas no maior e mais completo desconhecimento das palavras socializadoras, contidas inclusive, nas escrituras sagradas.

 

O autoritário, para manter a sua teimosia, falsifica documentos, promove sabotagens, mente com a maior cara de pau, procura mudar ilegalmente os ritos processuais, e não vê dificuldades em usar a violência física.


Esse pretenso "dono da bola" julga que pode até trocar as regras do jogo durante a partida. O tal tipo, de cabecinha condenada, não sentiria o menor constrangimento se, durante a partida de futebol, em que estivesse perdendo, determinasse, de uma hora pra outra, a inexistência das penalidades para as faltas cometidas por seus jogadores.


Essas atitudes despropositadas deveriam ser tratadas com condescendência, por terem origem nos alfabeticamente prejudicados, ou a sociedade organizada se incumbiria de mostrar-lhes, por meio das suas instituições, que estariam plenos e bem repletos de ilegitimidade?


Não são raros os casos em que pra "puxar o tapete" alheio fazem-se de sonsos. Veja que esses tipos geralmente agem mais com a fala pronta do que se manifestam espontaneamente.


O camarada só aparece na reunião se tem "o texto" na ponta da língua, se sabe o que vai falar.


Se no decurso dos trabalhos, aquela "fala" com que ele veio municiado, perde a relevância, o tal cabecinha arruína-se no emaranhado das ideias, desligando-se do princípio geral das coisas. É nesse momento que surge o macho promovendo a injustiça.


E pra justificar depois as atitudes machistas constrangedoras, o tal falseia criando inverdades sobre seus oponentes.


Os tomados por esse tipo comportamental promovem, sem o menor medo de castigo, as maiores desordens num quarteirão. Fazem arruaças, motins de rua, agridem vizinhos, depredam casas, pixam paredes, arrancam os arbustos ornamentais e invadem os quintais alheios, garantindo dessa forma, o desassossego público.


Até quando?

 

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publicado às 20:07

A Rotina da Cidade

por Fernando Zocca, em 05.06.12

 

Cena 01/interior/dia

Fechado dentro do seu gabinete, na câmara municipal, o vereador presidente da casa está nervoso. Aflito ele olha pro filho que espera dele uma solução.

Vereador:

- Noi precisamo fazê arguma coisa. Assim não dá mais. Assim não pode.

Filho:

- O que noi vai fazê pai?

Vereador:

- Tá sujeira. Negadinha já tá sabendo que noi robamo os notebook e parte do dinheiro da merenda escolar.

Filho:

- Mas e dai? O que noi vai fazê?

Vereador:

- Vamo fazê uma simpatia.

Filho:

- Como assim, pai?

Vereador:

- É. A coisa tá suja. Noi precisa limpa tudo. Noi precisa de muito sabão e detergente. Vamo fazê o seguinte: hoje à noite noi vai alivià a fábrica de sabão do João Mané. Noi vai carrega o que for possível e depois noi vende esse produto lá em Minas. Quem sabe dá certo.

Filho:

- Será, pai?

Vereador:

- É craro. Convide seu irmão e seu primo pra noi fazê o serviço hoje a noite. Falô?

Filho:

- Falô, pai.

 

Cena 02/interior/noite

O vereador, seus dois filhos e um sobrinho, colocam caixas de detergente e sabão dentro de um carrinho de mão, que pretendem levar pra caminhonete, estacionada nas sombras do estacionamento interno da fábrica.

Vereador:

- Vamo rápido, molecada. Chega de sujeira.

O filho:

- Num sei não, pai. Acho que vai melar.

Vereador:

- Melar nada. Roubar todo mundo rouba.

O sobrinho:

- Tio, acho que o caldo vai engrossar. Parou um carro ali fora. Deve ser os home.

Vereador:

- Será?

 

Cena 03/exterior/noite

Dois agentes da Guarda Municipal saem da viatura apontando suas armas.

Guarda Municipal:

- Estejam todo mundo presos.

Filho:

- Eu num falei, pai?

Vereador falando baixo:

- Que nada. Eles aceita um mimo.

Guarda:

- Negativo inoperante. Conosco ninguém podosco. Vai todo mundo em cana.

Chega mais uma viatura da polícia. Os guardas algemam e colocam os presos dentro do camburão.

 

Cena 04/Exterior/dia

Um grupo de homens reunidos na praça comentam as últimas notícias sobre a prisão do presidente da Câmara Municipal.

Velho de cabelos brancos:

- Mas que vergonha! A gente votamos nesses caras e olha aí no que dá. Tá vendo só?

Velho de cabelos pretos, paletó e um jornal na mão:

- Esse assunto não compete a nós. Isso é coisa de armação política. Eles que se entendam. A gente não tem nada com isso.

Silêncio geral. O grupo se dispersa. No rádio a notícia de que o juiz concedeu o alvará de soltura para os presos, traz de volta a rotina da cidade.

 

Zoom da câmera no relógio da matriz que faz soar as doze badaladas do meio-dia.

 

Fim.  

05/06/12

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publicado às 14:17

Agressão Química

por Fernando Zocca, em 18.05.12

 

 

O amor é mesmo lindo.  E você pode avaliar o amor à sua volta quando o ar que respira é límpido; o silêncio da rua demonstra a sanidade dos que ali residem e a paz impera para a alegria geral dos viventes.

Sim porque, imagine o fato de respirar diuturnamente os vapores dos solventes de tinta e da gasolina, durante as refeições e o sono.

A intoxicação provocada pelo chumbo emanante desses produtos pode produzir graves distúrbios neurológicos, que por sua vez, levarão a comportamentos ruinosos.

Quando a intenção, por trás disso tudo é a de provocar realmente esse tipo de resultado, você pode concluir que o “amor” daquele lugar não é tão amor assim.

No seio de um grupo, as divergências de entendimentos que levam a atitudes opostas, geralmente não resultam em outra coisa que não seja a diluição da formação.

Sem o consenso, até as constituições coesas por ideais religiosos podem romper-se. Não é verdade?

Perceba que provocar o desconforto em alguém, utilizando essa forma de agressão química, pode ser enquadrado como crime.

Assim aqueles que, numa funilaria, nas dependências do Congresso Nacional ou da Universidade, produzem vapores tóxicos, capazes de atingir a integridade física de alguém, podem e devem ser responsabilizados criminalmente.

Na verdade os agentes das tais condutas, debaixo de uma boa avaliação especializada, demonstrariam, sem dúvida nenhuma, serem portadores de distúrbios gravíssimos de personalidade.

Antes mesmo que os crimes mais diretos contra a honra, a integridade física, ou a própria vida dos confinantes aconteçam, a sociedade, por meio das suas instituições especializadas, precisa aplicar urgentemente as repreensões.

 

 

 

Falando em gasolina veja o vídeo.

 


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publicado às 14:53

Negativismo

por Fernando Zocca, em 03.11.11

 

 

             Ao entardecer da terça-feira, Van de Oliveira Grogue caminhava lentamente pela caçada esburacada, do seu quarteirão, com destino ao bar do Maçarico.

       Durante o trajeto, ele olhava com o máximo de atenção para o calçamento, evitando pisar nos montículos de cocô, torcer os pés nos buracos, ou dar topadas violentas nos obstáculos. Van ansiava pela chegada.

       Entrando no boteco ele percebeu que os frequentadores usuais ainda não estavam presentes. Mas havia um sujeito magro, alto, de cabelos já brancos que, com o braço esquerdo apoiado sobre o balcão, bebia cerveja,

       Grogue viu, quando o tal levou o copo aos lábios, que o matuto tinha a unha do polegar direito bastante crescida. Era lixada de modo a deixá-la semelhante a uma lâmina perfuro-cortante.

       Quando notou a presença do Van, Maçarico postou, sobre o balcão, uma garrafa de cerveja geladíssima, abrindo-a em seguida.

       Os homens trocaram olhares e se cumprimentaram de forma usual, timidamente, com a voz baixa. Depois dos primeiros trinta segundos, Van procurando tornar o ambiente mais descontraído e cordial iniciou a conversação:

       - Mas, veja que o clima está bem gostoso, né? Não está tão quente e nem muito frio.

       - Tá uma porcaria. Esse ar deixa qualquer um doente. Minha mãe já pegou três resfriados só neste mês. – respondeu o forasteiro usando certo ímpeto na voz.

       - Ah, mas resfriado é fácil de tratar. Tem tanto remédio bom agora, tantas vitaminas; isso não é preocupação.

       - Mas também com esses preços. E depois tem mais, viu? Já pensou se você compra remédio falsificado? Você está morto.

       Não querendo entrar em detalhes e nem fazer do local um lugar de contendas, Van buscou trocar de assunto, então mandou:

       - E o esporte clube 7,5 de Novembro? Ganhou outra partida no domingo passado. Você viu Maçarico?

       - Esse time está jogando mal pra caramba. Se não fosse o juiz ele teria perdido de novo. – avançou o forasteiro.

       - Mas o goleiro jogou bem pra caramba! É ou não é pessoal? – lançou Grogue ingerindo um gole da bebida.

       - Goleiro bom era o Ramirinho. Aquele sim não pegava nem frango e nem peru. Você lembra Maçarico? – indagou o desconhecido, sentindo-se bem à vontade, como se fosse da casa, há muito tempo.

       Grogue e Maçarico trocaram olhares de dúvida. Então o dono do estabelecimento tentou:

       - O time está bem entrosado agora. Se der tudo certo pode fazer bonito no ano que vem, durante o campeonato estadual.

       - Ah, mas com essa diretoria? Só tem ladrão! Se não fossem esses ratos o time tinha até sede própria e tudo. – garantiu o magricelo encarquilhado.

       - É meu amigo, mas a zaga bate um bolão. Você não pode discordar. – tentou Grogue.

       - O quê? Aquele número dois? Como é mesmo o nome dele? – zombou o matuto ajeitando os chinelos de borracha nos pés.

       - Mas ele rouba as bolas, muito bem. – garantiu Maçarico percebendo o olhar de aprovação do Van Grogue.

       - Só bolas? O cara é o maior ladrão de varal da cidade. Já foi até condenado pela justiça. Zagueiro bom tinha no meu tempo de moço.

       Tendo bebido toda a cerveja e tirando do bolso uma nota amassada de R$10, o homem jogou-a sobre o balcão, esperando o troco.

       - Pô! Mas já vai? – inquiriu Grogue. - Com esse clima ruim, não dá nem pra tomar uma birra gelada sossegado, não é verdade?  

      - Ruim? Que Ruim? Agora o tempo está ótimo. Mas eu me vou porque ainda tenho de trabalhar. Tchau, um grande abraço pra vocês. 

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publicado às 13:48

Vergonha

por Fernando Zocca, em 18.10.11

 

 

                               Consta da literatura especializada que a timidez é um dos componentes da doença psiquiátrica denominada esquizofrenia.

                   Na verdade o acanhamento é consequência de contatos pessoais limitados. Ou seja, a ausência do desembaraço, é frequente nas pessoas que se relacionam com pouca gente.

                   Assim, nas localidades interioranas, nos sítios afastados dos grandes centros, o envergonhar-se é muito comum.

                   As personalidades acanhadas podem se sentir ameaçadas por coisas banais para a grande maioria, mas não para elas.

                   O receio da desonra as torna assustadiças e por consequência predispostas a agredirem.

                   Um remédio excelente para isso é a educação, a visitação das grandes capitais, o contato com os ídolos populares, a aproximação das autoridades públicas e a compreensão de que o fundo do quintal não é o único lugar existente no mundo.

                   Para os portadores desse tipo de personalidade restrita, torna-se torturante ou até inimaginável, o simples ato de tomar um ônibus intermunicipal, na sua própria cidade, e desembarcar em outra localidade, que só conhece de ouvir falar ou de ver na TV.

                   Não é raro encontrar nessas individualidades, a incapacidade de solidarizar-se com o indigente caído na rua, de compadecer-se dos que, por velhice ou doença, estão impossibilitados de trabalharem, ou dos que passam por recuperação nos hospitais.

                   Faz parte da evolução pessoal, da mudança do comportamento a comunicação verbal. Só progride quem se comunica eficazmente.

 18/09/2011

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publicado às 13:49

A Rejeição

por Fernando Zocca, em 30.09.11


 

            Quando uma chamada “Líder de Quarteirão” mostra-se refratária às boas novas, pode sentir-se profundamente ofendida pelos que lhe anunciam a existência do alfabeto, dos jornais, dos noticiários nas rádios, TVs e da interpretação correta das escrituras sagradas.

            Esse sentimento ao ser comunicado aos parentes mais próximos, aos integrantes das igrejas e centros, arregimentar-se-ia de tal forma que seria notado pelas “lideranças” políticas do local.

            Perceba que as pessoas ocupantes dos cargos eletivos não teriam, em tese, qualquer diferenciador dos grandes portadores dos preconceitos, limitações e cargas supersticiosas, formadoras da mentalidade mediana dos moradores da zona.

            Dessa forma o sentimento de rejeição pode alastrar-se pela cidade inteira e nem mesmo os trabalhos voluntários, verdadeiros milagres demonstrativos da boa vontade, seriam capazes de mudar a repulsa.

            E não há quem faça os “cabeças-duras” trocarem a opinião, abandonando os próprios erros, demonstrando arrependimento. Dai então as comparações: em outros locais mais salubres as boas ações seriam reconhecidas.

            A rejeição não causa compaixão aos rejeitadores e nem aos lugares onde vivem.



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publicado às 15:29

O Líder do Quarteirão

por Fernando Zocca, em 28.09.11

 

                        Muitas pessoas têm dificuldades para, mudando o comportamento, tornarem-se mais amistosas, mansas, pacíficas e socializadas.

            Uma das causas impeditivas do amestramento eficaz seria a crença equivocada de que os bons são ingênuos, tolos e passíveis de serem enganados. Daí o exercício da crueldade.

            A hereditariedade influi muito na conduta do indivíduo insistente na pratica dos malefícios a enteados, irmãos, mãe e vizinhos. O sujeito inquieto, querelante, espelha-se na figura do pai que também agia sem compaixão nenhuma com os filhos, a mulher e os vizinhos.

            Para se tornar um líder respeitável no quarteirão a pessoa deve demonstrar sensibilidade e muito tato no trato com as pessoas, a começar consigo mesma.

      O líder do quarteirão deve conhecer o alfabeto, interpretar corretamente as escrituras sagradas, permanecer atento às notícias dos jornais e estar sóbrio a maior parte do tempo, a fim de que suas percepções sejam reais.

      O indivíduo que deseja ser influente num quarteirão deve conhecer as leis, evitar os motins de rua, os crimes, não usar drogas e respeitar a mãe viúva.

      Não é o tempo de permanência num determinado local da cidade que habilita o indivíduo a ser o digamos... ”Xerife” do trecho. É preciso muito mais do que isso. É necessário, além das qualidades elencadas acima, ter alguma inteligência e bons propósitos.

      Sem essas características o tal pretenso líder permanecerá lá no fundo do quintal onde só há choro e ranger dos dentes.

28/09/11

             

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publicado às 21:01

Discussões Intermináveis

por Fernando Zocca, em 27.09.11


 

                        Às vezes, numa família composta por muitos membros, pode surgir algum tipo de competição que objetiva a exclusividade da fonte de afeto.

             Assim uns, por se sentirem mais fortes, podem desejar sobressair-se, reafirmando a própria importância.

             A auto-afirmação se dá dentro do mundo da pessoa, ou seja, com as ideias, costumes e crenças que a compõem. Assim, se o indivíduo é um beberrão maldoso, demonstrará que é o mais importante por suportar mais álcool e praticar mais malvadezas que os demais.

             Com o passar do tempo não só o afeto é disputado, mas a liderança também. Dai surgem os choques de opiniões diversas, as discussões intermináveis sobre quem tem mais prestígio, mais influência.

             Isso ocorre também em nível de quarteirão, de comunidade.

             É possível às pessoas mais antigas de um determinado lugar, que ao sentirem o seu prestígio no bar, na igreja, ou no clube social, ofuscado por um novo morador recém-chegado, iniciar uma onda de repulsa, criando inclusive boatos e difamação.

             Entretanto todos tem importância num quarteirão. Desde a criança analfabeta, o pinguço maldoso, que durante as madrugadas insones, joga lixo na casa dos vizinhos, o homossexual que foi despedido do salão, o padrasto desempregado, que insiste em educar as crianças, usando o medo com a demonização de quem ele não gosta, até a viúva que vive de casa em casa, buscando e levando as novidades.

             Não haveria condenação à “dominação intelectual” se esta objetivasse o adestramento, a socialização, e o respeito que se deve ter a si mesmo e às demais pessoas vizinhas.

 

26/09/11

                  

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publicado às 01:16


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