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O Dono da Coleira

por Fernando Zocca, em 01.06.12

 

 

Quando o xaroposo tinha "o cabresto curto" não era raro precisar consultar o dono da coleira sobre o que fazer.

 

A dependência era tamanha que, às vezes, um simples peidinho inaudível gerava dúvidas se poderia ou não ser liberado.

 

Era terrível. E veja que foi aquela própria pessoa dele que buscou a ’sarna’ pra se coçar.

 

Ainda bem que, da mesma forma com que ele se enrolou todo, livrou-se também; mas não sem antes muita luta. Saiba disso.

 

Foi bem dolorido, mas ele entendia que a autonomia não poderia deixar de ser conquistada, sob pena do desande geral da maionese.

 

Sabe aquele grito de desespero, revolta, indignação, que antes de subir aos céus, permanece entalado no gogó, enrolado no emaranhado de tanto constrangimento?

 

Dizer ter sido o tal um zumbi escravo, pra ilustrar o tema, é bem pouco, muito pouco, pouco mesmo. Mas era.

 

No final o ilustre deu graças por tudo, pedindo e agradecendo sempre, as benesses da liberdade.

 

Veja que tinha também o tal, naquela fase horrenda, a mania da autoajuda. Você sabe o que é isso?

 

É um lero-lero antigo baseado num milhão de livros sobre o assunto. A bazófia gira em torno da "arte de fazer amigos", "o poder do subconsciente" e por aí vai.

 

Entretanto com o passar dos anos ele percebeu que se não houvesse a verdadeira conexão com Deus, a coisa não daria mesmo certo. Compreende?

 

Com a autoajuda, os cambau e tudo o mais, se não "caísse a ficha", conectando-o ao Criador, meu amigo, saísse de baixo.

 

Na quebra dos grilhões ele deve ter cometido algum exagero. Portanto quis, numa certa ocasião, deixar consignado o seu mais humilde e respeitoso pedido de desculpas.

 

Ele apanhou muito, mas também desceu o cacete sem dó nem piedade.

 

Pra finalizar ele fez dele as palavras da Ana Maria no Mais Você de ontem: “A briga pode ser feia, mas a vitória é linda”.

 

Eu também acho.

 

Sabia?

 

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publicado às 13:34

O falador compulsivo

por Fernando Zocca, em 19.09.10
 

            O falador compulsivo é o maluco incansável que passa mais de 72 horas falando sem parar. Suas palavras são quase sempre as mesmas e ele busca com isso a homeostase.

 

       A compulsão é a mesma que leva um sujeito à bebida alcoólica, a fumar desesperadamente ou entregar-se aos jogos de azar. É uma força incontrolável que pode trazer desconforto para os parentes mais próximos e vizinhos.

 

       As chamadas estereotipias compõem o vocabulário do paciente, que por ser iletrado, não consegue se livrar da tensão, fruto do meio ambiente, de outra forma que não seja a tal fala automática.

 

       Da mesma forma que alguns acometidos pela tuberculose criam que para sarar, precisavam passar a doença para outras pessoas, não é incomum encontrar a mesma certeza, no doente portador desse transtorno mental.

 

       Na idade média o tratamento para tal tipo de afecção era o exorcismo. Mas nos textos do velho testamento encontram-se alusões à língua e aos males que ela pode proporcionar.

 

       Conhecidos também como “obsessores”, os indivíduos portadores dessa anormalidade, são muitas vezes encarados como “médiuns” que manifestariam espíritos malignos.

 

       O analfabetismo impeditivo do contato intelectual e emocional com outras pessoas serve para a proliferação das crendices e superstições. Observa-se também o uso de estupefacientes no ambiente familiar desorganizado, carente de higiene e totalmente controlado pela personalidade cruel.

 

       As crianças, impedidas de brincar, são imobilizadas pelo falar incessante. O tal controlador, muita vez conhecido como “babá”, busca a credibilidade, com a qual obtém a obediência dos infantes, “prevendo” os fatos que ocorrem no dia a dia do quarteirão.

 

       Não exageraria quem dissesse ser a existência desse tipo de anormalidade do inteiro conhecimento das autoridades competentes do município. Acontece que por razões de ordem política, ao invés de sanarem os tais núcleos infecciosos, elas os incentivariam, por meio dos seus representantes chamados “religiosos”.

 

       Crianças, pessoas idosas ou debilitadas da vizinhança, podem adoecer gravemente por causa desse tipo de agressão – incivilidade - que extravasa quintal afora.

 

       Se nos tempos passados – antiguidade e idade média – usavam o exorcismo ou a imolação nas fogueiras, para acalmar o tecido social febril das cidades, hoje em dia, os neurolépticos são mais eficazes.  

 

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publicado às 11:40

...

por Fernando Zocca, em 13.07.10

                            Num quarteirão existem os mais loucos e esses tipos podem apresentar sinais que os distinguem. A agitação é uma das características perceptíveis.

 

                            Os sintomas da agitação psicomotora são os seguintes: 1) – Insônia de vários dias, perda da capacidade de dormir. 2) – Humor irritável com exagero  das manifestações agressivas a estímulos inofensivos. 3) – Angústia, “medo”, pavor e pânico. 4) - Regressão à etapas primitivas da organização psíquica, irracionalidade das atitudes. 5) - Conduta hiperativa, desorientada desmesurada, multiforme; falta de sentimento de cansaço e esforço; movimentação constante, como o de uma pessoa impaciente, que está num certo lugar à espera de algo e que ao mesmo tempo quer sair para fora. 6) – O enfermo experimenta uma imperiosa necessidade de movimentar-se; anda sem parar de um lado para outro apressado, irritado, aborrecido, como se tivesse preso num determinado limite e a procura de saída. 7) – Dificuldade de manter diálogo com predominância de monólogos incompreensíveis.  8) – Agressividade sujeita a impulsividade. 9) – Transtorno de consciência, com flutuação do nível da consciência, desorientação e em certos casos, estado confusional.

 

                   As pessoas dotadas de maior acuidade ou senso de observação podem notar que, em determinado doente mental do quarteirão, destacam-se alguns sintomas. Dentre eles a insônia de vários dias, perda da capacidade de dormir; o medo; a predominância de monólogos incompreensíveis e agressividade sujeita a impulsividade.

 

                   O delírio persecutório, de interpretação, e as confabulações são também facetas observáveis com facilidade nessa personalidade insana, acometida pela agitação psicomotora.

 

                   Sob surto os loucos do quarteirão desassossegam os vizinhos usando muito ruído, vibrações, fumaça e tinta automotiva. Além dos motins de rua, arruaças, podem  atacar com paus, tijolos ou agredirem moralmente.

 

Obra consultada: Semiologia psiquiátrica.

Dra. Maria Levy.

 

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publicado às 13:55

Os Tempos Modernos na Educação

por Fernando Zocca, em 17.05.10

 

                             Desculpa de analfabeto é a visão deficiente. Já lhes contei que durante o curso primário eu era um dos que mais apanhava na sala de aulas.

                   Naquele tempo eu não sabia porque a professora descarregava  em mim as frustrações daquela sua ânsia  de alfabetizar a molecada.  

                   Eu me lembro que ao copiar errado uma frase escrita na lousa, recebi um croque tão forte no cocuruto que as lágrimas brotaram inesperadas dos meus olhos.

                   Depois do coque a professora disse em alto e bom som para que todos da classe ouvissem:

                   - Seu burro, vê se aprende pelo menos a escrever o seu nome!

                   Quando nós não recebíamos pancadas dadas com as mãos, suportávamos o espancamento feito com uma vara de bambu, daquelas que o vizinho usava pra pescar mandis e cascudos no rio Piracicaba.

                   Mas mesmo assim, apanhando muito, aprendemos a ler e a escrever. Por isso, salvo motivo de força maior, não tomamos os ônibus que conduzem aos lugares que não desejamos ir.

                   O analfabeto, além de botar a culpa na vista ruim,  justifica sua deficiência com a alegação de que tinha de trabalhar quando criança e por isso, não pôde estudar.

                   O ignorante pensa de forma diferente do instruído. Suas conclusões são diversas uma vez que fundadas em preceitos equivocados.

                   As pessoas que não têm leitura ou não conseguem escrever, não podem ter juízos críticos. Elas precisam seguir alguns balizadores para tomar as decisões.   E por isso mesmo tornam-se a alegria dos políticos enganadores que as manipulam ao bel prazer.

                   Sem os analfabetos o panorama político em muitas cidades mudaria radicalmente. Ou melhor,  com a maioria da população alfabetizada a permanência de alguns políticos, por uma vintena de anos no cargo eletivo não seria assim tão fácil.

                   É por isso que a muitos interessa a desorganização do ensino público no Brasil. A fórmula é fácil: quanto mais gente sem saber das coisas, melhor para os espertos que permanecem por muito mais tempo usufruindo as alegrias das maracutaias.

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publicado às 14:39


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