Por Fernando Zocca
Pois é, o sujeito não descansou enquanto não meteu o pau no prefeito, dizendo pra todo mundo que ele havia furtado 45 ambulâncias. O queixoso foi às rádios, aos jornais, pichou muros, distribuiu panfletos, e fez até comícios.
Ele não se alimentava mais corretamente, não dormia, quase não tomava banhos e já se relacionava mal até com a esposa.
No bar ele só tinha aquele assunto: “o prefeito tinha mesmo se envolvido com as ambulâncias; portanto deveria ser processado e, se apurada a responsabilidade, punido”.
Nos bares todos os bêbados, quando notavam a presença do queixoso, já sabiam que ele falaria do prefeito e suas ambulâncias. Por isso mesmo procuravam disfarçar simulando não vê-lo quando entrava nos botecos.
E tome discurso: “foram mais do que 45 ambulâncias. Muito mais”, dizia ele com toda a ênfase. Na verdade além desse tipo de veículo havia também a suspeita de que o alcaide se metera com planos de saúde. E tome lero-lero.
O blablablá era tão intenso que se formou uma comissão política na cidade com o objetivo de informar ao preclaro cidadão, zeloso das coisas públicas, que ele estava redondamente enganado. Nada a ver aquele assunto chato dele, sobre o prefeito e as ambulâncias.
O chefe do poder executivo, conceituadíssimo, nos meios políticos tradicionais, jamais se deixaria levar por tentações de superfaturar os preços dos tais veículos.
A onda de convencimento do “vereador” foi tão forte e consistente que ele, no final, envergonhou-se do que vinha dizendo.
Completamente equivocado ele prometeu que jamais repercutiria os assuntos dos quais não tivesse tanta certeza.
Na verdade o que todos sabiam era que o respeitável homem público não tinha nenhum tipo de rolo com as ambulâncias, mas sim com as licitações fraudulentas, que objetivavam construir as famosas e desnecessárias pontes.
Tá vendo só? Que vergonha!