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Acho uma tremenda bobagem a oposição evitar o diálogo com o governo.
É certo que o ódio, o ressentimento e todo o complexo de inferioridade, sedimentados nas ações oposicionistas, sejam barreiras obstativas pessoais que devem antes ser resolvidas.
Não dá para entender a politica do não diálogo. Como podem as forças no poder, gerir as coisas do estado, sem perceber as manifestações - invariáveis - do descontentamento oposicionista?
E não pode também o governo desejar ser amado por todos. Por mais que faça, em favor da maioria, sempre haverá um porém, um senão, aquele empecilhozinho que deveria ser evitado.
Conversar significa aqui, expor os pensamentos, os sentimentos, sobre os assuntos que mais incomodam, causadores dos tais descontentamentos.
Na minha opinião aqueles debates pré-eleitorais promovidos pelas TVs e jornais serviriam muito, já que das tribunas do parlamento, os conceitos e as ideias parecem não ser tão claros como deveriam.
Na construção e manutenção de uma democracia cada um colabora com o que tem ou como pode.
Se você alimentava 10 ou 12 blogs que incomodavam muita gente, o que faria, se fossem eles todos - para garantir o sucesso nas urnas - "fuzilados"/deletados, nas vésperas de uma eleição?
Afinal, o sucesso do seu candidato, do seu partido, não seriam mais úteis para você do que a opinião dos tais blogs perturbadores?
Entretanto ridículo mesmo seria se, depois de ocupado o poder, você visse aquele pessoal todo, por quem teve sacrificada sua produção cultural, metido nas inescusadas situações criminosas, altamente vexatórias.
Sem os blogs e sem a satisfação, que a vitória do seu candidato lhe proporcionaria, você veria que só perdeu com essa situação toda.
Reparar a honra de uma nação violada pode não ser assim tão fácil; mais tranquila seria a restituição de todos os bens utilizados, por seus colaboradores, na construção de um governo altamente condenável.
Quem conhece, ou já foi ao Rio de Janeiro, tendo a oportunidade para observar, sabe que a região central, aquela do Palácio Imperial, e outros sítios históricos, é formada por ruelas.
Entendo ruela por rua estreita, tanto as calçadas quando o leito por onde trafegavam as carruagens, as carroças, as liteiras, os pedestres, e os cavaleiros, daquele tempo do Império.
Nestas regiões basta você fechar os olhos para que toda aquela vida dos tempos passados, os amores, as intrigas, o comércio, as perseguições, e o dia a dia, fluam com certa naturalidade.
Naquele 9 de julho - quinta-feira - eu tinha chegado ali vindo da Gamboa, onde, por ser gratuíta a passagem do teleférico, ia e vinha na maior folga, sobrevoando e observando o corre-corre que se dava lá embaixo nas ruas.
Ali no centro, eu mancava um pouco por causa das bolhas no meu pé esquerdo que estourando, inflamaram.
A situação piorou depois que as peles que envolviam as lacerações soltaram-se completamente deixando as feridas expostas.
Com o avançar das horas a coisa foi ficando tão complicada que já me doía a perna esquerda toda.
A baixa temperatura, o vento frio, e as dores, entretanto, não me impediram de ler os poemas escritos nos banners imensos dispostos no chão, ao redor do Palácio Imperial, que, você sabe, é vizinho da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Bastante debilitado eu achava que estava com febre. Minha cabeça doía e a tosse assenhorava-se do meu peito.
Ao anoitecer um fenômeno esquisito aconteceu comigo: não sei se foi alucinação ou o quê. Sei que uma jovem mulher (ela deveria ter no máximo uns 36 anos, mais ou menos), parou na minha frente, estendeu a mão esquerda e disse:
- Vem.
Fixei meu olhar na figura: era loura, magra, de estatura mediana, olhos azuis e uma voz branda, macia, amável. Ela então continuou:
- Meu marido vai achar estranho, esquisito, mas você ficará no quarto da empregada, até resolver essas questões todas. Vem comigo, vem.
E você, pensa que eu fui?
Fui nada.
No dia seguinte, logo que amanheceu, estava na porta de uma Unidade de Pronto Atendimento - UPA - onde relatava ao doutor de jaleco azul, minha tosse, a dificuldade pra deglutir e os ferimentos no pé.
Só achei esquisita (não era o caso de exame de sangue, taxa de açúcar, diabetes, triglicéridos, colesterol alto ou baixo) a picada no meu dedo anelar esquerdo. Com ela o doutor retirou uma gota de sangue, impregnando um gabarito antes preparado.
Em todo caso, apesar do frio e das dores, o Rio de Janeiro deixa saudades.
Depois de mais ou menos uma semana no Rio de Janeiro, ter assistido missas, ido à Praça da República, à praia e passeado muito de teleférico, resolvemos chegar à Lapa.
Você sabe: é um local de boêmia, bares, rodas de samba e shows dos mais variados artistas. Naquele finalzinho de tarde o Fluminense jogaria e, portanto, ao entrar no boteco, aboletei-me num daqueles banquinhos, solicitando uma Antarctica tipo litrão.
O pessoal que não estava ligado na TV conversava animadamente ao redor. Notei que havia um sujeito boa pinta, bem vestido, que trazia nos dedos, nos pulsos e no pescoço ornamentos de ouro reluzentíssimos.
Ele era acompanhado por três mulheres lindíssimas, charmosas e chiques que o paparicavam sem cessar.
Num dado momento o tal empresário puxou conversa comigo. Então ele foi dizendo:
- Esse pessoal tem muita inveja de mim. Eles me odeiam. Odeiam o meu sucesso. Mas eles não sabem que vim de baixo. Sim, meu amigo, eu vim de muito baixo. Mais pra baixo de onde vim já era o Japão. Mas estou aqui, olha. Consegue ver aquela Maserati cinza ali perto do Quartel da PM? Então... É só minha. O IPVA está quitadíssimo, o tanque cheio. Cada gata dessa que me acompanha tem uma, se não igual, pelo menos parecida. É a vida, né? Fazer o quê?
Eu, boquiaberto, não conseguia mais me concentrar nos lances do Fluminense. Só ouvia. E lá vinha história:
- Então, mano... Eu fui catador de reciclável. Manja reciclável? Quando eu era menino, de calças curtas, minha mãe punha a gente pra catar lixo. Eu puxava carroça. Aliás, puxei muita, mas muita carroça mesmo. Eu só sofria quando tava muito pesado e tinha ladeira pra subir. A gente ajuntava tudo defronte o nosso barraco, na vilinha, e depois vendia. A gente tivemos sorte. Depois que fiquei taludinho, aparecerem uns caras propondo sacanagem em troca do dinheiro. Na dúvida eu contei pra minha mãe. Eu achei que ela ia dar piti, mas que nada. Ela incentivou. Mandou que eu me virasse. Eu me virei tanto que hoje tenho três apartamentos. Um em Copacabana e outros dois na Barra. Com os aluguéis dá pra pagar umas bramas.
Nessa altura do jogo eu já estava mais prá lá de Bagdá do que de Beirute: atordoadíssimo.
A noite desceu rápido. A temperatura baixou sensivelmente. Minha mochila, que não tinha quase nada além de algumas peças de roupa, pesava toneladas.
Com muito custo busquei, nos bolsos, a nota de R$ 10 com a qual pagaria o litrão.
- Deixa aí, mano. Você é dos nossos. Essa conta é minha - disse o homem de negócios.
Agradeci a gentileza e desejando que no segundo tempo do jogo, o Fluminense consolidasse a vitória, sai em busca da madrugada.
Não é muito aconselhável ir à praia no inverno. Mas se você for, saiba que encontrará situação bastante desconfortável.
A começar pelo céu cinzento, carregado de nuvens, que emoldura o local, até o frio da areia que lhe cobre os pés, o ambiente não se prestaria a outra coisa que não fosse o realce do desprazer.
Ao se aproximar você já sente o vento frio, constante, constritor, vindo das águas. Na sua presença parece que ele pede e você vai ingenuamente entregando logo tudo: primeiro tira o calçado, as meias, o jeans, soltando em seguida a blusa e a camiseta.
De bermudas você pode até, com o olhar, buscar mais alguém que tenha chegado ali, naquele ponto crítico, sofrido. Não estranhe se não houver nada além de alguns incautos e duas dúzias de pombos.
O inesperado, gélido feito o mármore das tumbas, prossegue então solicitando-lhe novos desafios: mas e a água gelada; a espuma das ondas? Sim... Mas e a areia que afunda sob as pisadas?
Apesar de tudo você perceberá que o vermelhão do seu rosto, o desalinho dos seus cabelos, o roxeado da sua pele - realíssimos - não são ficção nenhuma.
Se a sua coragem foi suficiente para fazê-lo avançar até molhar os pés verá que nas suas pernas algumas bolhas demoram pra escorrer.
O som da arrebentação e o movimento constante das ondas podem atordoá-lo. E se você não ultrapassou as bandeirolas informativas de que o local é impróprio para o banho ou natação, é melhor ir se atirando de corpo e alma.
Do contrário, meu amigo, saia de fininho, fingindo consternação. "Entregar o ouro" da saúde, assim, de mão beijada, pro frio bandido, não é nada inteligente.
Praia no inverno não é nada bom.
Nestes 16 dias que estivemos na cidade do Rio de Janeiro, tivemos a oportunidade de assistir celebrações religiosas em Igrejas distintas de lugares diversos.
Numa delas foi na do Santo Cristo (foto). Na peregrinação em que "As raposas tem suas tocas e as aves do céu seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça", não é incomum encontrar pessoas com a sorte semelhante.
Depois de uma missa sentei-me num dos bancos da praça onde antes ali havia um cidadão já acomodado.
Os diálogos, que nestes casos, começam sobre o tempo e a temperatura, naquele momento principiaram com o lamento choroso de quem dizia ter perdido todos os seus bens em decorrência de alguns atos escusos praticados por seus familiares.
Subnutrido, mal vestido, sem banho há dias, o homem explicava que a confiança que depositara em seus irmãos, numa questão de herança, valeu-lhe a perda da parte que lhe cabia, restando-lhe somente o sofrimento.
Suas lágrimas embargavam-lhe as palavras e sua questão principal era saber o que teria feito - e em qual momento da sua vida - de tão ofensivo assim à irmandade.
Expliquei-lhe que independente dele haver ou não feito algo que ofendesse profundamente os irmãos, o caráter deles seria o determinante das condutas justas ou injustas, relacionadas às questões de herança.
Desta forma, expliquei, se tivessem eles mais crueldade nos corações, do que compaixão, certamente que não seria este ou aquele erro, este ou aquele acerto, os determinantes das atitudes corretas relacionadas aos bens da herança.
O homem seguiu dizendo que com alguns documentos seus e seu nome, abriram contas bancárias, fizeram aquisições no comércio e depois, sem pagar, sumiram deixando-lhe somente a reputação de estelionatário.
Ele dizia-se temeroso quanto ao futuro. Sem ter para onde ir, o que comer, o que fazer, e a quem recorrer, indagava-me se podia ajudá-lo.
Sem dúvida nenhuma este - dentre outros milhares - era mais um caso para a assistência social do município, para as caridosas almas cristãs e o predomínio do reino dos céus.
Estivemos durante alguns dias, deste julho de 2015, na cidade do Rio de Janeiro.
A proposta visava mais arrefecer certos ânimos dificultosos de adaptação às novas ordenações psicossociais que presenciavam, reagindo insistentemente com crises de ódio e comportamento psicótico.
Quando saimos da cidade natal sabiamos o que enfrentaríamos. Mas a esperança de que haveria o providencial amornamento dos ânimos agressivos, davam-nos a força para prosseguir no conseguimento da tão esperada acomodação.
Na busca da paz muitos produzem mais do que podem, fazendo coleta em benefício dos necessitados da paróquia, assistindo as missas, participando das reuniões semanais das conferências e até retirando-se do "teatro das operações" para o bem da calmaria.
Um dos pontos turísticos que visitamos na sede das Olimpíadas de 2016 foi a Praça da República.
O local é imenso, todo arborizado; há lagos, ilhas. Soltos pelos campos há patos, cutias (Dasyprocta agouti), gatos, galos e pavões. As vias, por onde circulam as pessoas, dispõem de bancos de ambos os lados.
Há gente que se utiliza da Praça da República unicamente para "cortar o caminho" entre os seus destinos. Mas há quem se valha das vias do parque para a prática da caminhada, dos exercícios físicos em grupo ou corrida.
Apesar de estar sempre muito bem limpo e organizado, o local não tem um chuveirão, no qual o corredor ou caminhante possam higienizar-se depois das atividades físicas.
Observa-se também a ausência de sanitários. A vigilância é intensa, havendo a locomoção constante dos responsáveis, em veículos especiais silenciosos.
São muitos os frequentadores habituais da Praça da República. Não duvide, meu querido leitor que, dentre eles haja quem pense, diga e viva a tese de que "por você, seu sorriso, seu carinho e a sua compreensão, sou até capaz de morar na rua".
Da mesma forma que aquele que não vê a remela no próprio olho apontando, com insistência, o formato do olho alheio, a oposição, descuidando dos delitos praticados por si, cacareja os supostos desvios do governo.
E se, é claro, a oposição inquieta, reivindicativa e querelante pratica (ou praticou) o que condena, será indubitavelmente, também condenada.
Faz parte do ônus da vitória ter de suportar o descontentamento dos vencidos. Mas vem cá… Criticar só por criticar, não tem outro sentido do que o de demonstrar certa inquietude patológica.
Imagina se tem cabimento culpar o defensor pela condenação do réu, sabida e comprovadamente, cometedor do crime?
A pena do delito criminal é circunscrita ao criminoso. Por exemplo: não pode ser isento do castigo aquele que, por ter alguém xingado sua mãe, dentro do ônibus, atropela propositalmente um cachorro, rouba a corrente de ouro de uma transeunte ou dispara contra o proprietário do trailer de lanches.
Imagine se “cola” justificar os crimes dizendo que fez isso tudo por estar ofendido, sua mãe foi xingada, ou blasfemaram.
Da mesma forma, ressalvadas as devidas proporções e os nexos, que culpa teria o administrador público, nos crimes praticados por alguém nomeado antes, por ele, com base nas informações de que era um ótimo funcionário?
Num destes dias o presidente dos Estados Unidos Barack Obama discursava, na Casa Branca, sobre a aceitação, pelos tribunais norte-americanos, dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Durante a sua fala alguém começou a protestar insistentemente, quando então o presidente disse que ele – o que protestava – estava na casa dele – Obama – e que portanto deveria calar-se.
E é mais ou menos isso; é por aí. Enquanto o ocupante do cargo estiver legalmente exercendo a função, é ele quem manda. A casa é dele.
E não adiantam as tentativas de desalojamento com calúnias sob temas de pedofilia, inadimplência ou blasfêmia. Se querem a devolução da casa, o desalojamento dos seus ocupantes, é melhor procurar as vias legais, tipo impeachment, se houverem motivos, é claro.
Hoje o cidadão com 16 anos já tem noção do que seja certo ou errado, lícito ou ilícito, portanto deve responder criminalmente por seus atos. A ignorância – desde os tempos da Roma antiga – não exime ninguém das penas.
Cabe ao Judiciário, diante dos casos concretos, reais, analisar as provas, tanto as contrárias, quanto as favoráveis, existentes em relação aos acusados com 16 anos.
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