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Acesso de Tosse

por Fernando Zocca, em 24.09.12

 

 

 

 

Dina Mitt trajando uma camiseta amarela, bermuda azul e chinelos verdes, entrou no bar do Maçarico onde Van Grogue, sentado à mesa de canto, bebia a sua segunda cerveja.

- Você não é vassoura, mas também vive encostado, hein colega? - disse a mulher depositando sobre o balcão o maço de cigarros e o isqueiro verde.

Pery Kitto, Edgar D. Nall, Billy Rubina e Donizete Pimenta, que também degustavam as cervejas geladíssimas, gargalharam à solta. 

- É preciso ter alguma altura pra falar comigo. Altura intelectual, espiritual e abastança material. Você é muito baixa. Assim não dá. Assim não pode. - respondeu Grogue ingerindo um gole da bebida.

- Sou baixa, mas tenho meus poderes. Não brinque comigo. Gosto de botar ladrões, principalmente de herança, na cadeia ou no sanatório. Se não pego o pai, pego o filho.

Maçarico, percebendo que poderia nascer ali uma discussão prejudicial aos negócios, tratou logo de esfriar os ânimos.

- Dona Dina a senhora sua mãe melhorou? Ela estava com o diabetes alto, não é isso?

- Melhorou sim Maçarico. Eu fui ontem na agência do INPS e marquei uma consulta. O doutor atendeu e ela já está medicada.

- Vaso ruim não quebra. - Resmungou Van Grogue lá do fundo.

- Você é filha única. Sua mãe, já bem idosa, é dependente. E você não se preocupa com a própria saúde, frequentando os bares da cidade? - Quis saber Maçarico tomado por uma estranha onda de compaixão.

- Que nada, minha mãe é forte pra caramba. Ela manda arrancar os dentes sem anestesia. Me dê uma cerveja.

Dina acendeu um cigarro, pegou a garrafa, o copo e caminhou em direção à mesa vizinha a de Grogue.

- É verdade que você foi professor Van? - perguntou ela ao sentar-se.

Van percebendo que a mulher começaria outra das suas sessões de menosprezo pensou que se falasse algo enobrecedor da sua pessoa, talvez amenizasse a gozação daquela figura chata.

- Hã-hã. Fui professor sim.

- Você dava aula do quê? - quis saber a inquiridora.

Sentindo a angustia de quem se vê acuado Van soltou:

- De português.

- De português? Eu não acredito!! - Disparou Dina Mitt com uma sonora gargalhada.

- É verdade. - garantiu Van Grogue, meio sem jeito.

- Então conjugue pra mim o verbo ver. Se acertar eu pago as cervejas que você bebeu hoje. - Desafiou Dina.

Apesar de estar já embriagado, Van não deixou de sentir um desconforto terrível, com a provocação daquela maldosa.

- Eu olho, tu olhas, ele olha. Nós olhamos, vos olhais, eles olham.

Maçarico, que bebia um café, engasgou e teve um acesso de tosse. O pessoal todo, em silêncio, voltou-se para Grogue olhando-o fixamente. 

- Está vendo com são as coisas? O cara não sabe nada e ainda ganhou do estado pra ensinar tudo errado. - Concluiu Dina.

- Mas eu acertei a resposta. Você me deve as cervejas. Ver e olhar são a mesma coisa. - Argumentou Van.

Maçarico, mais uma vez, percebeu que iniciaria ali uma daquelas polêmicas tremendas, que poderiam terminar em ações extremamente prejudiciais, à integridade dos objetos do botequim.

- Para tudo. Vamos fazer uma enquete aqui e agora. Quem acha que a Dina Mitt deve pagar as contas do Grogue levanta a mão.

Todos os presentes olharam-se espantados com a atitude inusitada do proprietário do estabelecimento. Mas, falando muito mais alto, "o espírito de corpo” fez com que a desafiante Dina Mitt pagasse, mais uma vez e sem discussão, as despesas do desafiado.

24/09/12

 

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publicado às 17:27

Aceitando as Repreensões

por Fernando Zocca, em 21.09.12

 

 

É claro que devemos ser gratos a quem nos faz o bem. E se essa gratidão puder ser expressa de forma concreta melhor ainda.

 

A tendência natural é fazer aos outros tudo o que nos fizeram, mas o ideal é retribuir o bem e também o mal, com o bem.

 

Pode parecer muito esquisito, mas se você repassa o mal que te fizeram certamente que ele continuará circulando e, não sublimado, voltará novamente.

 

Então a gente pode perceber que haverá a mudança de degrau, de avanço, digamos espiritual, quando soubermos transformar os malefícios recebidos em benefícios à fonte agressora.

 

É um exercício dificílimo, mas quando apreendido, torna o predomínio do bem-estar, mais presente em nossas vidas.

 

Às vezes recebemos repreensões cujo objetivo é modificar a conduta, e se nos rebelamos contra elas, veremos que a permanência nos equívocos seria inegável.

 

Pode parecer estranho, mas a admoestação seria semelhante às marteladas com a marreta, numa placa de metal, que se quer moldar.   

 

A resistência oposta a elas teria como fundamento a sensação de injustiça e o desejo enorme de não submeter-se. Entretanto a vida vai nos mostrando que, às vezes, é necessário dar uma parada, refletir e, não repercutindo os mal-estares das repreensões, transformar tudo em carinho.

 

Há quem diga que isso só seria possível com a idade. Pode até ser, mas tem muita alma antiga que ainda repassa o mal que recebe. 

 

Na verdade o espírito agressor estaria tão mal e desconfortável, que, à semelhança da erupção de um vulcão, movimentar-se-ia causando uma devastação no ambiente.

 

Faz parte da nossa existência a submissão aos bons conselhos.  A aceitação das correções que nos impõe o bom senso garantiria um viver com melhor qualidade.

 

Com muito amor aceita-se as regras que conduzem à socialização. 

 

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publicado às 20:04

A Partida e a Chegada

por Fernando Zocca, em 15.09.12

 

 

Dizem que os momentos antecedentes de uma festa, nos quais se prepara tudo, seriam melhores do que os festejos em si. Alguns ciclistas consideram o percurso, entre dois pontos, muito mais prazeroso até do que a chegada no final.


Há quem diga que a viagem, entre duas cidades, daria mais satisfação, exatamente naqueles instantes em que ocorre o deslocamento.


Nesses três exemplos vemos uma coisa em comum: a partida e a chegada.


Na existência também podemos observar duas ocasiões importantíssimas, que são o nascimento e a morte.


Entre o berço e a sepultura, há um "caminho"; existe o viver. A permanência entre esses dois polos pode ser bem breve ou longa, dependendo da providência divina e também do que nos dispomos a fazer.


É mais do que sabido que o estilo de vida contribui, em muito, para uma realidade longeva; assim o uso imoderado do álcool, do tabaco e outras drogas, levariam às conturbações danosas ao bem-estar, tornando consequentemente, sofrida a vivência do cotidiano.


Perceba que as discussões intermináveis, as agressões contra as pessoas mais jovens, violência contra os mais velhos, e a total incapacidade para adaptar-se, às novas circunstâncias, fariam do indivíduo um sofredor incurável, que por sua vez, faria padecer aqueles que o rodeiam.


O sujeito perturbado, querelante, reivindicativo, obstinado e cultivador do ódio, tem muito mais chances de sofrer acidentes vasculares cerebrais (AVC), infartos do miocárdio e esgotamento nervoso, do que aqueles que se ocupam em louvar o sagrado e observar as leis, tanto dos homens quanto as da natureza.


A agitação, o agir atabalhoadamente, além de não beneficiar a si próprio, lesaria a outras pessoas. Os desencantos todos contribuiriam, num verdadeiro círculo vicioso, para o desconforto ainda maior do desorientado.


Fazer o bem, evitar o mal, seria um bom princípio para o estilo de vida mais inteligente e saudável.

 

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publicado às 21:48

A Pizza de Alice

por Fernando Zocca, em 11.09.12

 

 

Van Grogue saiu do bar do Maçarico naquela noite de terça-feira e, caminhando pelas ruas de Tupinambicas das Linhas, ele pensava em achar um local que lhe pudesse servir algo amenizante da fome estranha que sentia.

Ao entrar na pizzaria O Pescador ele consultou o bolso disfarçadamente dizendo logo em seguida:

- Uma de alice.

O pizzaiolo, todo enfarinhado que rodava, no dedo, a massa fina circular sobre a cabeça, apontou com o queixo a mesa em que Grogue deveria sentar-se.

Van acomodou-se. Tentando controlar a sensação de mal-estar que lhe causava aquela situação nova, ele buscou olhar para cima, para os lados e para baixo, enquanto tamborilava na mesa.

Ao dirigir o olhar para um dos cantos da pizzaria, ele viu um rato graúdo que, saindo rapidamente do banheiro, esgueirou-se pelo rodapé, enfiando-se debaixo do tablado, sobre o qual trabalhava o pizzaiolo. 

A rapidez com que o bicho passou não impediu que Grogue se lembrasse daquela pelagem suja, do rabo comprido nu e dos guinchos que o tal emitia.

Um conflito terrível instalou-se no pobre Grogue: a fome ou o nojo, a atração ou a repulsão, prevaleceriam no seu espírito, naquele momento decisivo?

Van sentiu uma dor forte no ombro direito. Ao massagear a região ele pensava se valeria a pena ou não degustar, naquele instante, a pizza de alice.

A lembrança da ratazana suja e dos males que ela poderia causar, não só aos clientes, mas a toda pizzaria, provocou-lhe a sensação de medo e asco. Um sofrimento indescritível apoderou-se dele. Grogue padecia, e muito.

Talvez fosse melhor deixar, para outra oportunidade, a apreciação do acepipe.  

 

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publicado às 12:20

Despertadores Matam Sonhos

por Fernando Zocca, em 10.09.12

Em cidade pequena quase todos se conhecem, pelo menos de vista. Essa familiaridade implica em conhecimento dos hábitos relacionados a tudo.

 

Dessa forma não é exagero afirmar que as preferências alimentares, e as reações a determinados estímulos, não sejam do saber dos vizinhos.

 

Se você está em Roma deve agir como os romanos. Mas se você está num bairro cercado por idiotas, o não comportar-se como tal, pode distingui-lo, e isso gera, inclusive, bastante ciúme.

 

Então, as atitudes hostis prevalecerão no entorno do menos estúpido, com o objetivo de afastá-lo do lugar.

  

A concentração do lúmpen torna o quarteirão bastante sujo, com a qualidade do ar comprometida, depredações, pichações, furtos e agressões.

  

A incapacidade dos vereadores, prefeitos e demais autoridades em revitalizar certas áreas, faz com que a deterioração se alastre pelo bairro todo, tornando a qualidade de vida bem medíocre.

 

Na verdade não há interesse dos políticos, que vivem do superfaturamento das obras públicas, em melhorar o nível de vida das pessoas, nos bairro periféricos. Isso não lhes daria visibilidade e por consequência não lhes traria votos.

 

Para essas pessoas que enriquecem com o dinheiro destinado a pontes, viadutos e edifícios públicos, quanto menos instrução e informação o eleitor tiver, mais facilidade haveria para a permanência dos modos de vida oportunistas.

 

Então, numa sociedade que tem líderes obscurantistas, dizer que "despertadores matam sonhos", não teria outro significado que não fosse "a instrução pode acabar com a alegria dos corruptos", aliás, há décadas no poder.

 

Os antigos senhores de engenho, escravocratas, hoje nos mais altos postos governamentais de Piracicaba, podem até tolerar a presença de todos, desde que sejam concordes com tudo o que lhes é dito.

 

Entretanto a partir do momento que há discordância, o autoritarismo entra em ação objetivando o abafamento das opiniões contrárias.

 

Nesse contexto julgo que a cordialidade, a boa educação e o respeito entre as pessoas devem ser muito mais importantes do que qualquer obra pública.

 

É o que eu tenho dito. 

 

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publicado às 13:15

Ivana a Bancária

por Fernando Zocca, em 06.09.12
 

Haveria personalidade mais idiota do que a da Ivana (Letícia Isnard), que se comporta feito uma imbecil, diante das enganações  do marido?

O Max (Marcelo Novaes) "pinta e borda' com a Carminha (Adriana Esteves), assedia a Nina (Débora Falabella) e a xarope, completamente endoidecida, ainda se dirige inocentemente ao traíra com voz de falsete. 

Se a Ivana fosse bancária seria daquelas enrustidas frustradas, loucas pra descontar suas neuras, nos clientes do banco a quem fariam esperar, por longas e longas horas, numa poltrona de agência.

Sabe aquelas doidas que não evacuam por dias e dias seguidos e que quando chegam pra trabalhar, querem "passar o seu nervoso" pra alguém, enganando-o ou o colocando numa situação desconfortável? Essa seria a Ivana bancária.

A Ivana corna bancária, seria daquelas cujo marido, além de "aprontar" com outras mulheres casadas, seria adepto também dos churrascos, nos finais de semana, à beira da piscina de águas turvas, ciadoras das larvas do aedes aegypti.

A bancária Ivana, retardadíssima, teria uma cadela Poodle a quem deixaria latindo, no portão da sua casa de periferia, por longas horas, como punição ao vizinho chato, que não toleraria ensaios da banda do concubino, depois das 22 horas.

Ivana a bancária teria um marido cabrão, meio fraco da cabeça, chegado numa cachaça poderosa e ligadíssimo nas latinhas de cerveja, que adquiriria às pencas, nos finais de semana. 

Sabe aquela figura, espertíssima, que mesmo sem crédito no celular, simula conversas diante das pessoas a quem deseja impressionar? Essa é a ivana bancária caipira.

A Ivana do interior, teria ligações profundas, por meio de parentes próximos, com algumas instituições públicas centenárias, das quais receberia reforços financeiros substanciais, ao salário modestíssimo que lhe pagaria o banco. 

A Ivana bancária caipira, teria prisão perpétua de ventre, e se fosse eleita vereadora, da cidade pequena, certamente daria muito trabalho aos mais experientes, que gastariam horas e horas do expediente, explicando-lhe que não poderia revogar a lei da gravidade, mesmo que ela fosse muito antiga.

A  caipira bancária Ivana seria daquelas que daria um boi de até 1093 kg pra não entrar numa briga, mas se entrasse, contribuiria com uma boiada inteira, pra não sair dela.

A tal bancária seria mestra em matemática, com os números, no entanto, encontraria sempre, muita dificuldade para calcular os valores da pensão alimentíciaa que o pai do seu filho nunca pagaria em dia.   

Ivana a bancária seria insuportável se o seu pobre concubino chegasse, um dia, a se formar em medicina. Aí, meu amigo, ninguém aguentaria tanta soberba e esculhambação. 

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publicado às 23:47

Deficiência e Educação

por Fernando Zocca, em 04.09.12

 

A língua descontrolada não deixa de ser uma tremenda chateação. E tudo fica mais angustiante ainda quando o portador dessa característica é analfabeto e crente nas superstições.

Há quem entenda o fenômeno como transtorno obsessivo compulsivo, hiperatividade ou que haja a ocorrência de lesão significativa na região do cérebro responsável pela fala.

Quando o paciente tem o vocabulário limitado, por desconhecer o alfabeto, ele repete as mesmas palavras da mesma forma que a impressora de uma gráfica, repete os impressos ao longo do tempo.

Há os que defendem e mistifiquem os portadores, bem como a própria anomalia.   

O obsessor, falador compulsivo, busca o controle numa interação, não havendo lógica no seu "discurso"; o alívio da possível tensão minimizar-se-ia com a abstenção da ingesta do álcool, do tabaco e dos estimulantes. 

Perceba que o ciúme, atuando como combustível, do portador da doença, torna-o cruel, maldoso e totalmente desprovido de compaixão. 

Note que o paciente possuidor dessa afecção, objetivando impressionar as pessoas do seu convívio, controlando-as e obtendo delas o respeito, procura "influenciar" e "dominar" os vizinhos.

Não se pode deixar de admitir que os portadores desse tipo de transtorno sejam deficientes muito mal educados.

Não é incomum, de forma alguma, o aproveitamento dessas situações anômalas por políticos desprovidos de boas intenções. Geralmente as omissões na área da saúde pública e prevenção, ocorrem como retaliação à discordância das opiniões que interessam a eles.

O auxílio de especialistas pode trazer mais conforto para o doente e as pessoas que o circundam.

 

 

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publicado às 13:17

O Sumiço da Roda

por Fernando Zocca, em 01.09.12

 

 

Na manhã de terça-feira Janaína sentiu a necessidade de caminhar um pouco a fim de arejar as ideias, e livrar-se do incomodo que lhe dava o tédio.

Ela então, resolvendo sair sozinha, embarcou no Sandero GT Line vermelho e, com muita atenção ao trânsito, dirigiu-se ao Shopping que sempre lhe garantia bons momentos de satisfação.

Sentindo que seu carro estaria bem protegido, no estacionamento imenso, daquele novo centro comercial, ela bem à vontade, pôs-se a caminhar sobre o piso reluzente, ornado com figuras de traços finos.

Janaína andava lentamente, desfrutando o prazer que sentia ao observar as vitrines das lojas, especialmente preparadas para atrair e satisfazer os consumidores.  

No final de uma caminhada longa ela entrou numa loja e, com o senso estético bastante apurado, comprou três blusas e duas calças jeans.

Ao sair a jovem encontrou-se com a velha e querida amiga Marie de Lurdes a moça alta, loura, cabelos cacheados, que trajava, naquele momento, um vestido verde leve, com alças estreitas e decote generoso.

- Vi você na praia ontem. Eu te chamei, gritei seu nome, mas você não me ouviu. – Disse Marie beijando a amiga.

- E por que não foi falar comigo?

- Estava com pressa. Tinha hora marcada com o advogado. Você sabe não é? Eu me separei do Gaby.

- Eu não sabia. Não deu mesmo pra segurar a onda? – interessou-se Janaina ajeitando as sacolas que trazia na mão.

- Não. O cara ficava cada dia mais violento. As crianças não podiam nem brincar que ele agredia todo mundo. Estava cada vez mais louco. – Marie ao falar sentiu seu rosto avermelhar-se.

- É verdade mesmo que Gaby tem problemas neurológicos? – quis saber Janaina.

- Você sabe não é? O pai dele já não era flor que se cheirasse. Tinha uma genética ruim e ainda por cima não parava com o uísque. Eu pedia, a toda hora, que ele deixasse o maldito vício, mas não tinha jeito.

- Ele não combinava com o Marcelo, seu filho mais velho? – Indagou Janaina.

- Você sabe que o Marcelo é enteado do Gaby, não é? O pai do Marcelo é o Messias, aquele frouxo que não serve nem pra pagar a pensão alimentícia em dia.

- Eu sei. Sei também que eles nunca se deram bem. O Gaby odeia o Marcelo. Mas é verdade que agora estavam se espancando?

- Sim. É verdade. – confirmou Marie. – Não sabia mais o que fazer ou a quem recorrer até que me orientaram a procurar um advogado e foi o que fiz. O Gaby não queria a separação. Mas eu sai de casa e fui morar com a minha mãe. Enquanto isso o doutor fez um processo litigioso. Saímos da audiência lá do Fórum separados.

- Desejo boa sorte pra você Marie. Tomara que agora você encontre alguém que te faça feliz. – disse Janaina afetuosamente beijando a amiga.

- Tudo de bom pra você também, amiga. Acho que agora teremos paz. – Marie sentiu um aperto esquisito no peito e lágrimas escorreram-lhe pela face.

Segurando com firmeza suas sacolas Janaina caminhou durante alguns minutos entrando na área do estacionamento; ao aproximar-se do seu carro notou que a roda traseira direita fora furtada.

Muito Indignada ela ligou para o marido, contando o acontecido.

-         Não saia dai. Estou chegando daqui a pouco. – Vociferou Perez ao telefone.

Perez chegou depois de uma hora encontrou-se com a esposa, e foram conduzidos, por um dos seguranças do estacionamento, á presença do gerente que se negava a reconhecer a responsabilidade pelo furto bem como a obrigação de indenizar o cliente.

Enquanto discutiam Janaina esperava ansiosa e cansada.

-         Sinto muito seu Perez, mas não podemos pagar por uma coisa que não fizemos. Temos avisos por toda a área do estacionamento informando que não nos responsabilizamos por furtos ou danos que possam ocorrer nos carros.

-         Bastante estressado Perez resolveu discutir o problema no judiciário. Chamando Janaina eles iniciaram a caminhada até onde parara seu carro.

-         Vou chamar o guincho pra levar o seu, Janaina. – disse Perez acionando o celular.

Satisfeito por se ver livre momentaneamente do problema, o gerente horrorizou-se ao perceber que um odor fortíssimo de gás emanava das aberturas e frestas do chão do corredor todo, onde se localizava a gerência.

Enquanto corria desesperadamente pelos corredores do shopping, agitando os braços acima da cabeça, o gerente esgoelava:

-         Seu Perez, dona Janaina, pelo amor de Deus. Vamos resolver logo esse assunto. Ligo agora mesmo para a concessionária mandando vir a roda que sumiu.

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publicado às 18:58


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