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Depõem contra o sistema de saúde pública de uma cidade, contra o ensino, a existência de núcleos familiares onde imperam o alcoolismo, o tabagismo, as violências físicas e morais.
Nesses ninhos de más-influências são gerados crimes, doenças, motins de rua e incivilidade.
Geralmente formados por componentes frutos de relacionamentos consanguíneos, somam-se a essas personalidades, facetas querelantes, reivindicativas e perseverantes.
O analfabetismo cria a barreira quase intransponível, que mantém o tal chefe de família, numa situação de litígio incessante. Está vedado a ele o acesso às informações que poderiam socializá-lo, tornando mais humano o ambiente também do entorno.
À casca do obscurecimento, formada pela ausência de ideias cristãs, somam-se ainda a irritabilidade somática, promovida pela ingestão frequente dos estupefacientes já citados.
O resultado disso tudo é a agitação constante, a fala automática incansável, estereotipias, com as quais se busca o sofrimento alheio. A certeza dos malefícios provocados no rival traria satisfação. É a prevalência do sentimento de vingança.
A sociedade teria sua parcela de culpa nesse fenômeno quando, por meio do ensino, não promove o alerta e o imediato esclarecimento das dúvidas quanto as santas diretrizes a serem seguidas.
Cabem também aos setores responsáveis pela saúde da população de uma cidade, a sua parcela de culpa, quando não desencantam das crendices, os agentes criminosos e suas vítimas.
A criação de empregos e a construção de moradias dignas contribuiriam de forma bastante decisiva para o aliviamento da enorme tensão que se forma nas casas pequenas, com muitos moradores, verdadeiros cortiços de vespas.
Para que essa situação ideal ocorra é necessário que a sangria das verbas públicas seja estancada. A corrupção nos municípios além de envergonhar um povo todo, concorre para a criação daquelas situações geradoras desses crimes bárbaros que vemos diariamente pela televisão.
Então, o enriquecimento ilícito do senhor prefeito, do senhor vereador, do senhor deputado federal, provocaria a escassez das verbas destinadas à melhoria das condições de vida dos cidadãos eleitores.
Quem já consegue negar que, ainda nos dias de hoje, os ricos ficam cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres?
Tupinambicas das Linhas, não era a Líbia, mas também tinha o seu Muammar Kadaffi. Era o vereador Fuinho Bigodudo, conhecido como Muar Fuinho Bigodudo.
Da mesma forma que o ditador Líbio insistia em não deixar o poder, mantido com injustiças e violência, o Muar tupinambiquense também se negava a “largar o osso”, mantido com verbas substanciosas, aos comunicadores dependentes da cidade.
Mas na manhã de domingo, no bar do Maçarico, quando já degustava a cerveja gelada, com a barriga encostada no balcão, Gelino Embrulhano pôde notar a presença espalhafatosa do Omar Dadde que, vestindo bombacha, chapéu de abas largas, botas de cano longo, camisa azul-pavão e um lenço de cetim amarelo, amarrado no pescoço, entrou em cena declamando:
- Eu vou/Eu vou/Pra casa agora eu vou... – Dadde mal terminou sua mensagem matinal quando foi interrompido por Gelino Embrulhando, que falou ao Maçarico, em alto e bom som:
- Pronto! Acabou o sossego! O chato acaba de chegar.
- Mas, olha... Veja quem está aqui. É o sujeito mais mentiroso, enrolado e falso que a cidade já viu – respondeu Osmar Dadde, olhando irônico pro Maçarico.
E depois ainda, aproveitando o silêncio que se fez, por alguns segundos no botequim, Dadde continuou:
- Que mané chato, mano? Parece que não me conhece.
Gelino Embrulhando respondendo a pergunta defendeu-se:
- Onde eu estou você logo vem atrás. Parece boiolagem, tesão de argola, qual é a tua, parceiro?
- O quê? Tesão de argola? Ocê tá louco Embrulhano? Eu sou é muito macho, meu chapa – indignou-se Osmar Dadde. - A cidade é livre, eu também sou. Por isso vou onde quero.
- A cidade pode ser livre e seus habitantes também – interveio Maçarico interrompendo a conversa entre os dois fregueses. Ele julgou que a rixa poderia descambar para a agressão física e o quebra-quebra.
- Ouvi um comentário que esse tal vereador Fuinho Bigodudo fez uma lei que proíbe o funcionamento de todos os bares e restaurantes da cidade, depois das 10 da noite. Ele instituiu o famoso toque de recolher.
- O quê? Ele fez isso? – perguntaram em uníssono os dois contendores.
- Fez sim. E se não me engano, o projeto de lei está no gabinete do prefeito Jarbas, pra ser aprovado – completou Maçarico, vendo que os birrentos esqueceram as hostilidades por alguns instantes.
- Isso quer dizer que ninguém mais poderá tomar seus birinaites nos bares, depois das dez horas da noite? – questionou Embrulhano.
- Mas isso é um absurdo! Vamos iniciar um abaixo assinado pedindo a cassação desse Fuinho. Ô sujeito maldoso! Votar nele é a mesma coisa que adubar erva daninha – proclamou Osmar Dadde brindando com um copo de cerveja que acabara de encher.
- Vamos depor esse Kadaffi tupinambiquense! – decretou Gelino Embrulhano.
A partir daquele momento, Maçarico teve a certeza de que o bar e a sua própria integridade física, estariam assegurados.
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