A compulsão é uma coisa horrível que torna seu portador um verdadeiro escravo. O falar seguidamente, o olhar para o espelho, o beber, o usar determinada cor no vestuário são tipos de obsessões perturbadoras.
É muito difícil o sujeito acometido por essas idéias fixas, se livrar do sofrimento. Às vezes nem incômodo isso é para ele.
O voyeurismo é considerado patologia consistente na obtenção do prazer sexual pela observação dissimulada de cenas íntimas. Por exemplo: o olhar reiteradas vezes, pelo buraco da fechadura do quarto, a própria irmã trocando de roupa, indica ter o tal sujeito as características que definem a patologia.
Se o camarada é daqueles que sobe até no muro do quintal para “buraquear” a filha do vizinho tomando banho, reforça-se a noção de ter ele o tal desvio de personalidade, que o identifica com os traços dos portadores da afecção.
O falar de forma descontrolada palavras sem sentido, repetindo-as da mesma forma que numa tipografia, a máquina impressora repete a idêntica impressão, demonstra o desequilíbrio emocional desconfortável que pode ser tratado por especialistas.
Esses transtornos, ideações fixas, assemelham-se aos pântanos, águas paradas que, apodrecidas, fermentam impregnando os circundantes. Parentes próximos, nas habitações superlotadas, são os primeiros a contaminarem-se com esse tipo de doença.
Assim como existem os sofrimentos, do mesmo jeito há também as formas de curá-los. Existiria uma corrente fitoterápica que lecionaria ser o nabo um recurso redutor importante do padecimento dos faladores compulsivos.
Empregado na forma de supositório o nabo teria a propriedade de induzir o conforto que o padecente não dispõe. A agitação psicomotora e até mesmo as afecções dermatológicas seriam curadas com o uso contínuo da brassicássea.
O nabo é um vegetal muito conhecido, popular e eficiente devendo ser bem lavado antes da utilização. É preciso observar se não há excesso de herbicidas ou qualquer outro produto químico utilizado durante o plantio. Isso pode se constatar pelo odor que emana do produto.
Se o vegetal estiver muito desenvolvido, ou seja, se estiver com acúmulo de água aparentando inchaço, haverá de ter o paciente, algum cuidado no modo de usá-lo. Os nabos mais antigos carecem de fervura preliminar.
As folhas e demais penduricalhos aderidos ao vegetal devem ser afastados. Os parasitas que acercariam a planta não teriam outra função do que a de minar os substratos componentes da estrutura.
As experiências comprovariam serem as fixações desconfortáveis reduzidas aos níveis de equilíbrio semelhantes aos observados nas pessoas normais.
A violência verbal ou moral não resolvem nada. Seja mais inteligente. Procure uma escola.
Em Piracicaba muitas crianças se dedicavam a catar lixo pelas ruas. Em 1994 quando morávamos à Rua Bela Vista, havia uma menina que puxando sua carroça, numa certa ocasião, parou em frente à nossa casa.
Acho que ela não tinha nem dez anos e já toda sujinha, perambulava pelas ruas pedindo jornais, caixas de papelão e outras embalagens.
Talvez o que a motivasse estancar ali, naquela manhã, fosse a queda de uma das rodas da carroça que saira do eixo.
A menina era filha de catadores de lixo e irmã de numerosos irmãos. Quando estacionou seu veículo defronte nossa residência ela procurava uma sombra onde pudesse descansar e recolocar a rodinha no lugar.
Depois que encostou ali frente ao nosso portão ela pediu um copo de água; logo após expressou sua vontade de usar o banheiro.
Ao passar por nossa cozinha ela observou a mesa que continha ainda a louça e a sobra dos alimentos do café da manhã. Quando percebemos que a criança fixou o olhar sobre os alimentos, intuímos a sua fome e então a convidamos a sentar-se e a tomar uma xícara de café.
Toda embaraçada ela se acomodou na beirada de uma cadeira; a ela servimos leite com Toddy e pão com margarina.
A avidez da garotinha ao deglutir aquelas coisas impressionou-nos. Ela não mastigava e quase engasgou tamanha a voracidade com que enfiava o pão goela abaixo.
Sentado ao seu lado perguntávamos onde morava e quem eram seus pais. A sofreguidão impedia que ela falasse qualquer coisa e qual não foi a nossa surpresa quando, de repente, a menina vomitou sobre a mesa e evacuou ali mesmo, no chão da cozinha.
Tentando controlar a situação levei a jovem ao banheiro onde a fiz lavar-se. Mais tarde, tendo consertado a rodinha e no comando da sua carroça, ela continuou a lida de recolhimento de lixo.
Hoje em dia ela já não mais vagueia pelas ruas. Está casada e tem três filhos.
Cada povo com a sua cultura. Nós aqui no Ocidente procuramos cuidar da melhor forma possível dos nossos cães e gatos. Outro dia vi na TV, se não me engano no Domingão do Faustão, uma atriz pedindo às pessoas que não comprassem os animaizinhos. O objetivo dela era o de lançar uma campanha restritiva do comércio dos bichinhos e da degradação que eles sofrem.
Entre nós existem até sociedades protetoras dos animais. Há leis que protegem a integridade física e a saúde desses nossos irmãozinhos.
Nas Universidades há cursos de Veterinária formadores de profissionais que cuidarão do bem estar dos amiguinhos. São Francisco de Assis considerava os animais criaturas de Deus devendo ser respeitados por nós, seres humanos.
Quem não se indigna quando vê alguém promovendo maus tratos contra eles? No Rio de Janeiro, há algum tempo, o vereador Cláudio Cavalcanti, propôs uma lei que tinha por objetivo liberar os animais de tração, dos suplícios e maus tratos feitos por seus proprietários.
Cláudio Cavalcanti foi ator da Rede Globo, tendo atuado em muitas novelas e filmes inesquecíveis.
Hoje uma indústria enorme floresce em torno do bem estar e saúde dos bichos. Há fábricas de ração, de xampus, sabonetes, medicamentos, roupas; há clínicas de psicologia especializadas, tratamentos que usam a homeopatia, e até peritos que aplicam passes nos debilitados.
Há ainda treinadores profissionais, que ganham a vida adestrando os bichos.
Isso tudo acontece aqui, no Brasil. Mas na China a coisa não é bem assim, não. Lá, minha amiga, os gatinhos e cachorrinhos, antes de virarem comida, são tratados com a maior crueldade.
Eles são amontoados e aprisionados nos engradados minúsculos para o transporte por caminhões. As gaiolas são empilhadas nas carrocerias e levadas até os abatedouros. Existem locais que funcionam como entreposto, aonde os usuários vêm para comprar a preciosa mercadoria.
Veja no vídeo como funciona a matança de cães e gatos, na China.
Você comeria bifes de carne de cachorro ou de gato?
Diziam em Tupinambicas das Linhas que Jarbas, o caquético testudo, provando ser seu governo o melhor que a cidade jamais tivera, construiria uma fábrica de automóveis.
Os comentários eram oportunos. As eleições se aproximavam e, da mesma forma que durante esses períodos o pessoal do partido retomava as balelas sobre a ferrovia, sua reativação e expansão, desta vez, falavam também sobre os automóveis tupinambiquences.
O Diário de Tupinambicas das Linhas vinha todo dia recheado com as notícias sobre o prefeito. Nas colunas sociais, na página de opinião, de negócios e todas as demais, as matérias sobravam com elogios e afagos.
Jarbas achava que fazia o que podia pela cidade. E segundo seus assessores, “quem faz o que pode, a mais não é obrigado”; no entanto era deficiente o atendimento à população carente, da periferia, nos postos de saúde; o ensino nas escolas públicas nunca estivera tão ruim.
O Tribunal de Contas do Estado de São Tupinambos reprovara diversas vezes seguidas, a utilização das verbas públicas, enviadas pelos executivos estadual e federal.
O município preferia a construção de viadutos e asfaltamento das ruas já calçadas, para onde carreava os valores recebidos, do que melhorar os salários dos professores municipais.
A merenda escolar também foi esquecida; as crianças não se alimentavam durante o tempo em que permaneciam nas escolas.
Muitas ruas da periferia não tinham asfalto e a poeira levantada pela passagem dos carros, causava danos respiratórios aos idosos e crianças.
Mesmo assim Jarbas queria construir a tal fábrica de automóveis. Ele justificava a teimosia afirmando que haveria emprego para milhares de pessoas.
O prefeito e sua equipe viajaram diversas vezes ao exterior, objetivando convencer os empresários a se instalarem no município. A fábrica ganharia, de presente, áreas enormes de terra bem como a isenção de impostos por cem anos.
Tanto fizeram Jarbas e sua equipe que realmente o seu sonho se concretizou. Depois de algum tempo os primeiros carros tupinambiquences começaram a rodar nas ruas da cidade.
Convencido do sucesso Jarbas achava que ganhar as próximas eleições seria fácil.
Veja o teste de um dos primeiros carros construídos em Tupinambicas das Linhas. A fábrica, que ganhou áreas enormes de terra e isenção de impostos por cem anos, foi trazida do oriente por Jarbas e sua equipe.
Louco é louco mesmo, não tem jeito. O funileiro filho da devassa, quando percebe que você está chegando a sua própria casa, cansado, suado, querendo beber aquele copo d água, logo liga o compressor de ar comprimido e a enche com tinta spray.
Tem sujeito mais filho da devassa que esse? O camarada tem parentes funcionários públicos que lhe garantem a comida na mesa.
Na funilaria não tem corajoso que se disponha a deixar seu carro para ser consertado. Além disso, o amancebado reforça o orçamento com o dinheiro que um enteado seu ganha do pai biológico.
É a pensão alimentícia mantendo o ócio predador do padrasto vagabundo.
A Praça José Bonifácio tornou-se o paraíso dos desocupados. Deficientes e aposentados passam seu tempo olhando o movimento das pessoas e automóveis.
Era mesmo esquisito o Augusto. Ele não gostava de sentir as emoções; dizia que ficaria louco. Por isso evitava ver as cenas de romance na TV, ouvir as músicas que tocavam fundo a alma das pessoas e orgulhava-se de ser um cara bem rude.
Os familiares diziam que Augusto era macho, muito macho, machão mesmo. E macho, meu amigo, você sabe: não pode chorar, não pode sentir afeto por alguém e, não pode expressar sentimentos de carinho.
Macho que é macho, segundo Augusto, era o sujeito que pegava no braço de um indigente, caído na calçada, e gritando com ele, o xingava de vagabundo, ordinário, mandando-o dormir num outro local.
Augusto achava que homem que era homem, não poderia, de jeito nenhum, deixar cair o elmo da dureza, da firmeza, permitindo-se possuir por sentimentos de gratidão ou reconhecimento.
O machão era autoritário, mandava sempre, não ouvia seus subordinados. Àqueles que ousassem discordar das suas palavras ele sentenciava: “vai se matar”.
O super, hiper, mega macho achava que botando medo naquelas pessoas que dele dependiam, fariam-nas dóceis aos seus comandos. Ele não deixava que ninguém lesse gibis, ouvisse programas de rádio ou assistisse TV.
Augusto era o mandão, o líder que aterrorizava, impunha a ordem pela violência moral, pela estupidez, e rudeza. O sujeito, sempre mal humorado, vivia no tempo em que os navios eram movidos a velas.
Para provar que era invencível ele inventava fatos, provocava às escondidas, mentia e enganava. Numa ocasião, objetivando reforçar a ideia de que não era fêmea, ele se aproximou de um vizinho e ofendeu-o com palavras de baixo calão. Quando o cara reagiu, Augusto o agrediu com um chute no peito, derrubando-o no meio da rua.
Em casa, no meio da molecada ele se vangloriava: “Viu só a voadora que eu dei nele?”
Boquiabertos os moleques punham-se quietos, temerosos dos seres demonizados por Augusto. Esse era o governo do supermacho que quando ficasse velho, seria tratado do mesmo jeito usado para controlar aquelas crianças.