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Desviando esmolas

por Fernando Zocca, em 14.08.09

 

                        Essa teologia da prosperidade faz cada uma! Inclusive admite que todos os donativos ofertados pelos fiéis da Igreja Universal, de propriedade do Sr. Edir Macedo, sejam utilizados na aquisição de bens materiais para ele, seus familiares e demais diretores.
 
                        Todas as religiões no Brasil recebem isenção de impostos, mas, os donativos que lhes são endereçados deveriam ser revertidos em benefício dos crentes, dos que buscam os ensinamentos bíblicos.
 
                        Configura exploração da boa fé o desvio das esmolas para a compra de empresas particulares, aviões, jornais, rádio e TVs. Esse procedimento viola princípios legais, éticos e morais passíveis de punição.
 
                        Contra tais atos o Ministério Público já requereu a apuração dos fatos e a aplicação da lei, mas o processo está em segunda instância há dez anos. A propositura de nova ação baseada nos mesmos fatos foi proposta pela instituição ministerial requerendo a aplicação das normas que regem a matéria.
 
                        O Juízo de Direito da 9ª Vara Criminal de São Paulo recebeu a denúncia, mandando citar os réus Edir Macedo e mais nove envolvidos nas irregularidades.
 
                        A Igreja Universal, por sua vez, diz que o crescimento da TV Record incomodaria as demais concorrentes, principalmente a Rede Globo.
                        Na verdade se houvesse o cumprimento das determinações que regulam o assunto, por parte do senhor Edir Macedo e outros,  não haveria ilícito passível de punição.
 
                        Então não são difíceis de ver as consequências das irregularidades. Uma delas, depois do enriquecimento ilícito dos envolvidos, é a aquisição de empresas que teriam peso político decisivo. Nada contra a aquisição de empreendimentos que possam influir na escolha política, desde que seja feita de forma lícita.
 
                        Não estaria passível de ter sua compra anulada a organização que fosse adquirida com o dinheiro roubado dos bancos? A origem do capital deve ser clara e lícita.
 
                        Estaria cometendo irregularidade a autoridade que, ciente dos fatos, não providenciasse o início das investigações e no final, a aplicação das penas previstas nas leis.
 
                        São infundadas as alegações de que o crescimento da TV Record incomodaria. É a forma ilegal que a faz crescer que incomoda. Quem poderia progredir da mesma forma se não usasse os meios escusos que ela usa?
 
                        Esse procedimento dos bispos e pastores da Igreja Universal, desviando as esmolas em benefício próprio, assemelha-se ao daqueles políticos, que nos esquemas de licitação, carreiam as verbas públicas para as suas contas particulares.
 
                        Sem dúvida nenhuma a mistura de religião, empresas de comunicação social e política, não produziriam resultados positivos para a nação. O exemplo disso pode ser observado nos locais onde as igrejas evangélicas associadas aos jornais e rádios conduzem a um tipo de poder político, extremamente desvantajoso para a população mais pobre.
 
                        É chegado o momento de cessar as cavilações, as chicanas e os sofismas que impedem a aplicação do direito e a distribuição da justiça.
 
 
 
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publicado às 14:09

Aqui em baixo as leis são diferentes?

por Fernando Zocca, em 14.08.09

 

                      Tudo bem, você está numa praia, sente o vento na pele, o sol a lhe aquecer, a maciez da areia, o bate papo com os amigos, o prazer da saciedade que lhe dá a água de coco. Mas e se de repente não podemos voltar para casa?
 
                      Você percebe que o sol se põe, os pernilongos cercam-no zumbizando no seu ouvido, a temperatura começa a baixar e nada. Nada de paredes para desviar o vento, nada de banho com aqueles xampus cheirosos, sabonetes reidratantes, e a fome, muita fome. Sim porque ali não há o conforto de um fogão onde se possa fazer um Miojo confortador ou um café da hora.
 
                     Tudo bem, pode-se até comer alguns peixes, que ao darem bobeira na sua frente, sirvam para lhe aplacar o desprazer da escassez de alimentos. Mas será que o escovar os dentes ali naquela água, que não vem da torneira, tem o mesmo efeito, faz a mesma sensação?
 
                      Tudo é muito estranho, muito esquisito. Bom, mas você percebe que está cansado, tem sono, e sua cama não se encontra presente. Que dureza! E tem mais: antes de deitar sempre é bom faze xixi, higienizar-se de alguma forma. Mas onde está o “trono”, aquele papel esperto, o bidê purificador?
 
                     Sem esses apetrechos o homem volta a um estágio da civilização conhecido como idade da pedra, ou pra não exagerar muito, para um tempo em que ele dependia mais da força física do que da astúcia ou inteligência.
 
                     A sobrevivência própria, e da espécie humana, numa situação bastante adversa, hostil mesmo, foi possível graças a capacidade para diluir tudo o que impedia o curso normal da vida. Então, contornando o que causava desconforto, e aprendendo a controlar o prazeroso, viu-se o ser humano nesse atual estágio de desenvolvimento tecnológico.
 
                     Naquele tempo, quando as pessoas habitavam as praias a produção dos utensílios era manufaturada, isto é, feita por artesãos que se especializavam.  Então havia quem fizesse panelas, armas, urnas mortuárias, canoas, ocas e demais objetos para uso próprio, pessoal, ou para familiares.
 
                    Neste século XXI chegamos a evolução tal que até mesmo um simples canudinho com o qual se sorve a água de coco redentora, tem um processo especial de produção industrial. Tudo é feito pela indústria, em grande escala, para milhões de pessoas.
 
                    É mas a fila anda, ou tudo passa, ou ainda tudo se move. Em outros termos dizem que até mesmo essa era da indústria, da produção industrial, está passando. Gasta-se menos horas hoje no trabalho que mantém o sustento, do que naquele tempo em que não havia nem mesmo um radiozinho a pilhas ou televisor.
 
                    As condições de higiene e alimentação, naquela época dos nossos antepassados, não proporcionavam a manutenção da saúde da alma e corpórea que se pode obter hoje. Por conseqüência a longevidade aumentou.
 
                     Se naquelas condições precárias das praias desertas havia a incidência de muitas doenças hoje estão todas elas, praticamente debeladas. Então se vive muito mais e melhor.
 
                    O existir em coletividade implica reconhecer as diferenças entre os que estão “lá em cima” e os que estão “aqui em baixo”. Numa sociedade ideal, mais justa, mais igualitária, não haveria espaço para a afirmação de que “aqui em baixo as leis são diferentes”.
 
                     Numa sociedade honesta, sem trambiques, todos seriam iguais perante a Constituição. E o direito ao trabalho, reservado a alguns privilegiados, seria estendido a todos os demais cidadãos desse pais.
 
 
 
Fernando Zocca.
 
 
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publicado às 14:09

Psicose

por Fernando Zocca, em 13.08.09

Fernando Zocca

 

 

 

 

 
 
 
 
Quando cheguei a minha casa naquele dia, estava realmente cansado. Não tinha sido nada fácil lá na empresa. Mas tirei o paletó jogando-o no sofá. Desapertei a gravata. Escutei um ruído que vinha do meu quarto. Fazia nove meses que havia me separado e não poderia ser minha mulher que estivesse ali. Tenso caminhei pé ante pé até a porta que ficou entreaberta. Não acreditei no que vi. Ela estava deitada de calcinha, na minha cama. Massageava a púbis e com as pernas fechadas fazia movimentos de quem tinha orgasmos.
 
Não provoquei nenhum barulho. Esperei com o coração aos pulos que ela terminasse. Ela logo depois virou-se para o seu lado direito e pareceu dormir, ajeitando os cabelos.
 
Mas quem seria? Estava ficando louco? Estaria eu na minha casa? Busquei reconhecer os objetos a mim familiares. Sim, ali era tudo meu conhecido. Mas quem era aquela mulher seminua na minha cama?
 
Completamente aturdido pensei em algo para fazer. Ficaria bem quieto e a observaria sem que me notasse. Os minutos passavam agoniadamente. Sentia certa atração por ela, mas o medo também estava presente. Depois que ela acordou levantou-se e vestiu sua minissaia. Penteou os cabelos calçou os sapatinhos delicados. Ajeitou novamente os cabelos e saiu do quarto. Tomou uma chave que tinha em sua bolsa e abrindo a porta da rua com naturalidade, caminhou como se tivesse saindo de sua própria casa.
 
Meu queixo caído e meus olhos vidrados não se moviam. Babei. Minha respiração ofegante foi se acalmando. Meus batimentos cardíacos voltaram ao normal.
 
Entrei no quarto e pude sentir o cheiro do seu perfume. Havia um aroma gostoso de xampu caro. Não conseguia ordenar os pensamentos. Fui até a cozinha e tomei um copo d'água gelado. Peguei o telefone e disquei o primeiro número que me apareceu na memória. Era de Suzana, minha gerente geral. Ela não demonstrou surpresa. Perguntou se eu havia bebido. Pediu para que eu descansasse mais. Disse para que não me preocupasse muito com as contas a pagar. Desliguei embasbacado.
 
Tomei um banho rápido. Quando saía o telefone tocou. Uma voz sensual de mulher sussurrava palavras que me produziram um arrepio na espinha. Perguntei quem era. Não me respondeu. Eu ficava aterrorizado a cada momento. Abri a porta do quintal e lá no fundo minha cachorra jazia morta. Seus dentes estavam expostos na boca entreaberta. Uma descarga motora me arrebatou.
 
Caí desfalecido. Quando acordei a enfermeira me olhava sorridente. Disse que tivera uma síncope nervosa. Perguntei por minha cachorrinha e ela me acalmou dizendo que estava tudo bem. Falei-lhe do que havia ocorrido e ela disse que estava estressado. Que tudo não passava de ilusão. Seria alucinação provocada pela tensão nervosa dos momentos difíceis nos negócios.
 
Eu me consolei. Estava sozinho no quarto. Quando olhei para a porta, ela a bonitona da minha cama lançou-me um sorriso ajeitando os cabelos. Deu-me adeusinho e virou-se caminhando com aquela minissaia reveladora.
 
Chamei a enfermeira. Gritei desesperado. Estava enlouquecendo? A moça surgiu afoita. Quando me viu assim agoniado buscou logo ali na enfermaria uma injeção que me aplicou no braço. Naquele momento um pensamento estranho me passou pela cabeça: gostaria que colocassem o meu nome num prédio de entidade pública enquanto ainda vivesse. Era uma loucura. Mas eu estava mesmo louco.
 
Meu problema era compreender o que estava se passando. Teria tudo isso a ver com o pessoal da caixa d'água?
 
Estariam tais fatos relacionados com A Seita Maligna do Dr. Val?
 
Quem é que sabe? Disfarcei então toda aquela minha ignorância e procurei mostrar-me como que se nada de anormal estivesse acontecendo. Como poderia classificar aquele surto psicótico? Qual seria sua etiologia? Teria algum nexo causal com Gertrudes ou com sua magia negra? Eu comecei a crer que não teria tantas respostas assim. Não naquele dia e enquanto o relógio não deixasse de indicar 16h19min, o momento fatídico em que aquela mulher pedante e de canelinha fina, com seu carrão potente, trafegando pela contramão, se esborrachou toda na Rodovia do Açúcar defronte um caminhão de areia.
 
Nos escombros o pessoal do resgate encontrou o velocímetro que congelado no momento do impacto indicava: 174 km por hora.
 
Fatal.
 
 
Vende-se o apartamento 93 do 9º andar  no Edifício Araguaia. Contém sala em L, três quartos (uma suíte), quarto para empregada, lavanderia ampla e cozinha.  Tratar pelo fone 19 3371 5937.
 
 

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publicado às 19:01

Artistas homenageiam Simonal

por Fernando Zocca, em 13.08.09

 Wilson Simonal foi homenageado terça-feira (11/08) à noite no Rio de Janeiro por Ed Motta, Paralamas do Sucesso, Maria Rita, Marcelo D2, Martinália dentre outros, que se apresentaram com as músicas do repertório do cantor.

 

            Os artistas foram convidados pelos filhos de Simonal, Max Castro, Simoninha e pela gravadora EMI para o  Baile do Simonal, no Vivo Rio, durante o qual foi gravado um DVD.
 
            O projeto foi realizado depois do sucesso alcançado com o documentário sobre a vida de Simonal, visto por mais de 70 mil pessoas, denominado”Ninguém sabe o Duro Que Eu Dei”.
 
            Segundo consta Wilson Simonal estaria sendo roubado por seu contador que levou dele uma surra. Na polícia a vítima disse que Simonal era informante das forças repressivas do regime militar.
 
            O boato espalhou-se quando então toda a trajetória de sucesso de Simonal foi ceifada, lançando-o no esquecimento.
 
            O objetivo do documentário é exatamente o de resgatar a verdade, reabilitando  a honra desse fabuloso representante da música popular brasileira.
 
            Os sucessos de Wilson “Sá Marina”, “Meu Limão, Meu Limoeiro”, “Vesti Azul”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, “País Tropical”, foram revividos pelos artistas que o homenagearam.
 
 
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publicado às 03:01

O churrasco de carne moída

por Fernando Zocca, em 10.08.09

 

          Se o Dr. Simão Bacamarte, o médico psiquiatra que no conto O Alienista escrito por Machado de Assis, internou 1/3 da população de Itaguaí vivesse em Tupinambicas das Linhas, certamente internaria a população inteira.
 
            De fato havia tanta gente lelé que a casa de orates denominada Casa Verde, criada pelo doutor, seria insuficiente para abrigar todos os que careciam dos seus cuidados. Diziam alguns que até os serviços públicos da prefeitura paravam em decorrência das afecções que grassavam na urbe.
 
            Algumas figuras se destacavam com as insanidades cometidas no dia-a-dia. Uma delas era Luísa Fernanda sobre quem já lhes contei algumas passagens em textos avulsos.
 
            Luisa Fernanda era gerente do Brafresco e a incumbência que lhe cabia durante o expediente, no horário em que trabalhava, era o de carimbar notas fiscais verdes. Quando houve um remanejamento da papelada e a diretoria resolveu trocar a cor do documento, passando-o para amarelo, Luisa precisou fazer uma oficina durante 26 meses para assimilar as mudanças.
 
            Luisa Fernanda, a mocréia de cabelos curtos, era casada com Célio Justinho que passava o dia todo em casa tentando “tirar de ouvido” o hino do Corinthians. Além de atormentar os dias da cadela Poodle com os desafinos que cometia, ele torturava também os gatos do barbeiro e os pardais incautos, atraídos ao quintal por causa da piscina.
 
            A gerente do Brafresco fazia aniversário no dia 10 de Fevereiro, mas o fato não a impedia de comemorar a tal efeméride, com muita cerveja, churrasco de picanha e som sertanejo todos os demais dias 10 do ano.
 
            Um dia quando Célio Justinho se sentia vitorioso por ter executado totalmente o hino amado, ao ser interrompido pelos latidos da Poodle branca, jogou contra ela uma garrafa de pinga, que por causa do erro na pontaria, atingiu um espelho esquecido pela empregada no quintal, quebrando-o.
 
            Ora à tarde quando Luísa Fernanda chegou da sua labuta bancária e interrogando Célio sobre os danos, foi informada que ele precisou bater na cachorra por não fazer ela nenhum silêncio durante seus ensaios no teclado.
 
            - Você, com certeza deve ter algum parentesco com o funileiro Gabrielzinho boca de porco – afirmou Luísa.
 
            - Por quê meu neném?
 
            - Porque você também acha que tudo o que está errado ou torto deve ser endireitado na pancada, na martelada – arrematou Luísa Fernanda, exibindo os dentes num sorriso irônico.
 
            - Ora, minha gata. Não é assim que a banda toca. Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Na praia já está muito bom. Quando eu aprender direitinho a tocar esse teclado vou aparecer lá no Faustão. Quero me virar nos 30 compreende?
 
            - Eu acho que já é chegada a hora de você parar de freqüentar os botecos do bairro, criar vergonha nessa cara e arrumar um emprego. Você não ganha nem para o cigarro. E olha que o Serra já fez até uma lei proibindo as pessoas de fumarem nos locais públicos fechados. – Luisa Fernanda tinha o rosto afogueado. Durante as discussões ela não podia reprimir aquela sensação de calor que lhe tomava o rosto.
 
            - Não se apoquente minha querida gerente. Um dia ainda ficaremos ricos. Tenho muitas idéias que já estou patenteando. – Célio Justinho falava como se defendesse uma tese de mestrado. Empinando o nariz, pigarreando e, pondo um tom formal na voz, ele prosseguiu:
 
            - Acabo de formular a teoria do churrasco de carne moída que, sem dúvida, será um dos nossos maiores sucessos durante todos os tempos, que esta cidade jamais viu.
 
            - Ah, mas com certeza você enlouqueceu. É mais um candidato à Casa Verde de Tupinambicas das Linhas. - Luisa falou com tanta ênfase que chegou a se dobrar sobre o ventre, mantendo os braços tesos e os punhos fechados como se tivesse prestes a partir para as agressões no corredor da casa.
 
            Naquele dia justamente na hora do almoço, vendo Célio que a discussão não os levaria a lugar nenhum, calçou os chinelos de tiras preto e branco e, ao passar pelo jardim frontal da casa, lavou os pés com o esguicho d´água da mangueira laranja, saindo serelepe em direção ao botequim.
 
Fernando Zocca.
 
 
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publicado às 18:06

Sem limites

por Fernando Zocca, em 08.08.09

 

A agressividade é uma propriedade dos seres animados. Disso ninguém duvida. Os próprios vermes que infestam os cadáveres, para se nutrir da podridão, agem rompendo as estruturas antes formatadas.
 
            O que diferencia as bestas-feras dos seres humanos é a propriedade que estes têm de racionalizar, ou seja, verbalizar as emoções que os acometem. As bestas-feras não possuem esse atributo racional.
 
            As pessoas civilizadas conversam, comunicam seus desencantos, suas frustrações e tentam transformar a tensão dos mal entendidos em compreensão e paz. Ao contrário, os bichos selvagens, agem com agressividade, por não disporem dessa, digamos graça para o entendimento.
 
            Esses bichos-feras podem inclusive, brandindo a Bíblia, tentar sufocar todos aqueles com quem antipatizam. Ocultos nas trevas não gozam da mansuetude e não conseguem vivenciar o equilíbrio, a paz, a homeostase. Parece que o silêncio as atemoriza tornando-as loucas, inconseqüentes.
 
            Apesar disso não deixam de ser elas também, as bestas-feras, uma criação daquele que tudo fez tudo criou. Ocorre que se a bondade cristã não se assenhorear do terreno maligno, a crueldade pode alastrar-se contagiando os do entorno.
 
            Há núcleos perturbados, existentes numa comunidade, que preferem incitar nas crianças a agitação, o barulho e a confusão como entretenimento ao invés de as educarem com os livros infantis, ou com os programas próprios da TV.
 
            Nesses grupos irregulares, a tensão gerada no ambiente, leva à opressão e violência contra as crianças propiciando a instalação das bases daqueles adultos insociáveis,  loucos, agressivos.
 
 
 

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publicado às 22:25

O zênite e o nadir

por Fernando Zocca, em 07.08.09

 

                       - Então tá bom. Vai tomando conta do trecho. Mas não deixa de pagar o IPTU e os outros encargos. E olha, vê se para um pouco com o cigarro. Quando vier aquela bufunfa que todos esperamos, me avisa. Falou?
                        Van de Oliveira desligou o telefone, guardou-o no bolso da camisa, trocou da terceira para a quarta marcha, acentuando a pressão no acelerador, sem poder, entretanto reprimir as lembranças que  teimavam em lhe reaparecer.
                        A mulher tinha alguma dificuldade para manter qualquer conversação por quinze ou vinte minutos, sem que se deixasse levar pelas ondas dos pitis abrasadores lançados contra aqueles possíveis interlocutores desavisados.
                        O que era aquilo? O tal “pavio curto” não seria mesmo, talvez, algum conceito que supervalorizava o “eu próprio” e a desconsideração dos demais, entranhado lá no fundo d´alma?
                        Grogue não podia deixar de crer que os tormentos todos eram resultados de uma base narcisista muito espessa. Quem poderia negar?
                        Nem mesmo as samambaias, as plantas ornamentais, os vasos e o lidar com a terra, o xaxim, teriam minimizado um pouco aqueles procederes tão crispados? .
                        Não faltaria alguma humildade no agir daquela senhora, que lhe permitisse achegar-se com suavidade aos demais, usando com eles alguma delicadeza?
                        No trânsito em que se achava Van Grogue ouvia ainda o rádio do qual saia baixinho uma canção do Roberto. O devaneio fazia com que ele usasse menos força no acelerador.
                        - Sai da frente retardado! Tá dormindo vagabundo? – o motorista do Santana passara tão rápido por Grogue que ele só pôde ver a silhueta da mulher que, sentada no banco do carona, olhando para trás, fazia-lhe gestos mostrando-lhe o dedo médio da mão esquerda.
                        A manobra temerária daquele avoado motorista do Santana fez com que ele batesse na lateral traseira esquerda de um Scort azul que não trafegava com a mesma velocidade. Buzinas e impropérios aos gritos foram lançados pelas janelas.
                        - Parece que quanto mais se reza, mais o demônio aparece. – murmurou Van desligando o som.
                        A agitação do quotidiano, a insegurança com relação ao futuro e a educação frágil proporcionavam aquelas angústias todas e, aqueles sufocos que destrambelhavam quem estivesse na frente. Faltava um pouco de contenção.
                        Ao olhar para o retrovisor, aquela mecha antiga de cabelos crespos caiu-lhe nos olhos. Não adiantava fazê-la retornar sobre a orelha. Lá vinha ela de novo a encobrir-lhe a visão. Definitivamente chegara a hora de buscar o cabeleireiro.
                        Antes de estacionar defronte ao salão onde daria “um trato” no visual Grogue ligou o rádio novamente. O noticiário informava sobre as derrotas do Corinthians e do Flamengo.
                        “Era assim mesmo” – pensou Van. “A vida era tal e qual uma grande roda gigante. Uma roda viva, que ao girar levava seus diversos pontos aos extremos, tanto ao mais elevado quanto ao mais baixo. Eram o zênite e o nadir. O céu e o inferno. Sempre foi assim e sempre será”.
                         Ao entrar no salão Grogue murmurou:
                        - Não existe mesmo, nada de novo, debaixo do sol.
 
 
 
 
Fernando Zocca
 
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publicado às 02:38

Celebrando o dia do padre

por Fernando Zocca, em 04.08.09

Dom Fernando Mason 


Agosto é, para a Igreja no Brasil, o Mês Vocacional. Em 1981 iniciou-se essa celebração, com o objetivo de se refletir, a cada domingo, uma vocação específica dentro da Igreja. O primeiro domingo deste mês é dedicado à vocação do padre. E no próximo dia 4 de agosto, quando se faz memória litúrgica de São Cura D’Ars, celebra-se o Dia do Padre.

 

 Este ano, essa comemoração tem um sentido especial, pois a Igreja está celebrando o Ano Sacerdotal, proclamado pelo Papa Bento XVI, em memória dos 150 anos da morte do Santo Cura D’Ars, apresentado pelo papa como modelo para todos os sacerdotes.

 

É muito oportuno celebrar o Dia do Padre, pois acredito que nós católicos algumas vezes ainda não compreendemos bem a grandeza, a positividade e a preciosidade desta presença nas comunidades. Deixemos claro, de antemão, que não se trata aqui de fazer elogios ingênuos, valorizações forçadas ou ufanismo sectário. Sem dúvida, o padre se apresenta a nós dentro da fragilidade de todo ser humano. Nisso ele não é nem melhor nem pior que os outros.


Mas já nisso, talvez, se possa ressaltar no padre um quê de sensibilidade, de elaboração do caráter, de intelectualidade, de humanização, afinal, não tão comuns por aí. É o fruto de um longo período formativo de oito anos.

 

 

Nós, Igreja Católica, somos um povo, o povo de Deus. Não somos um bando; todo povo que se preze tem uma "alma" (o Deus de Jesus Cristo, no Espírito Santo) da qual surge sua organização. O vigor desta combinação de alma e organização permitiu à Igreja percorrer mais de 2.000 anos de história, passando por épocas, vicissitudes, civilizações e culturas as mais diferentes e desafiadoras. A ponta mais visível desta alma e organização em nossas comunidades é o padre.


Há os padres que pertencem a ordens e congregações religiosas, nas quais eles encontram segurança, afeição e solidariedade; a comunidade paroquial complementa esta experiência fundamental para todo ser humano. E há os padres "diocesanos". Eles precisam encontrar, na diocese, segurança, afeição e solidariedade.

 

 

Quando se diz "diocese" se entende o bispo que deve ter verdadeira afeição pelos seus padres, deve lhes transmitir segurança e deve ter para com eles um profundo senso de justiça em todas as vicissitudes da vida eclesial e paroquial.


Quando se diz "diocese" entende-se também "comunidade paroquial". Nossas comunidades precisam acolher, amar e respeitar os nossos padres, inclusive diante dos limites e fragilidades que eles possam ter.

E quem não tem limites e fragilidades que lance a primeira pedra! Há pessoas e grupinhos que, com mil pretextos, antipatizaram com este ou com aquele padre, infernizam-lhe a vida e dividem a comunidade, com grave prejuízo para o Reino de Deus.


Nossas comunidades e lideranças precisam ter comunhão com o seu padre, oferecer-lhe colaboração e participação na vida da comunidade local, ainda mais quando estas lideranças exercem funções importantes no âmbito eclesial e diocesano. Esta comunhão é exercício bem concreto de fraternidade e amor ao próximo, conforme significa a Eucaristia da qual participamos.


Nossas comunidades precisam ser solidárias com o seu padre. Há quem se dispõe a fazer doações em material e dinheiro para as obras paroquiais e para os necessitados, mas não se dispõe a colaborar para o sustento de seu padre. Conheço padres em nossa diocese que passaram (e passam?!) aperto para a sua subsistência! Os padres dependem de nossa ajuda; como todo operário, eles merecem salário (o salário do padre se chama "côngrua") justo e digno, conforme estabelecido pela diocese.

 

Pelo padre mantemos a unidade eclesial, crescemos na fé e no conhecimento da Palavra de Deus. Ele é indispensável para celebrarmos a Eucaristia e os demais sacramentos, sinais visíveis de nossa salvação em Jesus Cristo. O padre é um dom para as nossas comunidades!


Sou profundamente grato a todos os padres de nossa diocese e profundamente grato a todos os fiéis católicos que querem bem a seus padres.


Dom Fernando Mason é bispo da Diocese de Piracicaba

 

 

 

 

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publicado às 14:22

Piracicaba completa 242 anos

por Fernando Zocca, em 01.08.09

 

Hoje é primeiro de agosto e Piracicaba comemora seus 242 anos. Realmente segundo consta nos alfarrábios o explorador português Antônio Correia Barbosa, em 1767 chegou por estas paradas e, no lado direito do rio, iniciou um descanso que teria gerado a povoação.
 
            O objetivo do senhor Antônio C. Barbosa, ao sair de São Paulo, navegando – na verdade descendo, deixando-se levar pelas correntes -  do rio Tietê, era chegar à foz desse afluente, hoje conhecido como rio Piracicaba.
 
             Bom, depois de recuperadas as energias, restauradas as forças, Antônio C. Barbosa e seus liderados prosseguiram a subida do rio Piracicaba, chegando então à sua nascente que fica no município de Americana.
 
             No local de repouso, utilizado pela expedição de Antônio, formou-se um lugarejo onde se agregaram, aos nativos, alguns homens brancos e também negros. Ao relatar às autoridades portuguesas sobre a formação desse núcleo povoador, existente na margem direita do rio, os exploradores receberam a ordem de mudá-la para a margem esquerda.
 
            O motivador dessa troca teria sido a crença de que as construções deveriam receber os primeiros raios solares ao alvorecer antes de atingirem as águas.
 
            Mas a localização geográfica do local escolhido por Antônio C. Barbosa é a seguinte: 22° 43’ 30” S 47° 38’ 56” copiou? A cidade fica a 547 metros acima do nível do mar e sua área é de 1.369.511 km2, segundo informações da Wikipédia.
 
            O atual prefeito da cidade é o senhor Barjas Negri (PSDB). Um presídio para seiscentos presos é um dos projetos que destacam o seu governo.  
 
 
 
Vende-se: Apartamento 93 no Edifício Araguaia. Possui três quartos (uma suíte), sala em L, quarto de empregada, lavanderia e ampla cozinha.
Fone: 19 3371 5937.
 
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