por Fernando Zocca, em 15.07.09
O espandongado ganhara um requifife e com ele assim exposto, desfilava pelos corredores, tal qual o pavão, a exibir-se.
Ele tinha cara de maluco, e por ter nascido em Tupinambica das Linhas, carregava na carranca, a fim de provocar um certo sentimento de respeito naqueles que o vissem.
Na verdade faltava pouco para o tal doutor Brócolis sair feito uma frenética, num grupelho particular, no desfile glorioso da parada do orgulho gay. Ele era uma gazela.
Sua personalidade tinha certos traços do Durango Kid, Roy Rogers ou mesmo do Django. Se vivesse no velho oeste, certamente circularia, com sua arma exposta na cintura, à caça dos bandidos, que prenderia, em troca das recompensas.
Apesar da grosseria, tinha momentos de encanto e numa certa ocasião, disse assim para uma secretária, que viu nele o príncipe encantado: "Olha gatinha, poder sair, eu não posso, mas dormirei, esta noite, contigo em mim".
Mas não era mesmo uma graça o donzelo?
O mundo inteiro sabia ser Tupinambicas das Linhas o lugar do universo concentrante da maior quantidade de loucos jamais vista junta, durante todo o transcorrer da história da humanidade. E o doutor Brócolis era da terra, um dos expoentes máximos.
Brócolis tinha relações estreitas com os integrantes da seita maligna do pavão-louco. Um diferencial porém distinguia os integrantes do grupamento maligno com a figura individual do doutor verdura. É que o bumbum da hortaliça era arrebitado e rechonchudo. Alguns teclados peçonhentos atribuíam aquelas curvas carnudas às massagens que a figura fazia, no traseiro, antes de se deitar.
Seu rosto afogueado sempre indicava estar ele sob pressão dos credores. O doutor gazela sentia horror, e calafrios percorriam-lhe o corpo, à simples idéia de estar devendo algo para alguém.
Mas Brócolis tinha uma peculiaridade: ele gostava de rim. E vivia mascando rins durante os almoços intermináveis que proporcionava, à sua turma, na beira da piscina particular. Era corrente, a idéia entre as moças casadoiras, de que se desejassem conquistá-lo deveriam, depois da aproximação, perguntar: "Você masca rim?"
Suas vizinhas, naqueles tempos de antanho, perceberam que o doutor verdura seria da "muléstia", quando crescesse, depois que numa brincadeira com as meninas, disse desejar ser médico na casinha do rá-bim-pum.
Quem visse o doutor Brócolis, durante uma argumentação acalorada, com seu dedinho, indicador direito em riste, dizer ao interlocutor: "Vamos e venhamos, entremos e saiamos", certamente teria chiliques espasmódicos de risos com tanta afetação.
Se não fosse nativo do local, o preclaro doutor Brócolis corria o risco sério de ser agraciado com uma comenda ou título de cidadão Tupinambiquence, outorgado pela valorosa classe dos componentes da venerável câmara municipal de Tupinambicas das Linhas.
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 13.07.09
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), determinou, por meio do ato 294, desta segunda-feira (13), a anulação de todas as 663 decisões indicadas como ocultas por relatório da comissão instituída para investigar irregularidades na Casa.
O ato 294 determina à Diretoria-Geral que, no prazo “improrrogável de 30 dias, apresente à Comissão Diretora as providências que devem ser adotadas para ressarcir aos cofres públicos os recursos eventualmente pagos de forma indevida“. Dessa forma as contratações realizadas sem a divulgação para a sociedade estão anuladas.
O ato 294 ainda será publicado no boletim administrativo da Casa.
Escândalos dos atos ocultos
A comissão de sindicância que fez o levantamento dos atos administrativos utilizados para criar cargos e aumentar salários divulgou relatório no dia 23 de junho apontando 663 decisões mantidas em segredo. No mesmo dia, a Mesa Diretora decidiu anular um deles, que estendia aos diretores-gerais do Senado o plano de saúde vitalício concedido aos parlamentares.
Na última terça-feira (7), um segundo ato secreto, o que transformou chefes de gabinete de secretarias em chefes de gabinete de senadores, foi anulado.
Na prática, a mudança no nível das funções comissionadas representava um aumento de gratificação.
O diretor-geral Haroldo Tajra afirmou que 40 servidores foram beneficiados, mas não chegaram a receber o aumento previsto. Tajra também afirmou que "99% dos atos" não poderiam ser anulados por tratarem de exoneração e nomeação de pessoas que prestaram serviços ao Senado.
Também na terça, o MPF (Ministério Público Federal) pediu à Polícia Federal que investigasse as ações secretas do Senado. O MPF determinou que os atos não publicados fossem analisados caso a caso.
As decisões ocultas foram tomadas ao longo dos últimos 14 anos, período em que Agaciel Maia, afastado, ocupou o cargo de diretor-geral do Senado.
Leia a íntegra do ato 294 a seguir:
Ato do Presidente nº 294 de 2009
"Anula 663 atos administrativos cuja divulgação
tenha desrespeitado o princípio constitucional da publicidade.
O presidente do Senado Federal, no uso de suas atribuições regimentais e regulamentares,
Considerando as conclusões da Comissão Especial instituída pelo Ato do Primeiro-Secretário nº 27, de 2009;
Considerando que o art. 37 da Constituição Federal vincula os atos da Administração Pública à sua ampla publicidade;
Considerando que as conclusões do Relatório da Comissão Especial instituída pelo Ato do Primeiro-Secretário nº 27, de 2009, evidenciam a não publicação de atos administrativos, em desrespeito ao princípio constitucional da publicidade,
Resolve:
Art. 1º Anular os 663 atos administrativos veiculados nos 312 Boletins Administrativos de Pessoal referidos no Relatório da Comissão Especial instituída pelo Ato do Primeiro-Secretário nº 27, de 2009, cuja divulgação não tenha obedecido ao princípio da ampla publicidade (art. 37, CF/88).
Art. 2º Determinar à Diretoria-Geral que, no prazo improrrogável de 30 dias, apresente à Comissão Diretora relatório circunstanciado contendo as providências adotadas com o objetivo de cumprir fielmente o disposto neste Ato e nas disposições constitucionais e legais de regência, assim como o integral ressarcimento aos cofres públicos dos recursos eventualmente pagos de forma indevida.
Art. 3º Este Ato entra em vigor na data de sua publicação.
Sala de reuniões da Presidência, em 13 de julho de 2009"
Com informações do UOL Notícias.
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por Fernando Zocca, em 13.07.09
O "mais querido" passa por uma fase terrível. Há séculos que não se via essa maré de má sorte do São Paulo Futebol Clube. O que acontece com o grande campeão mundial?
O time muito bem estruturado, de repente começou a fazer água, vendo-se encoberto por ondas gigantes e tendo perdido, há pouco tempo, um dos seus grandes comandantes, agora ai está à deriva.
Ô urucubaca, dá um tempo! Lá se foi o Muricy... Antes Rogério Ceni havia fraturado o tornozelo e agora, veja bem, o time não se encontra mais dentro de campo. O que é que está acontecendo?
O "bem amado" preocupa-se com as reformas no seu estádio, que, aliás, diga-se de passagem, é um marco do espírito laborioso formador da raça sãopaulina. Pode até ser que por isso, segundo dizem alguns, o tricolor não mantenha o foco nos campeonatos que participa.
Seus adversários, alguns eternos ressentidos, procuram de todas as maneiras desmerecer os grandes feitos do time. Há muito clube interessado em ver o campeão paulista rebaixado, a exemplo do que aconteceu com o Palmeiras e o Corinthians.
Acontece que a agremiação São Paulo F.C. tem embasamento suficiente para suportar os ventos fortes dessa tempestade que certamente passará. Esses momentos ruins assemelham-se às noites frias, cujos desconfortos logo desaparecem ao raiar do novo tempo, das novas luzes.
O sãopaulino tem a têmpera forte. Nem mesmo oito ou nove hipotéticos resultados adversos poderiam fazer fraquejar o ânimo lutador desse time de guerreiros.
Hoje (12/07/2009), por exemplo, jogando contra o Flamengo no Morumbi, desfalcado de um dos seus jogadores e, ainda perdendo o jogo, o tricolor conseguiu reagir empatando a partida em 2 a 2.
Nós torcemos pelo São Paulo Futebol Clube, desejando que ele saia mansamente dessa turbulência em que entrou. Mesmo que haja alguns no time desejosos de ver seus adversários em situação humilhante, enfrentando rebaixamentos, somos daqueles que acreditam nos potenciais natos que precisam ser cultivados.
A disciplina deve ser mantida. Jogador bom, não pode entregar-se às orgias, bebedeiras, perder tempo com reuniões ruinosas, de onde idéias cruéis podem levar a comportamentos hostis contra o grupo.
Pode até ser que demore um pouco, mas o time cujas glórias vêm do passado, com segurança, sairá dessa armação do destino.
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 11.07.09
Antonieta, naquela manhã fria de domingo, sentindo-se bastante deprimida por permanecer longo tempo encerrada no seu apartamento, resolveu passear. Mas como não gostava de fazer isso sozinha, ligou antes para Rosalina a fim de saber se ela também não gostaria de ver algumas vitrines no shopping.
Rosalina que vinha fazendo uma espécie de dieta para a redução do peso, achou que um passeio cansativo seria benéfico para o emagrecimento.
Combinaram então que seguiriam cada uma no seu carro próprio, ao badalado ponto de compras e diversão da cidade.
Ao chegarem, quase ao mesmo tempo, as amigas se encontraram no estacionamento e depois dos cumprimentos esfuziantes ingressaram no shopping conversando.
Caminharam devagar, entraram nas lojas, viram roupas, tênis, brinquedos e saíram depois em direção à lanchonete.
Cansadas sentaram-se e, ao serem atendidas pediram água mineral com gás, suco de laranja, pães de queijo e café.
Enquanto degustavam lentamente o alimento, puseram-se a conversar distraídas.
Então Rosalina pediu à amiga que lhe contasse tudo sobre aquele assunto que principiara a falar, na noite de sexta-feira, mas não pôde concluir.
Antonieta depois de mastigar devagar um pedaço de pão de queijo, ingeriu um gole de laranjada, pigarreou e começou:
- Nossa que agonia! Eu tinha acabado de acordar com aquela gritaria toda no apartamento ao lado. O cara berrava muito e a mulher que estava com ele também. Logo ouvi uma porta que se fechou numa batida bem forte. Escutei passos, parece que eles corriam pelo apartamento. Portas bateram-se de novo. Houve um silêncio. Tudo ficou muito quieto. De repente pude ouvir alguém que fugia ligeiro, pareceu-me que a mulher perseguia o cara chamando-lhe o nome. E de repente: bang! Pude sentir o impacto do corpo caindo no assoalho. O grito de mulher, que se seguiu foi tenebroso.
- E daí? Conta mais, conta. – implorava a interessadíssima Rosalina, com o rosto e o pescoço tensos.
- Bom, eu me levantei da cama, olhei o relógio, eram quase nove horas. A porta do elevador abriu fazendo estardalhaço e saíram duas pessoas. Tocaram a campainha e logo a porta foi aberta. Se não me engano era um pastor evangélico e mais alguém que chegava. Eu vesti meu roupão e, de vagarinho, botei a cara pra fora olhando o hall.
- E o que tinha acontecido? – Rosalina mostrava-se curiosa, não continha a emoção.
- O camarada estava louco. Tinha tomado umas e outras, misturou “terebintina” com hipnótico, surtou e matou-se na frente da noiva. Deu um tiro no queixo, no gogó, sabe? De baixo pra cima? Eles se casariam em trinta dias.
- Nossa! Que drama! – Rosalina estava pálida, tensa, e gélida.
- Isso tudo dá muito medo. Falaram... Sabe as comadres? Dessas antigas que fuxicam pelos corredores? Elas falavam que o sujeito era importador de carros da Alemanha, e que fazia filmes comeciais. - Antonieta olhava a amiga por cima dos óculos escuros.
- Ele não tinha uma funilaria, uma oficina de lantenagem? Eu ouvi dizer que ele era esperto nisso. Arriscou Rosalina.
- Não, não tinha isso não. E não era contador também, como afirmaram alguns malvados. O problema era a misturança de remédios que ele fazia. Eram três ou quatro comprimidos diários de remédios diferentes, mais a engasga gato. – Antonieta era daquelas que gostava de tudo muito bem explicadinho.
- Meu Deus do céu, que coisa horrível. E como terminou isso tudo? – Rosalina juntou as mãos apertando-as e as sentindo ainda frias.
- Bom, dizem que a moça dormiu uns cinco dias empanturrada de tanta medicação. Quando acordou queria saber se já estava na hora do casório. Ela ficou lelézinha por um bom tempo.
As amigas continuaram a conversar até o momento em que, pedindo a conta, resolveram partir.
Ao caminharem em direção à saída passaram defronte a uma loja de produtos óticos. A vitrine exibia binóculos e telescópios com preços promocionais. Antonieta tocando o braço esquerdo da amiga indicou a ela uma luneta bem visível atrás da vidraça dizendo-lhe:
- Veja como é grande. Você não gostaria de ter uma assim? – provocou Antonieta.
- Não sei. Quem sabe? Parece que conseguimos enxergar mais longe com isso, não é verdade? – sorriu Rosalina.
- É, com um telescópio daqueles você pode ver as estrelas mais de perto. – garantiu Antonieta.
- Seria tão bom poder ver e ouvir as estrelas bem de pertinho, não é verdade?
Paradas no estacionamento, diante dos seus carros as amigas despediram-se cada uma tomando o seu rumo.
Rosalina já confortável à direção, e no fluxo do trânsito, ligou o rádio. Julio Iglesias cantava Emociones.
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 08.07.09
Na noite daquela sexta-feira 11 de maio, exatamente às 19h21min, Van Grogue entrou de repente no boteco do Maçarico e, em voz alta para que todos os demais bebedores ouvissem, falou:
- Tirei o pé da senzala. Vou trabalhar na cozinha da casa grande. - o silêncio que sucedeu a essas palavras só pôde ser comparado ao semelhante, posterior à notícia da morte do Michael Jackson.
Edgar D. Nal que estava com o rosto redondo e vermelho de tanta samambaia, tentando afastar a mosca, que zumbia sobre seu cocoruto, respondeu à bricadeira:
- Mas olha... Vejam o cabelão do cara. Olha...
Maçarico mantendo um guardanapo sobre o ombro esquerdo, ao ver o ilustre cidadão tupinambiquence entrar espevitado, abaixou o som do rádio, que transmitia as notícias do indiciamento de um prefeito, limpou o balcão e, sacou da prateleira uma garrafa da poderosa 51. No copo americano ele despejou o suficiente para ocupar a metade do receptáculo.
Então Van de Oliveira Grogue falou:
- Vocês acham mesmo que está fácil assim conseguir ocupação, nos dias de hoje? Tem muita gente desempregada, poucas oportunidades oferecidas e, é um Deus nos acuda terrível. – Van tomou a caninha, sorveu um trago e sentou-se a uma das mesas.
Edgar D. Nal provocou:
- E ai, não vai cortar esse cabelo? Parece um ninho de gavião.
- Você falou em cabelo e eu me lembrei. Pois veja que um barbeiro enlouquecido, conhecido como Carnalho, há alguns anos, pensou que um guarda municipal estava mesmo cantando a mulher dele. E daí, com essa noção delirante, ele foi até um terreiro e numa sessão, mandou matar o cara. – depois de beber toda a pinga Grogue pediu a cerveja. Então continuou:
- Passados alguns dias apareceu um tal de Mineirim e se propôs a fazer o serviço pro Carnalho, o que achava ser galhudo. Bom, o matador pediu um revólver, e metade do preço combinado. E recebeu tudo isso.
Nesse instante Grogue encheu o copo de D. Nal com cerveja, para o gáudio do sedento. Mas antes mesmo do Van prosseguir a narrativa, a atenção dos ocupantes do bar foi atraída pelo estardalhaço que fazia a queda de uma senhora balofa, na calçada defronte ao boteco.
- Misericórdia! Mas que tombo! – exclamou o Maçarico botando as mãos na cabeça.
- Machucou dona? – perguntou D. Nal levantando-se. Grogue, por sua vez falou tenso, enquanto corria em direção à mulher:
- Deixa que eu ajudo! – porém antes que qualquer um deles chegasse perto, a mulher pusera-se de pé dizendo:
- Caio, caio, mas me levanto. Olha, nem meu penteado se desfez. Não é mesmo supimpa? Foi só um arranhão no joelho. – falando isso a senhora se afastou. Os bebedores olharam-se e voltaram para o interior do bar.
- Mas e daí, como terminou essa história? – perguntou Edgar D. Nal, coçando o pé rachado.
- Bom, foi o maior banzé-de-cuia havido em Tupinambicas das Linhas, naquele tempo. Desconectaram mesmo o suposto pegador. Pra encerrar o papo, esse tal de Carnalho foi preso, gastou uma fortuna com advogados, mas condenado, teve que cumprir a pena fora da cidade.
- Mas espera um pouco ai. – interrompeu o Maçarico. – Por que esse Carnalho achava que o guarda estava... Digamos se engraçando com a mulher dele.
- Porque quando o cara vinha cortar o cabelo na barbearia do Carnalho, este sempre encontrava um fio de cabelo no paletó do sujeito. O barbeiro “nóia” achava que era cabelo da mulher dele. – arrematou Van Grogue.
- Mas pode uma coisa dessas? – perguntou curioso o D. Nal. – O cara viajava na tintura, no Trim?
- Pois é mano. Cada maluco com a sua doideira. – respondeu Grogue pagando a conta e deixando o ambiente.
Ao abrir a porta do seu fuscão preto Grogue pôde ver um casal que se beijava na entrada de uma casa, defronte ao estabelecimento do Maçarico. Ele pensou:
“A mulher é linda, mas aquele camarada, muito mais novo do que ela, não parece tão entusiasmado com o afeto que ela lhe demonstra. Mas enfim, cada um na sua”. - e depois ao introduzir a chave na porta disse em voz audível:
- E esse dente, tinha que começar a doer agora?
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 07.07.09
O porco das trevas, das profundezas dantescas do fogo do inferno, acalorado que estava com a seiva dos alambiques fraudulentos, aproveitando uma oportunidade, quase única, que lhe surgira durante toda aquela sua mísera vida, aproximou-se de Luísa Fernanda, a mocréia corintiana e estufando o peito, detonou uma palavra que lhe pareceu uma tijolada nos cornos:
- Faleça de inveja caipora do brejo, do fim da linha!
A pobre Luísa que segurando na mão esquerda uma sacola com quatro garrafas de cerveja, na outra um celular, no qual simulava falar, objetivando impressionar as visitas que lhe surgiram, assim de última hora, sem nem ao menos avisar, chegava do boteco.
Os visitantes vieram num velho Chevette verde e expondo como desculpa a tensão da saudade e o desejo premente de conversar, aboletaram-se todos no sofá da sala de onde, agora aguardavam a anfitriã que entrava com as cervejinhas geladas.
Ninguém abriu o portão para a Luisa. Do jeito que pôde ela foi avançado pela garagem, transpondo os obstáculos da sala até chegar à cozinha onde depositou o presente sobre a mesa. Então ela disse, depois de ter descansado, no armário, o celular sem crédito:
- Gente! Vocês não imaginam o que me aconteceu! Um tarado chegou bem perto de mim, assim, de repente e, nessa minha orelha aqui ó, a esquerda, me deu um berro que quase me ensurdeceu. Ô carniça do inferno!
Os visitantes boquiabertos arregalaram os olhos quando um deles, tomando o abridor de garrafas e avançando sobre as cervejas foi logo perguntando:
- Você sabe quem é Lu?
Luisa disse que era um tresloucado que vivia a puxar uma carroça pelas ruas do bairro, na qual transportava até 64 k de papelão, e demais resíduos.
É certo que ninguém estava mesmo interessado naquela história de baixas rendas, gentalha da periferia, pobres de espírito e corpo. Mas como a avidez pela cerveja precisava ser disfarçada por algo mais "nobre", não titubearam os bebedores em simular compaixão pela mocréia.
Então outro puxa-saco disse:
- Nossa Lu! E se o biriteiro te rouba o celular? E se ele te rouba a sacola com as cervejas?
Luisa Fernanda, afagando Magna, a Poodle branca e fedida que se mostrava inquieta, nervosa e angustiada por causa da coleção de pulgas que lhe habitava o cangote, disse empinando o nariz:
- Olha, se aquele cara pusesse um dedo, um dedinho que fosse em mim, eu chamaria a polícia. Já estou por aqui ó, com esse energúmeno, comedor de picles.
- Ah, Lu, mas que coisa chata! Justamente hoje que o Corinthians ganhou! - disse outro que pegava um copo na prateleira.
- Não liga, Lu. Olha bem, toca o barco pra frente filha, esquece esses problemas, essa negadinha só sabe aporrinhar os outros. Não liga, olha, toma aqui um gole que é pra refrescar a moringa. - consolou outro solidário.
- Lu, minha querida, você já viu um projeto de lei que circula pela Câmara Municipal, com o qual querem proibir a propaganda de cerveja? É só o que faltava mesmo!
Luisa Fernanda arregalando os olhos e enregelando o gogó com uma talagada de cervejota,
não podendo acreditar soltou:
- Virgem Santa! Até isso querem fazer? Mas essa gente não tem mesmo com o que se ocupar. Ficam inventando cada uma que, olha, faça-me o favor, viu?
- Proibir a propaganda é o mesmo que proibir alguém de falar, de se manifestar sobre o assunto, mas pode uma coisa dessas? - perguntou outro afoito que foi logo enchendo o copo com a bebida predileta.
De repente o telefone fixo da Luisa tocou. Um dos presentes que se considerava da casa atendeu. Era Célio Justinho, o gerente do Brafresco, banco onde Luisa trabalhava. A visita íntima passou o aparelho para a anfitriã. Luisa ouviu atentamente e logo se deixou abater.
Os convivas souberam que na manhã seguinte todos os demais funcionários da agência deveriam estar logo cedo no trabalho. Novas estratégias para a venda de dinheiro seriam discutidas.
Naquele momento terminou mais uma festa para Luisa, a mocréia corintiano que auxiliava o Brafresco na espoliação dos cidadãos tupinambiquences.
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 06.07.09
Trata-se duma questão de coerência para o governo federal resolver na forma da lei, todos os delitos descobertos sob a presidência de José Sarney no Senado brasileiro.
Lula não ficará impune se não agir de acordo com o que preconiza o ordenamento jurídico. Ele sabe que a descoberta desse filão riquíssimo de injustiça social pode valer-lhe dividendos políticos positivos, bem como suscitar uma onda de má vontade e contrariedade desencadeada por todos os envolvidos.
Então, diante da perspectiva de um sucessor na direção do Brasil, o petista tão popular quanto Getúlio Vargas, poderá tomar dois caminhos que seriam tanto o que o levaria a aplicar as regras jurídicas, quanto o do abafamento do caso.
Será que o futuro político do PT se comprometeria com qualquer das decisões do presidente? É claro que diante de um possível revés podem atribuir o fracasso à decisão assumida por ele.
Na verdade a descoberta desse veio de desequilíbrio social, dessa ferida que carreia para si, de forma indevida, a nutrição de outrem, pouco pesará no resultado final das eleições presidenciais.
O que estará na consciência dos eleitores do PT e do Lula serão a coerência e a justeza na aplicação das normas vigentes. Mas será que o povo quer mesmo ver tudo correto, o direito aplicado, e ter a certeza de que ainda existem políticos que se prezam em fazer as coisas certas?
Não somos daqueles que crêem na assertiva de que se persistirem os tais sintomas da corrupção explícita, o exército deve ser consultado. Afinal, conversando tudo pode se resolver.
Mas não é mesmo verdade?
Fernando Zocca.
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por Fernando Zocca, em 05.07.09
Parece que o assunto “presídio a ser instalado em Piracicaba pelo governo do Estado de São Paulo” está mesmo encerrado. O resultado da quizumba toda que se formou depois do anúncio das intenções do senhor governador, configurou-se na certeza de que a decisão é irreversível.
O argumento usado por José Serra (PSDB), para fechar a discussão sobre essa polêmica foi o de que “em algum lugar o presídio deve ser construído”.
De nada adiantaram as manifestações de quem não aceitou a escolha dos políticos do PSDB. Fez-se passeata, discursos inflamados, coleta de 18.000 assinaturas de protestos e, publicações na mídia. Foi tudo em vão.
O pessoal do PSDB que vem administrando a cidade por gestões seguidas, prefere muito mais asfaltar as ruas que já têm calçamento de paralelepípedos e fazer pontes desnecessárias, do que melhorar, por exemplo, a aplicação das verbas na educação.
Aliás, o tema educação é motivo de desaprovação das contas públicas da atual administração tucana, pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Os números apresentados, em anos anteriores, foram todos rejeitados por não comprovarem as aplicações dos percentuais determinados pela Constituição Federal, na educação das crianças de Piracicaba.
Enquanto isso as obras da biblioteca pública Ricardo Ferrar de Arruda Pinto, que deveriam estar terminadas em Dezembro de 2008, ainda não saíram do piso. Segundo informações de um pedreiro ainda faltam fazer duas lajes.
O PSDB apesar de preocupar-se com as ações visíveis, que testemunhem suas interferências no ambiente, não consegue ver que na periferia ainda existem ruas que não receberam nem ao menos o calçamento básico de cascalho.
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por Fernando Zocca, em 04.07.09
As obras do prédio próprio da biblioteca pública Ricardo Ferraz de Arruda Pinto, que deveriam ser entregues no segundo semestre (Dezembro) de 2008, estão atrasadas e ainda falta construir duas lajes, segundo um dos pedreiros que trabalhava hoje no local.
O prefeito Barjas Negri (PSDB), numa entrevista coletiva à imprensa em 2007 anunciou o projeto e construção de um edifício localizado no terreno do antigo Parque Infantil, que ocuparia uma área de 2.770 m2, contendo um auditório para 100 pessoas, adaptações para pessoas deficientes, café para lanches rápidos, salas para estudos coletivos e individuais, programa Acessa São Paulo gratuito para internautas, sala de acervo musical, sala de leitura em Braile, hemeroteca, refeitório, e capacidade para um acervo de 100 mil títulos.
O projeto do novo edifício foi desenvolvido por arquitetos do Instituto de Planejamento de Piracicaba (Ipplap). O local escolhido situa-se na esquina das ruas do Vergueiro e Saldanha Marinho.
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por Fernando Zocca, em 04.07.09
Na tarde de sexta-feira, Van Grogue entrou de repente no boteco do Maçarico e, falando em voz alta para que todos os demais bebedores ouvissem afirmou:
- Tirei o pé da senzala. Vou trabalhar na cozinha da casa grande. – o silêncio que sucedeu a essas palavras só pôde ser comparado ao semelhante posterior à notícia da morte do Michael Jackson.
Em breve: Furdunço Funesto. Aguarde.
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