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Milhões de pessoas devem, hoje no Brasil, muito dinheiro aos bancos.
E o crédito dessas instituições é, antes de tudo, formado por oferta fácil do dinheiro, a preços exorbitantes raramente vistos, em qualquer parte do mundo civilizado.
De fato, quem pode negar que a esperteza de tomar emprestados milhões de dólares nos bancos norte-americanos, cujas taxas não passam de três ou 4% ao ano, e depois repassá-los no Brasil, a 12 ou 13% ao mês, não seja um negócio da China?
Quem pratica esse tipo de empreendimento não poderia deixar de enriquecer. Pelo menos a legião dos devedores será tão maciça, compacta, significativa e suscetível de manobras, que estimulará muitos empresários a fazê-lo.
Engana-se quem disse que o banqueiro joga uma pedra para quem está se afogando e uma boia pra quem sabe nadar? Não haveria outra forma mais antiga, para o exercício do poder politico, do que o endividamento do cidadão.
O endividado sofre com o açoite diário do credor, muitas vezes, a serviço da política do muito mais forte, no passado representada pelos senhores de engenho escravagistas.
Pobre do desavisado que cai na conversa, no canto da sereia, do banqueiro ofertante do crédito. A aceitação desse tipo de dinheiro não deixa de ser semelhante à aquisição da corda para o próprio enforcamento.
O credor se verá tão limitado, por essas verdadeiras correntes morais, que muita vez sentirá vergonha por não poder adimplir as obrigações assumidas.
E esse tipo de acicate não é mesmo um instrumento poderosíssimo da elite dominante?
No mínimo, a pessoa que aceita o uso dos cartões de crédito, não deixará de se sentir um verdadeiro idiota. Primeiro porque não conseguiu pagar as contas mensais e segundo, por aceitar regras tão desvantajosas para si.
Esse tipo de negócio não deixa mesmo de ser daqueles grilhões semelhantes aos instrumentos usados, em outros tempos, para escravizar e subjugar as pessoas?
Dessa prisão moral faz parte a hora certa dos castigos. Se no período da escravidão havia o pelourinho, a chibata e todos aqueles instrumentos de tortura, hoje há a mídia bombardeadora que, a peso de ouro, coloca sua tecnologia a serviço dos credores.
O endividamento do usuário dos cartões de crédito os coloca na mesma situação dos corruptos, lesadores dos cofres públicos, e dos ladrões de herança.
Estes pecaram por levar e dever o que não lhes pertencia. Aqueles infringiram pela ingenuidade própria, ignorância, e o engodo maldoso do menos burro.
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