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Quem já passou algum tempo em cidade pequena sabe que, às vezes, a única diversão que os moradores têm é a praça. E Tupinambicas das Linhas não era diferente.
No sábado, logo depois do Jornal Nacional, Van Grogue caminhando bem devagar, aproximou-se do pessoal reunido sob a marquise do Banco da Colônia.
- O que é que é? Já tá com mal de Parkinson, você também? - desafiou Dina Mitt, aspirando profundamente a fumaça da bituca do cigarro barato.
Van apresentou-lhe o dedo médio da mão esquerda, enquanto sentava-se no banco verde maltratado.
- Percebo que o embarangamento já se avizinha. - resmungou Grogue com voz cansada.
- Ta vendo, sua besta? O tempo escorreu-lhe pelos dedos. - decretou Dina emitindo um sorriso de satisfação.
- Deixa disso Dina. O Van é gente boa. Não precisa pegar desse jeito no pé do pobre. - pediu Pery Kitto com voz de quem sentia compaixão.
- Pobre nada... Essa carniça tem herança pra receber. O avô dele bateu as botas e deixou uma casa enorme pra ele.
- E o que é que você tem com isso? - quis saber Donizete Pimenta, depois de pigarrear.
- O que eu tenho é um crédito com ele. O safado não paga ninguém. Vive andando de um lado pro outro, no quarteirão da casa dele. Trabalhar, mesmo que é bom, nada. Nadica de nada.
- Quem te deve não sou eu. Foi meu pai que fez o furdunço. Eu não tenho nada com isso. - defendeu-se Van Grogue.
- Não ligue pra essa mulher, meu querido Van de Oliveira. Todo mundo sabe que ela está a serviço do Jarbas o energúmeno. - declarou Zé Cílio Demorais, ajeitando a mecha de cabelos que lhe caia pela testa.
- Na verdade essa fulana aí recebe como assessora parlamentar do Fuinho Bigodudo. É por isso que ela vive a te desancar. - corrigiu Billy Rubina, ao rodar o anel de cristal, no dedo mindinho da mão esquerda.
- Nada a ver. Eu sou aposentada do INSS. Já faz quatro anos. - explicou Dina Mitt, jogando a bituca fora.
- Veja você como funciona a coisa. A cidadã trabalha dois anos, recolhe as contribuições por 24 meses e já se aposentou há quatro. - criticou Zé Ciliodemorais.
- É com gente assim que o instituto vai a pique. - concluiu Donizete.
- Van, você está na minha lista; não vai ter um minuto de sossego. Vou infernizar a sua vida. - ameaçou Dina Mitt.
Enquanto a mulher maldosa se levantava pra deixar, esbravejando, a reunião, um Camaro amarelo, aproximando-se lentamente, parou defronte ao grupo. O condutor baixou lentamente o vidro da janela do carona, quando então pòde ouviu as últimas palavras da perigosa Mitt.
O pessoal todo ouviu a voz feminina forte que veio lá de dentro:
- Dina Mitt, sua retardada!! Eu perdoei a dívida que você tinha comigo. Por que você maltrata assim o seu devedor? - era a vovó Bim Latem que, saindo abruptamente do veículo, avançava em direção da algoz.
O pessoal reunido encolheu-se todo ante a bravata da mulher. Ouviu-se um cochicho logo abafado pelo medo que predominou:
- Hum... É a vovó Bim Latem. Misericórdia!
Naquele momento, Dina Mitt apertando-se pra não molhar as calças, percebeu que a sua alucinação persecutória poderia cessar.
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