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Os Bad Romances

por Fernando Zocca, em 30.07.12

 

 

Corno é corno e não tem conversa. As reações diante da consciência do fato é que variam muito.

 

Tem aquele que fica vermelho que nem um peru, entregando-se ao álcool e ao tabaco, procurando depois a separação na justiça; tem aquele que, bastante irado, busca armar ciladas para matar o  amante da traidora; tem aquele que dá uns sopapos na tal, diante de todo mundo, conseguindo com isso, nada mais do que um escândalo e muita briga na justiça; tem aquele que finge que não é com ele e tem também aqueles que substituem a vergonha e a humilhação públicas pela condição de homicida.

 

Sim, meu querido amigo leitor, há quem prefira trocar toda a sua raiva pela certeza de que a malvada morreu, do que recomeçar um outro bad romance objetivando sublimar a frustração maligna.

 

Um caso típico de cornitude você vê em Gabriela, novela exibida pela Globo, na qual o Coronel Jesuíno Mendonça (José wilker), é traído por sua legítima esposa a Sinhazinha Mendonça (Maitê Proença), que cansada da grosseria do marido, bota-lhe as galhadas homéricas com o dentista Osmundo Pimentel (Erik Marmo).

 

Nem todas as frustrações causadas por traições podem virar arte. E saiba que a legítima defesa da honra autorizaria atos extremos contra a vida. Pelo menos é o que prevê o atual Código Penal.

 

Não é à toa que os legisladores procuram agora, depois de tanto tempo da vigência do Código Penal, (ele é de 1940), adaptá-lo a nova realidade brasileira.

 

A Lei Maria da Penha é específica para a proteção da mulher que sofre agressões dentro do lar, praticadas por homens bêbados, doentes, e frustrados.

 

Os desentendimentos diários, a ausência de carinho e muita agressividade, componente também do machismo, levam a agressões contra a mulher que, às vezes, não tendo outra forma de se vingar do agressor, atraiçoa-o como castigo.

 

Vimos recentemente, pela televisão, o caso célebre do ator de "Crepúsculo’ Robert Pattinson, cuja mulher Kosten Setwart, foi flagrada aos beijos com o diretor Rupert Sanders.

 

Esse caso hollywoodiano ainda não terminou, e o traído, segundo os sites especializados, deseja agora ter uma conversa de homem para homem com o traidor, que teria lhe ferido a honra.

   

Já no Rio Grande do Sul uma série de cinco homicídios praticados por homens traídos, chama a atenção da sociedade sobre a gravidade das traições, das provocações e da violência. 

 

Com facadas violentíssimas ou tiros certeiros, os homens que não conseguem sublimar a frustração, o ódio e o desespero suscitados pela dissídia,  lavam com o sangue da vítima, a honra ultrajada.

 

As separações podem hoje ser feitas nos cartórios de notas, com  a simples presença dos interessados. Apesar de todas as vantagens de viver com alguém, há sempre quem diga que "antes só do que mal acompanhado", seja a melhor solução.

 

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publicado às 14:10

Roubando o Cachorro

por Fernando Zocca, em 26.07.12

 

Criança mimada não deixa de ser um problema. Chega um momento da relação genitora filho, por exemplo, que diante do "emburramento" do guri, a mãe, às vezes, vê-se obrigada a prometer coisas ou a fazer concessões nem sempre legais.


Quando as vontades se opõem, e a fim de obter a anuência do infante, se a mamãe concordar com os desejos feridores dos direitos alheios, sinalizará uma certa fraqueza moral, servindo também de exemplo negativo para a criança que tenderá, no futuro, a repetir o comportamento.


Essas atitudes complacentes da mamãe contribuirão também para a má formação do seu descendente, se diante das situações conscientes de cleptomania, não corrige o filho, no momento exato do deslize.


O senso de justiça da progenitora responsável, certamente rejeitaria, por exemplo, que o filho, tomado pela paixão avassaladora, tentasse levar para casa um cachorro que lhe aparecesse pela frente, na rua, durante um passeio.


E não deixa de agravar a situação, a atitude materna que ao invés de reconhecer o erro, procura atribuí-lo a quem não tem nada a ver com o babado.

É claro que o quadro se complicaria ainda mais se o tal cachorro é mal tratado e ainda por cima abandonado na rua.

Seria muito mais fácil para a mamãe "bondosa" suportar as crises de teimosia do filhote mimado, do que aguentar depois, todas as consequências terríveis da sua benevolência.


Há quem ache que não pagar o café consumido num balcão seja semelhante a levar, “às ocultas”, no porta-malas do carro, o cachorrinho estimadíssimo por seu dono legítimo.


O reconhecimento do equívoco, tanto pela mamãe quanto pelo filhote, e o firme propósito de não cometê-lo novamente, contribuiriam para a vivência de momentos mais livres das influências negativas que certamente procurariam tirar proveito do caso.


Existem mulheres que, para vingar-se das surras dadas por maridos alcoólatras, enfeitam-lhes a testa com galhadas imensas.


Mas isso já é outra história e fica para uma nova oportunidade.  

 

 

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publicado às 12:36

Confiando no Taco

por Fernando Zocca, em 24.07.12

 

Você acredita em político? Os caras passam os mandatos inteiros ferrando-te, e quando chega o tempo da renovação do "contrato de trabalho", se aproximam prometendo o mundo e os fundos.


Para mim, se dependesse da minha vontade, eles não teriam direito a mais do que um salário mínimo mensal e, se precisassem de tratamento médico, poderiam contar com o SUS.


Eles são insensíveis, pensam só nos interesses próprios e se puderem destruir, literalmente, a quem a eles que, com  ideias, se opõem, não titubeiam.


Os caras buscam o poder público visando a "salvação" própria e a dos seus familiares. E quando os interesses da família se contrapõem aos do público, sem dúvida nenhuma se definem pelo ego.


Eles sabem tudo da sua vida, das contas que você tem pra pagar, o quando você ganha por mês, quem são os seus parentes, as suas propriedades, os remédios que você toma ou tomou, da história sua e a dos seus familiares.


Aliás, os caras contam pra você, a sua própria história, como se fosse a deles.


Criando dificuldades, na maior parte dos mandatos, surgem agora com as caras de pidões, na época da renovação do direito às tretas, prometendo a solução de toda a problemática.


Não contem comigo. Não contem com o meu voto. Se em quatro ou cinco gestões, deixaram de resolver os conflitos, por não lhes ser da alçada, não será agora que terão a minha confiança.


São 16, 20 anos que usufruem de todos os benefícios proporcionados pelos privilégios negados aos demais cidadãos.


Não tenho interesse nenhum em deixar de falar o que sempre falei, muito menos de parar de publicar o que venho publicando.


Não será pelo que digo ou deixo de dizer, que as tretas e mumunhas serão extintas. De forma nenhuma. A população sabe o que quer. Se o nobre edil "confia no seu taco" não tem porque calar este ou aquele discordante.


Se tiver de ser reconduzido à sua cadeira no legislativo ele o será independente de esta ou aquela pessoa falar ou escrever qualquer coisa sobre ele.


Afinal, meu amigo leitor, haveria algo mais veemente que diga quem é o cidadão, que agora lhe pede votos, do que tudo o que ele fez até agora?

 

 

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publicado às 13:27

O Auto da Comadre Cida

por Fernando Zocca, em 23.07.12

 

Minha amiga Cida, naqueles idos de 1962, ali em Tupinambicas das Linhas, era ainda uma adolescente. Apesar de ter os pais supersticiosos, ela não chegou a se tornar igual a eles. Seu objetivo, logo que se conheceu por gente, foi o de estudar e tornar-se uma grande doutora.


Ela tinha alguns conceitos que se não fossem científicos, seriam bem inusitados. Um deles considerava que: “O barulho é sinal da desorganização, doença. A saúde reflete-se na paz e harmonia existentes entre os órgãos”.


Quando ouvi aquele enunciado, lembrei-me de imediato, duma colega nossa, a não menos conhecida Rosalena, a pingueira dos infernos, que vivia cantando loas sobre sua capacidade indutora dos suicídios de parentes desafortunados. O último deles pendura-se numa das treliças sustentantes daquelas telhas quentes de amianto.


Pude então confirmar que o desequilíbrio emocional produzia barulhos horríveis. Talvez Rosalena, a danada, assim o fizesse colimando espantar, da sua consciência, os fatos criminosos que jamais desapareceriam.


Um cunhado daquela mocréia, verdadeira tribufu, ocupava o cargo de influência relevante no Ajuntamento Comercial da cidade; era seu presidente. E como eles todos se engajaram, naquele ano, na campanha que visava eleger o Rei Momo prefeito de Tupinambicas das Linhas, não havia nada mais lógico do que espalhar, entre os comerciantes da localidade, maus conceitos e enganos sobre seus desafetos e adversos.


O presidente do Ajuntamento Comercial chegava às raias do êxtase quando sabia que o adversário perseguido, adquiria equipamentos obsoletos, no comércio local, pagando preços dos de última geração. Aqueles engodos todos eram combustíveis pra muito escárnio e apoucamento.


Quando estava louca, possessa, ou tomada pelo demônio, Rosalena, que se formara saca-molas, andava pela casa, cuspia, e ameaçava as demais pessoas da família, com a morte. Numa ocasião, demonstrando forças incríveis, atirou o sofá, que era pesadão, na janela do apartamento, quebrando seus vidros.


Meio macho, a mulher só sentia-se bem jogando a charqueada, que nada mais era do aquele jogo, cujo objetivo principal é o de deixar os adversários sem dinheiro.


Por ser Tupinambicas das Linhas notoriamente conhecida como a área em que existiam muito mais loucos, por metro quadrado, do que todas as demais regiões do Estado de S. Paulo juntas, não me impressionei muito com aqueles eventos todos. Consolei-me.


A mãe de Rosalene foi uma velhota pimpona, daquele tempo ainda em que, para transporte, utilizavam-se os animais de tração. Naquela época o uso das carroças e bondes, era bem mais moderno, confortável e chique do que as caminhadas a pé.


Dos inconvenientes consistia o fato de que os animais faziam cocô nas ruas e, depois que aquele esterco todo secava, sob a impulsão dos ventos, liberavam partículas voadoras que assentariam dentro das casas dos habitantes, impregnando-lhes as roupas, alimentos e os pulmões.


Esse fenômeno explicou-me a causa da aversão que a velhota, e algumas coetâneas suas, tinham pelos ventos.


Quando Rosalene estava sob os efeitos do álcool não adiantava desejar explicar-lhe que leitão não era um leite grande. E também não adiantava demove-la de sugestionar as pessoas com base no número dos dentes que elas ainda tinham na boca.


Depois que ouvi Rosalene dizer, pra mais duma centena de pessoas, que o cemitério era o único lugar onde havia melhor qualidade de vida ali em Tupinambicas das Linhas, achei que ela estava exagerando e que passava dos limites.


Pude perceber que a largada já não estava bem da cabeça quando repetia, diante das cobranças que lhe faziam, as frases “nem ligue” e “deixe quieto”.


Tive certeza que ela enlouquecera quando soube ter mandado matar o próprio marido. Ela contratara dois pistoleiros que, numa emboscada, atiraram no sujeito; não o mataram por um triz.


Descontente com o fracasso, a maníaca mandou que atirassem nele uma granada. Deveriam atingi-lo quando fosse buscar o filho do casal ali na escolinha.


As ocorrências não pararam por aí. Os rebus foram estonteantes. Porém isso meu amigo, minha amiga e senhoras dona de casa, já são temas pra outras novas e belas histórias.


 

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publicado às 15:24

O Clube da Bruta

por Fernando Zocca, em 21.07.12

 

Quando Luísa Fernanda completou 47 anos achou que deveria promover uma tremenda festa de arromba. Na verdade o evento serviria apenas de pretexto para uma reunião da diretoria onde se discutiriam os estratagemas de "fecha-beiço", a serem empregados contra os desafetos linguarudos e ordinários. Por isso, pelo Telefone, convidou a vovó Bim Latem, Kol da Mumunha, Val da Seita Maligna, Allan Brado o veadinho, Allan Bik a esponja e Klic Douglas.


Na sua mente, completamente encharcada, com os fluídos cervejosos, traçava os planos detalhadamente; deveria expô-los ao grupo de forma clara e firme para que não suscitassem qualquer dúvida ou vacilação.


Determinou que aquela sua empregada, gorda e galhofeira, parasse por algumas horas, com os encontros defronte ao portão, onde fofocava sobre a vida dos vizinhos, e que limpasse imediatamente o quintal onde receberiam os convivas.


À noite, logo depois do Jornal Nacional, encostou ao meio-fio, a vovó Bim Latem. Vinha num carro novo cinza reluzente, mas já não era o importado que sempre usara. Ao descer, mostrou que tinha uma certa assimetria nos olhos. O direito, não se sabe se por força da gravidade, ou problemas neurológicos, estava mais fechado que o esquerdo. Por teimosia negava-se a usar os óculos recomentados, e por isso, forçava o olhar quando botou os pés no chão. A luminosidade escassa, porém, impediu que ela desviasse os pezinhos dos montículos de cocô, antes deixados ali pela poodle branca. O encontro, então foi inevitável.


Bim Latem, irada com o grude que lhe travava os passos, amaldiçoou Luísa Fernanda; convenceu-se de que ela não passava dum formidável traveco zombeirão descendente dos Luíses da França. E que essa frutinha supimpa, originara-se mesmo do Luís XXIV, o dragão mocréico.


A vovó premeu a campainha; esperando ouviu os ladridos perfuro contundentes da bicha branca e peluda que se assanhava lá dentro. Luísa surgiu num short preto com o busto semi-desnudo. Tinha nos pés um par de chinelos azuis e largos que não impediam o vazamento dos artelhos pelas bordas frontais. Na mão direita trazia o molho das chaves e um cigarrinho entre os dedos indicador e médio. Com os dedos longos da mão esquerda, tentava manter alinhados alguns fios dos cabelo curtos e negros que teimavam em cobrir-lhe a orelha.


Ao vê-la vovó bateu três vezes os pés no chão. Antes de entrar foi logo dizendo: "É melhor cancelar essa reunião, que não vai dar certo".


Luísa, a fodida, pensou em interpelá-la, mas já conhecendo a personalidade despótica da velhota baixota e balofa, inibiu-se. E vovó continuou: "E atenção! Você tem só até amanhã para dar um destino pra essa cadela safada. Só até amanhã! Vá ao magazine Druida e converse com o Jacó, o rei da farofada".


Luísa abriu o portão; estava envolvida num banzé terrível formado por aquele coletivo de pulgas. Vovó permanecia empertigada e ciente de que tinha muito mais valor do que podia crer aquela filosofia vã, perdida naqueles miolos moles, de projeto frustro de mulher. A velha entrou com seu pé-de-anjo direito na casa engradada.


Com voz imperativa, de quem estava acostumada ao mando, determinou que fossem feitos os telefonemas para todos os que antes haviam sido convocados.


Depois que Luísa, a escalafobética, cumpriu as ordens, vovó mandou que ela sentasse naquele sofá marrom, já velho e esgarçado. Com suas pernas alvas e tremulas a esquisita, de origem "francesa", acomodou a bundinha flácida nas almofadas pútridas.


Bim Latem então falou: "Você, com essa idade que tem, já deveria saber que para as mesmas causas ocorrem os mesmos efeitos. E que mais vale um péssimo acordo do que uma ótima demanda. Por isso para calar a boca dos catinguentos, dê a eles um dinheirinho. Eu creio que uns 30 mil reais sejam suficientes. Com certeza fecharão aqueles bicos feios de tucanos sem terra."


Luísa Fernanda, cabisbaixa, pensativa, e esfregando as mãos mantinha-se calada. A cachorra, estrupício degenerativo, punha sempre em polvorosa sua colônia de pulgas, quando com as patinhas traseiras, alternadas, coçava o cangote.


O conflito realmente findaria. E não era isso mesmo muito bom?

 

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publicado às 14:51

Usando a Máquina Administrativa

por Fernando Zocca, em 20.07.12

 

Não é só meu amigo Van de Oliveira Grogue que, de vez em quando, confunde tudo causando o maior alvoroço.


O procurador jurídico do município de Piracicaba Dr. Sérgio Bissoli também, tomado pela ansiedade de ver o seu candidato à prefeito  Gabriel Ferrato, livre de concorrentes, ingressou no Cartório Eleitoral, com um pedido de impugnação da candidatura de Jairo Ribeiro de Matos (DEM).


O advogado, funcionário da prefeitura, alegava que Jairo, por ser presidente do Lar dos Velhinhos, estaria impedido de concorrer ao pleito municipal, como vice na chapa do pastor Dilmo dos Santos (PV).


Nas suas razões, o ilustre causídico argumentava que para estar apto a concorrer, Jairo deveria licenciar-se do cargo que ocupava.


Atento aos acontecimentos políticos na cidade, o Jornal de Piracicaba, num editorial equilibradíssimo, alertou que o doutor Sérgio Bissoli também, por ser servidor do município e ter os seus salários pagos com os impostos arrecadados da população, não poderia, de forma alguma, defender os interesses partidários.


Ou seja: o advogado do município deve trabalhar na defesa dos interesses negociais da cidade, e não na dos seus correligionários.


Portanto nosso querido doutor Sérgio Bissoli deveria escolher entre abdicar do cargo público, a fim de advogar para o seu partido, ou abrir mão das representações, objetivando a manutenção do cargo que ocupa.


O candidato petista à prefeitura de Piracicaba Roberto Felício veio a público, num vídeo, para dizer exatamente isso: não se pode confundir os papéis. As duas funções são incompatíveis.


Jairo Ribeiro de Matos (DEM) é vice na chapa encabeçada pelo pastor Dilmo dos Santos (PV) e, segundo o entendimento jurisprudencial vigente, ele deveria mesmo desligar-se das funções no Lar dos Velhinhos para concorrer.


Essa situação é aplicável também no caso do candidato Gabriel Ferrato (PSDB), que ocuparia o cargo de Conselheiro do Lar dos Velhinhos.


Existem fortes possibilidades de que, tanto a candidatura de Ferrato quando a de Jairo Ribeiro de Mattos sejam impugnadas.


A instituição filantrópica Lar dos Velhinhos recebe incentivos financeiros inclusive da Prefeitura Municipal de Piracicaba e isso, em tese, configuraria o uso defeso, da máquina administrativa na campanha eleitoral.

 

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publicado às 15:02

Os Mesmos Descarados

por Fernando Zocca, em 16.07.12

 

A diferença entre os países civilizados e os ainda deficientes você observa também na observância das leis.


Nas nações imaturas existem normas, regras e leis regulando tudo, mas nem sempre elas funcionam quando necessário.


Por exemplo: uma determinada câmara municipal promulga a lei que coibe a perturbação do sossego público depois das 22 horas.


Isso inclui ensaios de bandas nos quintais ou garagens, churrascos comemorativos, funcionamento de bares onde a algazarra perturba a vizinhança, e tudo o mais que possa impedir o bem estar público durante o horário noturno.


Entretanto os mais imbecis ou alcoólatras incorrigíveis, mesmo sabedores das tais determinações, fazem de conta que isso seria inexistente, violando assim, as avenças feitas, na maior cara de pau.


Levado o problema ao judiciário e percebendo que as consequências do desrespeito lhes poderia custar muito caro, buscam os tais insanos, por meios inclusive das crenças e práticas religiosas, demover a vitima do seu pedido de reparação.


Conseguido o intento tornam, os malucos, a vida daquele que supostamente estava amparado pela lei, num verdadeiro inferno, digno dos regimes mais injustos e violentos da face da terra.


Por outro lado você perceba que, numa situação praticamente semelhante, o pessoal do Rock, ao comemorar certa efeméride em Londres, teve o microfone cortado depois que a festança passou do horário prescrito na lei.


Ou seja, os políticos numa determinada comunidade, mais lenta, mais devagar, em troca das promessas de voto, que lhes garantirão outros quatro anos do bem-bom, atuam contra as próprias normas aprovadas pela instituição que os abriga.


Isso infelizmente significa que mais vale as vantagens pessoais que lhes dão o cargo, do que a aplicação da lei que, em tese, solucionaria um conflito social.


E você veja, meu querido leitor que é exatamente nesse exato momento em que se aproximam as eleições, que os mesmos descarados se apresentam novamente, pedindo a sua concordância para que continuem a praticar as loucuras mil que os caracterizam.


A Constituição da República deveria consagrar o direito do cidadão demonstrar o seu desagrado, com os políticos, instituindo o voto facultativo.


Eu particularmente, com o devido respeito, não contribuirei com o meu voto, para que as injustiças e maldades continuem acontecendo.


16/07/12

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publicado às 17:48

Usurpação

por Fernando Zocca, em 14.07.12
 
Usurpação
Os "espertinhos" não vacilam quando o momento se apresenta favorável a um proveito, principalmente se isso causará dano a alguém.

Os tais "mais ligados" fundeados sobre premissas equivocadas, ou muita maldade mesmo, não perdem tempo  "passando a perna" no próximo.

Esse assumir o que pertence a outrem acontece em situações de herança, nos negócios, na política e também nos relacionamentos afetivos.

Não são incomuns os casos, daqueles que, movidos por ciúmes, procuram apoderar-se do afeto da mulher do próprio irmão. A história está repleta de casos assim.

Ora se a usurpação ocorre inclusive no plano da sucessão hereditária, por que não ocorreria também nos casos envolventes dos cargos de chefia e liderança?
 
Nem duvide que o egoísmo, somado a um desapreço muito forte, comporiam o combustível daqueles que tirariam até as incubências do presidente da república.

Não é preciso ir muito longe: veja o que acontece em algumas  empresas consideradas bastante sólidas e atuantes no mercado há um bom tempo. Basta atentar para o noticiário diário da mídia.

A "puxação de tapete" faz parte daquele enunciado maquiavélico de que os fins justificam os meios. Daí aparecem o tráfico de influência, a corrupção, as mentiras, o adultério e as sandices todas podem chegar até aos crimes contra a vida.

É claro que diante dessas desgraças todas mais vale o pouco com muita honra e tranquilidade do que o poder e a fortuna imensa atribulados por escândalos mil e precariedade na saúde.

Mas não é?

(Exepcionalmente hoje trabalhamos de forma precária) 
  
  

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publicado às 21:36

As Sementes de Tomate

por Fernando Zocca, em 04.07.12

 

 

Van de Oliveira Grogue, Zé Cílio Demorais e Ary Ranha estavam, na tarde de quarta-feira no bar A Tijolada, legitima propriedade do Maçarico, degustando a primeira cerveja, quando Van, olhando de repente, pra porta de entrada disse quase gritando:

- Ih, fica quieto. Para tudo!

- Nossa! O que foi Grogue. Está louco? Você assusta a gente, desse jeito pombas! - queixou-se o Zé Cílio, proprietário do Diário Tupinambiquense.

- Ah... Para com esses chiliques. Ô Grogue, manera aí caramba!!!!! - ralhou Ary Ranha.

- É o bi. - disse em voz baixa o Grogue, depois de levar a mão direita em concha a boca.

- Que bi? - inquiriu Ary Ranha. - Bimotor?

- Bivolt, bissexual? - quis saber o Zé Cílio.

- Não, seus burros. É o Bily Rubina, chefe do gabinete do Jarbas. Ocupa o lugar da vovó Bim Latem. Dizem que ele está namorando a irmã do Donizete Pimenta, o boca de porco, e que está meio pancadão.

- Imagina! - disse Maçarico entrando na conversa. - O cara está legal, só exagera um pouquinho demais da conta nas biritas, nada mais que isso.

- Mas, me diga... Quem é mesmo essa vovó Bim Latem? - quis saber o Ary Ranha.

- É só você que não sabe, ô Ranha do inferno. - gritou Maçarico lá do fundo, onde tinha ido buscar mais garrafas de cerveja.

- A vovó Bim Latem foi a criadora do primeiro homem bomba tupinambiquense. - informou o Zé Cílio Demorais. - Nosso jornal fez várias matérias sobre o assunto. Está tudo documentado.

- É sim, seu zé arruela, saiba que o jornalismo é o rascunho da história. - afirmou Van Grogue, olhando o Ary bem nos olhos.

Enquanto confabulavam, Bily Rubina, caminhando lentamente, aproximava-se do grupo.

- Eu quero saber quem é o lazarento que tá espalhando pra cidade inteira que a polícia apreendeu os computadores do gabinete! - intimou o Bily, que chegava bufando feito uma maria-fumaça.

- Aqui ninguém mexe com política. - defendeu-se Van de Oliveira.

- Eu nem sabia que tinha polícia na cidade. - reforçou Ary Ranha. - Meu pai alugava uma casa pros "home", que faziam escuta telefônica e invasão de computador, de uns vizinhos, uma certa ocasião. Mas isso faz muito tempo. Naquela época meu pai bebia muito. Eu nem sei. Mas e daí, Bafão a polícia está investigando o Jarbas?

- Está nada. Esses bocudos inventam cada uma que eu vou te falar. Não é fácil, viu?

- O que é que vai ser seu Bily? - quis saber o Maçarico segurando uma garrafa de 51.

- Me dê um Campari.

Zé Cílio, Ary Ranha e Van Grogue entreolharam-se surpresos. Maçarico procurou na prateleira uma garrafa da tal bebida. Ele sabia que tinha, mas não lembrava onde a guardara. Por demorar mais tempo na localização, recebeu a solidariedade dos fregueses, que o ajudavam, olhando também as garrafas enfileiradas mais no alto.

- Serve Menta? - arriscou Maçarico sem muito ânimo para as procuras demoradas.

- Lá em cima. Estou vendo. Aquela ali com o rótulo amarelado. - Gritou Ary Ranha apontando o objeto.

Enquanto todos permaneciam atentos na busca do pedido do Bily, entrou no recinto a Luísa Fernanda ostentando todo o seu charme contido naquele 1,64m de altura.

- Seu Maçarico! Tenho pressa. Quero um litro de leite, um maço de cigarros, cinco filões e 500 gramas de mortadela. Por gentileza, quero ser atendida o mais rápidamente possível. Meu marido o Célio Justinho está nervosíssimo. Ele deu até um pontapé violentíssimo na Magna, a nossa cadela de estimação.

Os homens pararam e olharam a figura estranha, que desejava ser atendida, antes mesmo do que todos os que chegaram primeiro.

- Mas, como eu estava dizendo... A polícia não encontrará nada de errado na prefeitura. - disse o Bily Rubina procurando reatar a conversa.

- Ah, mas o Jarbas é um poço de honestidade. - garantiu o Zé Cílio Demorais. - E olha, não digo isso só porque a prefeitura publica frequentemente, editais imensos no Diário. O cara é caxias mesmo.

- O quê? Jarbas não tem culpa no cartório? - reagiu indignada a Luísa Fernanda. Pois saibam que eu e meu marido Célio Justinho fizemos a maior queixa contra esse homem. Ele será cassado. Quem viver verá. Ninguém pinta como eu pinto. Alguém aqui pinta do jeito que eu pinto? E a minha mortadela? Sai ou não sai... Caramba!

- Mesmo que mal lhe pergunte, minha nobre senhora: o seu Célio ainda tem aquele teclado velho? - perguntou à meia voz, o Van Grogue.

- Deve estar naqueles dias. - cochichou Ary Ranha pros amigos.

- O senhor prefeito não tem nada a temer. Saiba a senhora e seu marido também. O seu Célio Justinho é um gerente bancário que vive tentando tirar, de ouvido, o hino do Corinthians, que eu bem sei. - afirmou, com voz empolada, o Bily Rubina.

Num ataque de fúria incontida, Luísa Fernanda não esperou para pegar as coisas que havia pedido. Soltando vários palavrões, ela saiu do bar pisando firme e sem olhar pra trás.

Quando passou a pé, defronte a casa do Maçarico, ela tirou, de uma pequena bolsa, um pacotinho de sementes de tomate; rasgando-o com muita violência, jogou todo o conteúdo - numa espécie de simpatia - no jardim da casa do comerciante, dono do boteco A Tijolada.

- E o doutor Silly Kone, o nosso querido psiquiatra, por onde anda? - quis saber o Zé Cílio.

- Ele vai ter muito trabalho. - garantiu Van Grogue.

- Com certeza. - confirmou o dono do botequim.






Mudando de assunto:

Você já viu o filme O Galo Corintiano?

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