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As revelações de Adam Oly

por Fernando Zocca, em 30.10.09

 

Adam Oly foi um dos provocadores mais sutis de Tupinambicas das Linhas. Você já viu aquele tipo de jogador que, durante uma partida de final de campeonato, ao passar perto do adversário, diz já ter saído com a sua mãe ou irmã?
 
                        Quase ninguém nota. São imperceptíveis as tentações até o momento em que a vítima volta e desfere uma violenta cabeçada no peito do agressor. A expulsão desfalca o time que pode ser derrotado.
 
                        Esse era o “jeitão” de ser do Adam Oly um dos colegas do Van Grogue que vivera até na Inglaterra, onde aprendeu enfermagem. Diziam que o sujeito era perito em tramar estratégias conducentes dos adversários à ruína total.
 
                        Ele buscava saber da vida daqueles a quem se propunha danar, utilizando depois as informações nas armações degradantes. É claro que nem sempre seus ardis funcionavam e não eram mesmo raros os casos em que a frustração lhe custava bem caro.
 
                        Van Grogue estava numa ocasião no bar do Bafão, o mais famoso de Tupinambicas das Linhas, quando se surpreendeu ao ver Adam Oly que entrava depois de muito tempo sem aparecer na cidade.
 
                        - Ora, mas veja quem está aqui, não é outro senão o famoso tocador de violão nas serestas, Adam Oly, que quando era menino gostava de remar, pilotando os botes verdes no rio Tupinambicas das Linhas. – disse esfuziante Van Grogue estendendo a mão em cumprimento ao recém-chegado.
 
                        - Que mané famoso nada! – respondeu Oly mostrando timidez e apertando a mão do Grogue.
 
                        - Dizem que glamour você tem, mas que só lhe falta o dinheiro, é verdade Adam? – provocou Van.
 
                        - Nada disso, meu amigo. – garantiu Oly, puxando uma cadeira e pedindo uma cerveja ao Bafão. – E depois convidando o Grogue - Sente-se comigo aqui.
 
                        Van tirou sua garrafa e copo do balcão e se acomodou com o parceiro que há muito tempo não via.
 
                        - Mas que novidades nos trazes? Faz tempo que chegaste da Europa? – Van estava ansioso por saber das novidades.
 
                        - Que nada. Não estive na Europa. Passei uma temporada na Argentina. Mas como a situação aqui está melhor resolvi permanecer uns dias. – contou Oly sorvendo o seu primeiro gole de cerveja gelada.
 
                        - É verdade que você tinha um irmão vereador aqui em Tupinambicas das Linhas e ele possuía tanto poder que conseguia nomear, transferir e destituir até diretores das escolas estaduais? – a pergunta do Grogue fora tão direta e certeira que Oly quase engastou com a cervejinha.
 
                        - É verdade. Meu irmão foi vereador e por meio da sua influência política ele podia indicar ou até destituir qualquer professor ou diretor de escola. – respondeu Oly com aquela segurança que o passar do tempo lhe proporcionava. - Você sabe,  e eu me lembro muito bem, que houve uma temporada em que o meu mano vereador estava envolvido com quatro eleitores que o encarregaram de induzir o abandono do curso ginasial por um menino filho de um desafeto deles.
 
                        - Ele conseguiu? – indagou Grogue bastante interessado ao mesmo tempo em que deglutia um saboroso gole de cerveja.
 
                        - Conseguiu. Mas para isso ele teve que remover o cidadão que ocupava o cargo de diretor do ginásio, colocar outro de sua confiança e só depois então, por meio de muita pressão fazer o moleque “espirrar” que nem azeitona na ponta do garfo. Confessou Adam Oly.
 
                        - Pô seu irmão era foda hein Oly?
 
                        - Ah o cara era fodido, meu. Pois você não sabe que ele fazia até nego vir dos Estados Unidos atrás de mulher aqui no Brasil? – Oly estava empolgado por ter alguém interessado nos segredos do irmão falecido.
 
                        - Não me diga!  Até isso ele fazia? – Grogue estava atônito.
 
                        - Fazia sim. Olha, ele soube durante aquele tempo em que legislava, por meio de um amigo chamado Emílio, que um sujeito lá nos Estados Unidos tinha muita herança pra receber. Soube também que o herdeiro era meio “pancada” e por isso, com uma mulher conhecida dele – do vereador, meu irmão -  resolveram atrair a vítima até o Brasil. – desabafou Oly.
 
                        - E o herdeiro veio? – perguntou Van Grogue interessadíssimo.
 
                        - Veio. Só que a mulher não o recebeu e ele então já sem dinheiro, não tendo onde ficar e nem ter o que comer, permaneceu na rua onde a turma do hospital psiquiátrico o prendeu. Bom, pra resumir a história, o herdeiro enganado morreu depois de uma sessão de eletroconvulsoterapia e seus irmãos receberam todos os seus direitos.  É claro que pagaram uma comissão fofa pro meu irmão. - Adam Oly sentia-se feliz por ter compartilhado o segredo.
 
                        - Nossa! O cara era foda, mano! – Grogue estava boquiaberto.
 
                        - Você ainda não viu nada. Depois eu te conto mais. Agora preciso ir embora. Espero um e-mail importante e pelo horário já deve ter chegado. – Dizendo isso num tom fraternal Adam Oly abraçou Van Grogue com entusiasmo deixando no boteco um clima de espanto.
 
                        - Você ouviu a história Bafão? – perguntou Grogue.
 
                        - É claro que ouvi. Esse parente vereador do Adam Oly tem muitas semelhanças de personalidade e ideológicas com o Jarbas, Tendes Trame, Zé Lagartto, Fuinho Bigodudo e outros lutuosos de Tupinambicas das Linhas. E é por isso que essa cidade não vai nem pra frente nem pra trás.
 
                        - É isso aí. – garantiu Grogue fazendo um brinde à noite que chegava.
 
 
 
Fernando Zocca.  
 
                       
 
                       

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publicado às 18:54

Sem sunga

por Fernando Zocca, em 29.10.09

 

Van Grogue na manhã de sexta-feira, no boteco do Bafão, sacou um cigarro do maço e acendeu-o com maestria. Levantando o cotovelo na altura da cabeça, segurou o pito com os dedos médio, indicador e polegar da mão direita. Mantendo então em paralelo a bagana e o chão, levou-a a boca, aspirando profundamente a fumaça.
 
Quando a soltou percebeu que os insetos voadores do local sofreram turbulência nos seus vôos. Muriçocas, pernilongos, moscas e pequenas borboletas perderam altitude despencando com perigo rumo ao chão.
 
Sorumbático pôs-se a pensar na causa de estar Tupinambicas das Linhas em retrocesso. Foi então que ele viu um menino vestido com a camisa da seleção brasileira de futebol chutando uma bola na parede da casa vizinha ao bar do Bafão. Notou o Isaac Newton tupinambiquence que a pelota voltava quando encontrava obstáculo maior do que ela. Então era assim: o desenvolvimento da urbe parava e regredia por não ter capacidade para seguir adiante.
 
De fato! Tupinambicas das Linhas, sob comando do Jarbas bigodão, caquético-testudo, dava sinais de retorno ao passado. As reformas feitas nas praças públicas pela prefeitura, financiadas por latifundiários, traziam os desenhos dos tempos em que o povo, por não ter TV em casa, caminhava em círculos, em torno do jardim central. Era uma distração provinciana.
 
Alguns antropólogos afirmaram ter o movimento circular daqueles habitantes de Tupinambicas das Linhas a origem no gesto de girar o indicador em volta da orelha, sinalizador da loucura.
 
Alguns diziam que só faltava mesmo o empresário Pitirim Zorror reconstruir o edifício Luiz de Queiroga, desabado em meados do século XX, quando matou muita gente. A maioria dos observadores duvidava de que até Freud pudesse explicar a ocorrência do fenômeno retrocedente.
 
Servino Pires constrangido por estar perdendo hora, entrou apressado no boteco. Ele havia prometido ao amigo Van que lhe traria, antes das dez, um elmo verdadeiro. Bafão  ao ouvir dias antes a história não deu importância ao fato, classificando-o como coisa de pingueiro.
 
Pires aproximou-se do amigo e disse: "Eu queria vir antes, mas não deu. Fiquei enrolado com o fusca branco do meu irmão. Ai eu pensei: já já eu vou. Mas não vim. Quando fiquei livre apareceu minha irmã querendo que eu a levasse de carro ao clube. Ai eu fiquei brabo e sai correndo. Esqueci o elmo.”
 
Van Grogue escorado com o cotovelo esquerdo sobre o balcão, apoiado no pé esquerdo, folgava tendo o direito relaxado sobre a ponta do sapato. Ele olhou Servino Pires de alto a baixo e bateu a cinza do cigarro com o indicador direito. Queria ver notado o seu desdém.
 
Charles boca-de-porco passou "pisando em ovos" defronte ao boteco. Temia ser visto. Ele devia mais de R$ 500 só de pinga e a oficina de conserto de sapatos não rendia nada. O pessoal vinha, trazia o serviço, mas não voltava para pegar os calcantes.
 
Em volta da garrafa, que Servino mandou abrir, procuravam os parceiros desenvolver a prosa boa. Mas um sacripanta abusado, com estardalhaço, manejava uma furadeira na casa ao lado, tentando abrir rombo no batente de peroba. O zunido abafava a conversa dos mortais desejosos de momentos descontraídos.
 
Van Grogue acendeu outro pito e percebeu que o falar alto tirava o gosto da palestra. O zumbido prosseguia. Um motor elétrico possante, logo em seguida lançava um jorro d´água na calçada da casa defronte ao botequim. Aquilo virou um inferno.
 
Dizendo: "Vou viajar pro Espírito Santo" Servino Pires saiu deixando Van Grogue só. A barulheira prosseguia. Em cima do balcão um embrulho, aberto depois por Bafão, indicava ter o Pires esquecido a sunga.
 
 
Fernando Zocca.

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publicado às 13:01

O besouro

por Fernando Zocca, em 28.10.09

 

- Pery Kitto era ladrãozinho safado desde o tempo em que, quando criança, jogava futebol de mesa na casa da tia. A marmota improvisava os botões dos times colando figurinhas dos jogadores no que ele chamava de “celulose” dos relógios de pulso. - A afirmação gravíssima saiu dos lábios do já atordoado Ado Henrique, logo pela manhã no bar do Bafão.
 
            O barman se acostumara com o jeitão de macho rústico do forasteiro, chegado à Tupinambicas das Linhas há uns trinta dias, que justificava a agressividade gratuita com o bordão “aqui o sistema é bruto”.
 
            - O senhor tem mesmo certeza de que pode beber? Não vai lhe fazer mal tanta pinga já cedo? – Na verdade Bafão preocupava-se mais com a integridade do seu mobiliário, que estaria sujeito a danos sérios, em decorrência de um possível descontrole do bebedor, do que propriamente com a saúde do cachaceiro. 
 
            - Bah, que dúvida! Sou curtido na pinga tche!  Mas como lhe dizia esse tal de Pery Kitto antes de começar os jogos falava que valia o “leva-leva” pra tocar os botões. Mas quando chegava a vez do adversário ele trocava tudo, garantindo que a regra era a de três toques. Você acredita seu Bafão, que numa tarde quando Pery Kitto, com o time do “Curintcha”, perdia o jogo pro primo dele, teve a coragem de soltar o gás dentro da cozinha? O cara era safado, meu! Sabe o gás? Esse de botijão? Então meu, o cara empestou o ambiente só pra melar a vitória do melhor. Mas pode uma coisa dessas, mano?
 
            - É verdade tudo isso? – Bafão simulava interesse. Seu objetivo era mesmo o “carvão” do freguês.
 
            - É sim, seu Bafão! Com certeza! O Pery Kitto odeia porco. Nem toque no assunto de torresmo que ele enlouquece. E feijoada então? Sabe dessas que vai pé de porco, orelha e joelho? Então, o cara se enfurece. Nem toque no assunto!
 
            - Não tenho visto o Pery Kitto. Ele sumiu, dizem que está doente. Será que é verdade? – indagou o barman ligando o rádio.
 
            - Está com o pé esquerdo inchado, mas muito cuidado com esse tal de Pery Kitto. Ele é mais falso do que dólar com esfinge de galo.
 
            - Olha, essa aqui é a segunda cerveja que tomo hoje. E já acabou. Aproveita e me dá outra super gelada. – Ado Henrique queria se esbaldar na gandaia a partir daquele momento.
 
            Quando servia o cliente, Bafão percebeu que Van Grogue entrou em silêncio. Ele não foi visto por Ado Henrique.
 
            - Assombração, de onde vieste? O que desejas aqui na terra do testudo? – murmurou Van Grogue num tom baixo e grave. E depois:
 
            - Olha o gambá! O gambá vai te cercar... Vai te comer os cornos...
 
            - Engraçado, seu Bafão, mas bah! De repente me veio a idéia daquele tal de Grogue. Por onde andaria o fulano? – indagou Ado Henrique sentindo os pêlos dos seus braços eriçarem.
 
            - Ah, aquele tem uma chácara lá no bairro Floresta. Trabalha no Detran; ganha quatro mil e quatrocentos reais por mês; quase não aparece por aqui. Ele possui um fusca e a namorada dele chama-se Terezinha. Sabe seu Ado, o Grogue foi muito mal tratado aqui em Tupinambicas das Linhas. O Jarbas e a chefe de gabinete dele, a tal de vovó Bim Latem, lançaram a seita maligna do pavão-louco contra o miserável. Envenenaram a caixa d´água da casa do infeliz e quase mataram todo mundo. O Grogue não pode nem ouvir falar em Jarbas que vomita – informou o prestativo Bafão, passando o guardanapo branco sobre uma mesa. 
 
            - Vade Retro satanás! – murmurava Van Grogue oculto atrás de um armário postado na parede oposta a do balcão – Ô carniça, besouro cascudo de cocô de vaca, você não tem outra camisa a não ser essa cor de rosa?
 
            - Seu Bafão! Que esquisito! Sinto a presença do Van Grogue. Mas não o vejo. Estou enlouquecendo?
 
            - É, o senhor não está muito bem, não. Acho melhor procurar ajuda. Conhece o doutor Silly Kone?
 
            - Hum... Silly Kone? Quem é? – o tom de voz do Ado Henrique denunciava dor, inquietação e sofrimento.
 
            - É gente fina. Dizem que os choques que ele aplica não passam dos 120 volts. Dão umas entortadas no cara, mas tudo fica bem depois. O senhor não quer experimentar? – havia certa ironia no falar do Bafão. - Olha, não quero me gabar, mas acho que um ou dois poderiam resolver o seu problema.
 
            - Vamos deixar quieto esse assunto – afirmou Ado Henrique pagando a despesa e saindo sem perceber a presença do Grogue.
 
            Depois que se viram a sós Van perguntou:
 
            - Já imaginou se eu trabalhasse mesmo no Detran de Tupinambicas das Linhas e recebesse R$ 4.400 por mês?
 
            - Seria o esplendor. Quem gosta de besouro é entomologista – arrematou Bafão, abrindo a primeira garrafa de cerveja.
 
 
 
Fernando Zocca.    
               
              
 

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publicado às 15:37

Maltratando o gambá

por Fernando Zocca, em 27.10.09

 

            Ado Henrique era um sujeito alto, magro, louro, e branquíssimo que amava churrascos temperados só com sal grosso. Ele chegara a Tupinambicas das Linhas de passagem para a capital, mas gostara tanto do lugar que resolveu residir na cidade.
            Depois de mais ou menos trinta dias perambulando pra lá e pra cá, em busca de uma atividade econômica que o pudesse sustentar, ele achou que se se estabelecesse com um bar poderia viver muito bem.
            E foi pensando em adquirir um boteco já tradicional que Ado Henrique entrou, naquela tarde quente de segunda-feira, no bar do Bafão.
            Na mesa pequena que ficava sempre encostada no canto esquerdo, próximo  da porta frontal, estavam Charles mais conhecido como “boca de porco”, que nunca tirava aquela ressequida camisa regata verde-limão, encardida pela graxa e resíduos de tinta; o carroceiro Edbar B. Túrico, que aproveitando a calmaria da hora deixou na calçada a carroça que puxava, para tomar aquela gelada refrescante e, Van Grogue, o mais conhecido biriteiro tupinambiquence. 
            Quando Ado Henrique entrou olhou logo para aqueles prováveis futuros fregueses cumprimentando-os vigorosamente. Era com se um capitão-do-mato, feitor de fazenda monarquista ou general nazista adentrasse ao ambiente para tomar as providências rigorosas contra algumas supostas irregularidades ocorrentes.
            - Boa tarde, senhores! – o tom formal e severo assustou os pingueiros amolecidos, mas não os impediu de responder educadamente.
            Pigarreando Ado Henrique aproximou-se de Bafão, que como sempre, asseava o balcão, passando sobre ele uma toalha alva. O recém-chegado sinalizou ao barman aproximando o indicador do polegar a uma distância que o remetesse à desejada dose de pinga, mandando também com voz solene:
            - E uma cerveja bem gelada!
            O burburinho que havia no ambiente, momentos antes da entrada do ilustre cavalheiro, cessou ante a visão da figura. Em silêncio os copos eram agora levados aos lábios, ao mesmo tempo em que os bebedores observavam as cenas decorrentes.
            Ado Henrique depois de emborcar, de uma só vez, a dose reforçada da “três martelos”, agarrou a garrafa de cerveja pelo gargalo e, ajeitando o copo na outra mão procurou assentar-se à mesa próxima do pessoal que ali estava.
            - Pois ora, veja que Tupinambicas das Linhas é mesmo grandiosa, enorme. Há trabalho para todos que a procuram. Não é verdade? Como é que se chama mesmo o prefeitinho daqui? É Nero? – o atordoamento de Ado Henrique, provocado pela ingesta do álcool, tornava-se já perceptível ao grupo, simultaneamente em que via também o rosto do forasteiro avermelhando-se.
            - Hum... – disse Van Grogue em voz baixa – Pelo jeito a coisa vai desandar.
            Edbar B. Túrico dobrou-se todo sobre o ventre esticando o pescoço para observar a carroça parada ali perto da porta. Ele pensou que se tivesse de sair correndo, não se importaria muito com a carga de papelão que ajuntara.
            Charles tirou do bolso da bermuda o maço de cigarros e, com o isqueiro verde ornado com a figura de uma arara, acendeu um deles,  murmurando algo em tom grave.
               Diziam, os maus beiços pequenos da Vila, que Charles mais parecia um sapo banguela arfante. Mas quem o conhecia sabia ser ele um sujeito tão forte quanto um jumento. E bem burro também.
            Van Grogue tentando manter o clima cordial respondeu, num tom suave, a pergunta do forasteiro:
            - O prefeito daqui chama-se Jarbas. Ele é bem caquético, testudo, gabiru e ratazana de bueiro fedido.
            Ado Henrique então, já não conseguindo distinguir no grupo, aquele que falava, erguendo um copo cheio de cerveja, fez outras altas indagações:
            - É verdade que o presidente da Câmara Municipal já passou mais de vinte e cinco anos no cargo? Por que só ele é reeleito e mais ninguém consegue? Qual é o segredo dessa... Múmia? Como ela consegue isso? É difícil acreditar na existência de cargos municipais eletivos vitalícios. Mas ela é uma prova cabal disso. Qual é mesmo o nome da figura?
            Van Grogue percebeu que apesar das perguntas não terem sido direcionadas a alguém específico, achou que poderia respondê-las a contento e então disparou:
            - O presidente da Câmara Municipal é o José Lagartto, mais conhecido como Zé Lagartto das quebradas. Faz um século que ele é vereador e não larga o “osso” de jeito nenhum. A “carniça fedorenta” não sabe fazer outra coisa. Nunca soube.
            Van Grogue percebeu que Ado Henrique não tinha mais condições físicas para manter a conversação. O homem já babava na camisa vermelha.
            De repente um gambá assustado entrou correndo bar adentro atemorizando a todos os que ali estavam. Então assim como que num passe de mágica, Ado que dormitava sobre os braços dobrados na mesa, acordou irado. O ébrio ao levantar-se com muita rapidez derrubou a cadeira,  manifestando-se em seguida aos berros:
            - Um gambá? Misericórdia! Um maldito gambá? Um gambá sujo aqui dentro? Eu não acredito! – esgoelando isso e segurando a garrafa pelo gargalo, Aldo Henrique corria pelo salão ralhando com todos, tentando matar o animal.
            - Calma, moço. É só um bichinho que saiu ali do campinho de futebol da molecada. Ele já foi embora. Pode ficar sossegado. Não faz mal a ninguém. É um bicho bom. Um bicho gente fina. Pode confiar. – lecionou Bafão preocupado em receber o pagamento das bebidas.
            Aldo Henrique enfiou as mãos nos bolsos a procura do dinheiro. Ele cambaleava, mas depois de localizar algumas notas, jogou-as sobre o balcão. Não esperou o troco saindo logo em seguida com destino ignorado.
            Van Grogue olhou para os amigos boquiabertos e depois de beber o ultimo gole de cerveja, daquela tarde, passou as mãos sobre os cabelos bastos saindo em seguida.
            - Eu não agüento mais Tupinambicas das Linhas – disse ele ao entrar no carro com o qual se mandou para o bairro Floresta.
 
Fernando Zocca.  
  
               
 
 
Visite Piracicaba.
 
             

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publicado às 10:30

A guitarra e a bandeira

por Fernando Zocca, em 25.10.09

 

Até que ponto pode a astrologia influir em nosso comportamento? Eu não sei, mas o fato de ser, pisciniana, aquela senhora velha, induzia sempre seu marido, louco de pinga, crente que era pescador, a correr atrás dela, brandindo a peixeira, quando se sentia, assim como direi, ofendido e com fome de vingança.

O fuzuê era corriqueiro. Aos gritos e desesperada, a coitada corria em torno da mesa velha, encardida e cheia de cupim, procurando defender-se. Esbaforido, o pescador tabagista pançudo, via-se safo da sanha, depois que, arfando, punha a língua de badalo pra fora.

Mas, naqueles velhos idos anos dourados (por favor, nobre leitor, não confundir com ânus ictéricos), quando Roberto e Erasmo Carlos eram ainda principiantes imberbes e o Gordini, quatro portas, um dos melhores carros para se levar libertinas a passeio, havia um cidadão, meu vizinho, que teimava em tocar guitarra. Porém quando o "músico" punha-se a tanger o instrumento, os cães uivavam, os gatos que antes dormitavam sonolentos, nas soleiras aquecidas, fugiam com olhares desconfiados, e os pardais esvoaçavam, mudos e assustados, pra bem longe.

Diante de tantas reações desgostosas, o moço resolveu vender o instrumento. Mas nas maracutaias que armava, cria que sempre deveria levar vantagens e, por isso, a caixa da guitarra ficou com ele. Mas o que faria com aquela coisa marrom por fora, com o formato dum violão, e revestida de veludo vermelho por dentro?

Ele não sabia até que, num 7 de setembro, o Exército Brasileiro expôs parte das suas armas na praça da cidadela. No vacilo do recruta sentinela, que fora ao bar ingerir o café predecessor do Minister curto, o ex-músico, rápido feito um felino, furtou o mosquetão 1908, que jazia na carroceria do caminhão camuflado. Acelerado, colocou a arma dentro da caixa da guitarra e, acendendo um cigarrinho, caminhou nervoso, porém sem dar bandeira, de volta pro refúgio.

Existem pessoas malucas que sob influências de fatos significativos, não sabem como reciclar aquelas emoções negativas a não ser por meio de, como direi, efetivação de "simpatias" correlatas. Por isso, quando o músico fajuto, leu no jornal a publicação da ocorrência, ensandeceu e apatetou-se. Mas no fundo do seu coração, achava que só se livraria daquele incômodo todo se caminhasse célere atrás duma pessoa, como se tivesse perseguindo um ladrão, passando-a, porém, na esquina. Pode soar estranho, mas para o maluco, aliviava-o o fato de imaginar, que ao invés de perseguido, ele era o perseguidor.

Com o tempo a ansiedade foi desanuviando e o ladrão vendeu a arma para um colecionador. Porém, sob os resquícios do transtorno causado pelo crime, numa catarse desopilante, o ladro esculpiu, com seu canivete afiado, um tacape monstruoso de madeira branca. Com parte do zinco, apurado na venda do fuzil, comprou a passagem do ônibus que o levou pra bem longe.

Anos depois, já maduro, o matuto maluco, durante as tardes, do início da primavera linda que se avizinhava, gostava mesmo era de sorver seu chá de catibiriba, deitado sobre sua bundinha mole e marmórea, na espreguiçeira instalada na borda da piscina de águas turvas. Beberrão, o careta apreciava a abusada e sorubínica cachorra podlee que se esvaia nos ladridos birrentos e punidores.

Naquele ano haveria eleições. Ele não gostaria que o rei momo se tornasse prefeito. Mesmo que, em o sendo, pudesse distribuir, de graça, milhares de cadeiras-de-rodas pra população.

Aquela sua bandeira até que poderia ser nobre, mas quem, na sã consciência, nos garantiria que, às escondidas, ele não desejava que milhões e milhões de pessoas saudáveis, se tornassem aleijadas, para que depois, durante as eleições, pudesse comprar seus votos eletivos com as bandeirosas cadeiras rodadas?

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publicado às 19:19

Justiça cassa o mandato de 13 políticos

por Fernando Zocca, em 24.10.09

 

              Com base nas provas da denúncia do Ministério Público Eleitoral, de que para as eleições de 2008, teriam recebido doações ilegais no valor de R$ 10,8 milhões, da Associação Imobiliária Brasileira e SECOVI, o Juiz Aloísio Sérgio Rezende da Silveira da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, em 19/10, segunda-feira, cassou os mandatos dos vereadores Adolfo Quintas Neto (PSDB), Carlos Bezerra Júnior (PSDB) Cláudio Roberto Barbosa de Souza (PSDB) Gilson Barreto (PSDB), Dalton Silvano (PSDB), Ricardo Teixeira (PSDB), Carlos Apolinário (DEM), Domingos Dissei (DEM), Marta Freire da Costa (DEM) Ushitaro Kamia (DEM), Adilson Amadeu (PTB), Wadih Mutran (PP) e Paulo Abou Anni (PV).
 
            Negando o recebimento de qualquer donativo, os cassados apelaram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e, nesta sexta-feira, 23 de outubro, obtiveram o efeito suspensivo da sentença até o próximo julgamento, conforme informou o Última Instância.  

 

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publicado às 12:50

Médico é preso, acusado de furtar paciente

por Fernando Zocca, em 23.10.09

 

            Um médico clínico geral, de 65 anos, foi preso em flagrante delito ontem no pronto atendimento do SUS em Jundiaí, SP, acusado de ter furtado R$ 170 do ajudante geral Cristian Caetano da Silva, que o consultava.
 
            “Ele foi apalpando, que eu ´to` com dor na coluna, ele começou a pegar nas minhas pernas, subiu mais pra cima, na altura onde estava a carteira, chegou a empurrar ela pra cima, entendeu?, na hora, só que eu jamais ia imaginar que ele tava arrancando a carteira do meu bolso”, disse a suposta vítima à reportagem do Bom Dia São Paulo.
 
            O médico pagou fiança de R$ 10 mil livrando-se da prisão em flagrante, mas responderá ao processo em liberdade.
 
            O doutor já tinha três passagens pela polícia. Em 2005 ele foi preso tentando furtar um eletrodoméstico num supermercado.

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publicado às 12:17

A defesa da mulher

por Fernando Zocca, em 21.10.09

 

                        A chamada lei Maria da Penha é um mecanismo legal que possibilita a vitima da violência doméstica, prevenir e se defender das agressões.
 
                         Toda a mulher, independente da raça, cor, religião, orientação sexual, nível de educação, renda ou cultura, tem o direito de preservar a sua integridade física, saúde, aperfeiçoamento intelectual e moral.
 
                         São consideradas violências domésticas as ações e omissões que lhe causem sofrimento físico, psicológico, sexual, danos materiais e morais.
 
                        Compreende-se por doméstico, ou ambiente doméstico, o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar.
 
                        Veja a seguir, como define o Art. 7º da lei Maria da Penha a violência praticada dentro do lar.
 
                Art. 7o  São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
 
Depois de agredida a mulher deve procurar a autoridade policial, na delegacia que abrange o local onde ela reside. As estatísticas dão conta de que o agressor não se limitará a uma única ação delituosa, podendo repetir o crime outras vezes com violência crescente. Saiba o que a autoridade fará depois de registrada a ocorrência.
 
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
 
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
 
§ 1o  O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
 
I - qualificação da ofendida e do agressor;
 
II - nome e idade dos dependentes;
 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
 
§ 2o  A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
 
§ 3o  Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
 
Em minha opinião, se a ofendida estiver dividida entre o proceder conforme os ensinamentos religiosos, perdoando a ação maldosa, ou como determina a lei, ela deverá agir conforme dispõe a legislação.
 
    Fernando Zocca.  
 
 
 
 
   

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publicado às 14:24

Roube lá e me dê cá

por Fernando Zocca, em 21.10.09

 

Os escândalos no meio político do Brasil são tantos, provocam o maior bebuliço, mas, no entanto a impunidade vem logo em seguida, para fechar com aquelas suas chaves de ouro os estardalhaços, fazendo tudo voltar à calmaria novamente.
 
            E o dinheiro público surripiado, o meu leitor sabe para onde vai, como é utilizado?
 
            É claro que uma autoridade pública envolvida nesses escândalos nunca está só. Uma governadora de estado, por exemplo, dispõe de uma miríade de cúmplices com os quais deve repartir o produto dos crimes.
 
            Os milhões e milhões de reais, além de acrescentarem mais e mais bens móveis e imóveis, ao rol das propriedades do corrupto, servirão também para o fortalecimento do grupamento que abriga o corruptor.
 
            Sedes, mobiliário, veículos, serão adquiridos e pagos com o fruto dos esquemas minuciosos de burla elaborados contra o eleitor.
 
            Campanhas publicitárias, veículos de comunicação social, produções artísticas, e doações a entidades filantrópicas serão receptáculos dos prêmios conseguidos com a audácia, a cara de pau e o maior cinismo.
 
            Rádios, TVs, jornais, revistas, autores teatrais, e todos aqueles que possam contribuir com a limpeza da imagem pública do político flagrado roubando, serão arregimentados e remunerados com o dinheiro maldito.
 
            Enquanto isso acontece, nos centros, nos palácios governamentais, sedes de governos estaduais, prefeituras municipais, a periferia indigente convulsiona-se com a escassez humilhante conducente ao comportamento antissocial.
 
            Isso não é novo na história de humanidade. Na Rússia, no tempo dos czares a situação era assemelhada. Enquanto os mais espertos usufruíam os privilégios conseguidos com a injustiça, a população penava com a carência.
 
            Não adiantou a revolução feita, os crimes todos cometidos e as vantagens alcançadas. Depois de 70 anos de um regime bem comunista, tudo voltou a ser do jeito que era antes.
 
            Escândalos como os cometidos no Ministério da Saúde do governo federal, naquele tempo do professor Fernando Henrique Cardoso,  não conseguem ter os responsáveis punidos.
 
            Não poderia haver dúvidas de que a seiva nutridora da instituição, desviada para galhos mais receptivos, serviria também para serenar as poderosas forças antibióticas coercitivas.
 
            A injustiça criminosa é notável, observável, destaca-se no cenário político nacional, mas não pode ser coibida. E é claro que essa tolerância com o delito estimula comportamentos criminosos parecidos.
 
            Os crimes cometidos por traficantes nos morros cariocas equiparam-se às violações dos políticos bacanas, no momento em que ferem as normas jurídicas instituídas.
 
            Os bandidos das favelas e os políticos corruptos estão em lugares diferentes, têm seus cotidianos diversos, mas possuem algo semelhante entre si: violentam as regras, transgridem as convenções, saqueando a moral e os bons costumes.
 
            Não que o tráfico não deva ser reprimido, longe disso. Mas a corda poderia começar a arrebentar no lado que não fosse tão fraco assim.
 
Fernando Zocca. 
    
           
           

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publicado às 14:24

Esmeralda? Que Esmeralda?

por Fernando Zocca, em 20.10.09

 

           Quem seria a Esmeralda sempre aludida por Jô Soares no encerramento dos seus programas?
 
            No fechamento da última edição, levada ao ar na madrugada deste 20 de outubro, o apresentador disse ter “adorado a sua bermuda” e que seria ela “transparente”.
 
            Além de Estância no Estado de Minas Gerais, esmeralda é uma pedra semi-preciosa, que teve importância relevante durante os primeiros anos do desbravamento do Brasil. Os Bandeirantes Domingos Jorge Velho, Fernão Dias Paes, Manuel Borba Gato e Jerônimo Leitão vasculhavam o interior do atual Estado de São Paulo, justamente atrás desse tipo de riqueza.
 
            Algumas crônicas da época citariam o fato deles reunirem-se, com seus liderados, na cozinha das habitações em que se preparavam para as longas expedições de busca dos tesouros a serem descobertos?
 
            Quais penas daquele tempo narrariam que durante os preparativos das Bandeiras, eles se alimentariam com pães adormecidos, postos a secar no forno, depois comidos com o café forte, feito na hora?
 
            Além dessas relevâncias todas o que diriam os nossos Bandeirantes Antonio Pedroso, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera ou "Diabo Velho", sobre o escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, que garantiu numa entrevista publicada em 18/10/09 no jornal lisboeta Público,  ser a Bíblia “um manual de maus costumes”?
 
            Teria mais do que a ira quem sempre fez a mira, principalmente nas crianças?  E os atuais provectos seresteiros, hábeis também na execução das chamadas “modas de viola”, chorinhos e rock and roll, interpretados nos cenários com barcos verdes ou periquitos estridulantes, mandados judiciais, além das antigas alusões às canções da Carmem Miranda, feitas nas calçadas, quem diriam ser a Esmeralda do Jô Soares?
 
            E o dito pintor afamado, conhecedor do Vincent Willem van Gogh, seria mesmo tão adamado?
 
 
           
           
           
           
           
              

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